A sexualidade é uma combinação do sexo e da orientação sexual das pessoas, dos seus sentimentos sexuais pelos outros e dos sentimentos sobre si próprias enquanto seres sexuais. A sexualidade não tem a ver apenas com sexo, mas também com todos os sentimentos e afetos que a envolvem. Explorar e descobrir a nossa sexualidade pode ser confuso, excitante, difícil e maravilhoso, tudo ao mesmo tempo.

Descobrir a sexualidade significa descobrir quem somos sexualmente. Podemos começar a querer ou desejar coisas e pessoas que não queríamos nem desejávamos antes. Por exemplo, podemos experienciar sensações diferentes no nosso corpo que nos fazem querer ter experiências de intimidade com outra pessoa.

O facto de termos pensamentos sexuais e sentimentos sexuais por alguém (ambas as coisas perfeitamente normais, parte de sermos humanos!) não significa necessariamente que tenhamos que as transformar em atos. Podemos explorar os nossos pensamentos sexuais através de fantasias, masturbação, escrita, música, dança… A decisão de ter relações sexuais com alguém é uma decisão importante e complexa, ter sexo significa mais do que fazer uma coisa apenas porque nos faz sentir bem.

Descobrir a sexualidade é também descobrir a nossa capacidade de amar romanticamente. O amor romântico é diferente daquele que sentimos pelos pais, irmãos, amigos ou animais de estimação. É um sentimento intenso, novo, diferente de todos estes tipos de amor.

O Amor

Quando temos oito anos e descobrimos que alguém gosta de nós, podemos ficar um pouco envergonhados ou não ligar nenhuma. Nessa idade o amor não ocupa a nossa cabeça. Mas na adolescência, quando o nosso corpo começa a mudar e os nossos pensamentos mudam também, a ideia de ter um namorado ou namorada pode ser tão excitante que nem conseguimos pensar noutra coisa.

O amor é uma emoção humana muito poderosa e têm sido muitos os especialistas que a tentam estudar. Mas, na verdade, ninguém compreende inteiramente o que é o amor, até porque o amor é diferente para cada um de nós. O amor tem sido associado a três qualidades principais:

  • Atração. Tem a ver com o interesse físico e sexual que duas pessoas sentem uma pela outra. A atracão é responsável pelo desejo que sentimos de beijar a outra pessoa, por exemplo, ou pelas “borboletas no estômago” que sentimos quando ela está perto. Mas não amamos todas as pessoas por quem nos sentimos atraídos!
  • Proximidade. É o laço que se desenvolve quando partilhamos com alguém sentimentos e pensamentos que não partilhamos com mais ninguém. Quando nos sentimos próximos do nosso namorado/a, sentimo-nos apoiados, compreendidos e aceites por sermos quem somos. A confiança é uma grande parte da proximidade.
  • Compromisso. É a promessa ou a decisão de nos mantermos próximos da outra pessoa durante as fases boas e más da relação.

Estas três qualidades podem ser combinadas de forma diferente e resultam em diferentes tipos de relações. Por exemplo, a atracão sem a proximidade é mais uma paixão – sentimo-nos fisicamente atraídos por alguém, mas não conhecemos suficientemente bem a pessoa para sentirmos a proximidade que advém da partilha de sentimentos e experiências pessoais.

No amor romântico combinam-se a atracão e a proximidade. Muitas relações começam por uma atração inicial e depois desenvolvem a proximidade. Também é possível uma amizade passar da proximidade à atração, quando dois amigos percebem que se sentem atraídos um pelo outro e que o interesse mútuo vai para lá da amizade.

Algumas pessoas apaixonam-se no secundário e mantém uma relação de compromisso durante a idade adulta. Mas na maior parte das vezes, as relações durante a adolescência são mais curtas. Isto acontece porque a adolescência é uma fase da nossa vida em que queremos experimentar coisas diferentes e andamos à procura daquilo que realmente queremos e nos faz sentir mais confortáveis. Um outro motivo é porque queremos coisas diferentes de uma relação em fases diferentes da nossa vida. Na adolescência, namorar é muitas vezes uma forma de nos divertirmos, de termos companhia para irmos a vários sítios. Também pode ser uma forma de sentirmos que pertencemos ao grupo, sobretudo se a maior parte dos nossos amigos já namoram, podemos sentir-nos pressionados para arranjar um namorado/a. As revistas, a televisão, os filmes, também nos fazem sentir que devíamos apaixonar-nos e namorar.

