No Dia Internacional da Gaguez recebemos Jaqueline Carmona, uma terapeuta da fala, e Ivo Soares, um cantor que sofre de gaguez.
O que é a terapia da fala?
A Terapia da Fala desenvolve atividades no âmbito da prevenção, avaliação e tratamento das perturbações da comunicação humana, englobando todos os processos associados à compreensão e produção da linguagem oral e escrita, assim como todas as formas apropriadas de comunicação não-verbal.
O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, assim como da deglutição.
Quais as áreas de intervenção?
• Fala (articulação, fluência, ressonância, voz e respiração);
• Linguagem (abrange a compreensão e expressão da linguagem oral, escrita, gráfica e gestual, bem como os seus componentes – semântica, morfologia, sintaxe, fonologia e pragmática);
• Comunicação verbal e não-verbal;
• Consciência fonológica (inclui as competências de pré-literacia);
• Deglutição e alimentação;
• Motricidade e Sensibilidade orofacial.
No caso de algumas perturbações, como por exemplo, paralisia cerebral, síndromes genéticas, perturbações do espetro do autismo ou patologias da voz, o Terapeuta da Fala trabalha em equipas, como médicos pediatras, pedopsiquiatras, pediatras do desenvolvimento, otorrinolaringologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.
Gaguez/ Disfluência
A gaguez surge tipicamente entre os 2 anos e os 4 anos de idade, e é mais frequente nos meninos, numa proporção de 3 meninos para 1 menina
Os mitos em volta da gaguez são muitos: “O susto provoca a gaguez”, “A gaguez é um problema de respiração” ou “A criança gagueja porque é nervosa”. Outro mito igualmente frequente é a atribuição de causas emocionais, devido a comportamentos que a mãe e / ou o pai tiveram com o filho, contribuindo para a gaguez como uma causa do foro psicológico por ex.: divórcio ou ausência de um dos pais.
Os estudos mais recentes permitem-nos dizer: “Não se trata de nada disso!” Há causas? Sim. Genéticas; neurofisiológicas; linguísticas e ambientais, por isso não peça à criança/adolescente/adulto: “respira fundo”, “fala devagar”, “pensa antes de falar”, “tu quando queres sabes falar!”… a ‘culpa’ não é deles.
Gaguez na infância – a importância da intervenção precoce
A gaguez surge tipicamente entre os 2 anos e os 4 anos de idade, e é mais frequente nos meninos, numa proporção de 3 meninos para 1 menina. No início observam-se repetições de sons, sílabas ou palavras, depois prolongamentos e em seguida podem aparecer bloqueios, estes últimos com um nível de tensão cada vez maior. Mas há crianças que desde o início “lutam” para que as palavras saiam e chegam mesmo a chorar devido à frustração que “o não sair” das palavras lhes provoca.
Se não há na família parentes que gaguejam, então a atenção recai sobre: há quanto tempo surgiu a gaguez? Surgiu há mais de seis meses e tem-se vindo a agravar? Os estudos indicam que uma criança que gagueja há um ano de modo persistente, a probabilidade de a gaguez desaparecer por si diminuiu muito.
Gaguez na adolescência – ainda há algo a fazer?
Há. Por um lado, algumas técnicas de intervenção só são possíveis de ser aprendidas quando somos mais velhos. Por outro, as exigências linguísticas não são nem menores, nem maiores, são diferentes.
Uma pessoa com gaguez pode lidar muito bem com a sua gaguez no geral exceto em situações muito específicas: quando tem de apresentar um trabalho na escola; quando teimam em lhe telefonar em vez de lhe enviar um SMS; quando lhe pedem para ler; quando lhe dizem que para entrar naquele curso tem que passar por uma entrevista… esses, entre muitos outros, são os momentos complicados!
Terapeuta da Fala – Jaqueline Carmona