Carlos Anjos nem sempre foi um apaixonado por brinquedos…

Carlos viveu em Chaves até aos 5 anos. “O meu pai foi trabalhar para Angola e, mais tarde, eu, a minha mãe e os meus dois irmãos fomos lá ter com ele”, conta.

Com 21 anos foi para a tropa, saindo de lá com 23. Acabou por regressar no ano seguinte a Portugal, mais especificamente, ao Porto.

“Eu gostava de coleccionar coisas como moedas, cadernetas de cromos e selos, mas brinquedos não…“, conta.

Carlos trabalhou como oficial de justiça, durante toda a sua vida profissional.

Com cerca de 30 anos, nos anos 80, Carlos foi a casa de um vizinho e as suas memórias de infância voltaram…

“Este meu amigo tinha muitos brinquedos e, alguns deles, fizeram-me lembrar da minha infância em Angola. Foi aí que a paixão pelos brinquedos surgiu“, revela.

Ambos começaram a coleccionar brinquedos (portugueses), mas o amigo de Carlos, como era professor, não tinha muito tempo para se dedicar a este hobby.

“Reuníamos alguns brinquedos, encontrávamo-nos e depois fazíamos duas filas com estes objectos. Lançávamos os dados e quem obtivesse um valor mais alto, podia escolher em primeiro lugar. Lembro-me do meu primeiro brinquedo ter sido um carro dos bombeiros de 1940. Encontrei-o num caixote do lixo de um dos primeiros fabricantes que visitámos”, conta.

A certa altura, Carlos começou a ter demasiados brinquedos (e, também, repetidos) em casa.

“Comecei a fazer várias feiras, tanto em Lisboa como no Porto. Primeiro, para me desfazer de alguns brinquedos repetidos e para adquirir novos e, depois, para conhecer novos coleccionadores”, explica.

Carlos foi guardando tudo em casa, até que começou a deixar alguns brinquedos na sua garagem… Nesta altura, tinha cerca de 5 mil peças.

“Já não podia despachar mais brinquedos e, foi aí, que surgiu a ideia de abrir um museu”, explica.

E com 36 anos, Carlos começou a contactar várias câmaras, mas sem sucesso…

“A do Porto mostrou-se interessada, mas não avançou…”, revela.

Os anos passaram e Carlos nunca deixou este hobby de lado… Foi fazendo várias feiras, organizando outras e feito algumas exposições. Aos 54 anos reformou-se.

Foi em 2009, durante uma exposição na Maia que o vereador da cultura de Ponte de Lima ligou a Carlos…

“Perguntou-me se estava interessado em abrir um museu em Ponte de Lima e eu disse-lhe para vir ter comigo, assim falávamos e ele conhecia os meus brinquedos”, conta.

Passados três anos, dia 8 de Junho de 2012, o Museu do Brinquedo Português estava inaugurado.

Nesta altura, Carlos Anjos, tinha cerca de 20 mil brinquedos. “Hoje em dia, já perdi a conta, só sei que o número de peças aumentou e muito…”, conta.