No final da adolescência, as relações já não têm tanto a ver como nos integrarmos no grupo. A proximidade, a partilha, a confiança em alguém tornam-se mais importantes quer para os rapazes quer para as raparigas. Quando chegam aos 20s a maior parte dos rapazes e raparigas valorizam a proximidade, o apoio, a comunicação e a paixão numa relação. Começam a pensar em encontrar alguém com quem se possam comprometer a longo prazo.

As Relações Saudáveis

Quando nos sentimos prontos para nos aventurarmos numa relação romântica, uma das principais preocupações é como é que vamos fazer a relação funcionar. E para isso é

fundamental manter uma relação saudável com o/a nosso/a namorado/a.

  • Nas relações saudáveis há respeito mútuo. O respeito mútuo significa que cada um valoriza o outro e o compreende, respeitando os limites de cada um.
  • Nas relações saudáveis há confiança. Ou seja, sabemos que podemos contar um com o outro e que ambos queremos o bem-estar um do outro.
  • Nas relações saudáveis há honestidade. A honestidade é a liberdade de sermos como somos, sem fingir. Significa que falamos abertamente e sinceramente, partilhamos os nossos sentimentos e opiniões. A honestidade anda de mão-dada com a confiança, não é possível confiar em alguém que não seja honesto.
  • Nas relações saudáveis há apoio mútuo. E o apoio mútuo não acontece apenas nos períodos maus, quando tudo corre mal, mas também nos períodos bons, quando tudo corre bem. Numa relação saudável temos alguém com quem podemos chorar e alguém com quem podemos celebrar (e somos esse alguém também!).
  • Nas relações saudáveis há igualdade. Dá-se e recebe-se. As relações deixam de ser saudáveis rapidamente quando uma pessoa quer ser sempre ela a mandar, a decidir, a controlar.
  • Nas relações saudáveis temos identidades separadas. Numa relação saudável temos de fazer compromissos. Mas isso não significa deixarmos de ser quem somos. Antes desta relação ambos tinham a sua própria família, amigos, interesses, etc. e isso deve continuar! Ninguém deve ter de fingir ser uma coisa que não é, deixar de ver amigos ou largar atividades de que gosta.
  • Nas relações saudáveis há privacidade. Lá porque estamos numa relação não quer dizer que tenhamos que partilhar tudo e que tenhamos que estar o tempo todo juntos. Nas relações saudáveis para além de tempo a dois, cada um tem o seu espaço.
  • Nas relações saudáveis há uma boa comunicação. Uma boa comunicação significa que é possível falar livremente, sem assuntos tabu, que podemos expressar os nossos sentimentos e pensamentos sem sentirmos receio de sermos julgados.
  • Nas relações saudáveis há reciprocidade. Em todos os aspetos, incluindo os emocionais e sexuais. Ambos os parceiros se preocupam, ambos cuidam, ambos estão interessados em proporcionar prazer um ao outro.

Numa relação saudável sentimo-nos confortáveis em partilhar os nossos sentimentos, pensamentos e experiências; as coisas privadas que partilhamos mantêm-se entre os dois; podemos falar e resolver conflitos; preocupamo-nos com a outra pessoa e a sua opinião; sentimo-nos amados e valorizados simplesmente por sermos quem somos (não pelas nossas roupas, pela nossa aparência, pelo nosso carro, etc.).

As Relações Podem Ser Difíceis!

Já todos ouvimos dizer que para gostarmos de alguém precisamos de gostar de nós próprios em primeiro lugar. De facto, é uma grande barreira quando numa relação uma das pessoas tem problemas de autoestima. O nosso companheiro não serve para nos sentirmos bem connosco próprios se não o conseguimos fazer sozinhos.

Quando sentimos que o nosso companheiro exige demasiado de nós, se a relação é mais um fardo e uma fonte de problemas do que de alegria, então provavelmente não é o par certo para nós.

Quer estejamos sozinhos ou numa relação devemos ser “picuinhas” quando escolhemos alguém para manter uma relação próxima. Se não nos sentirmos preparados para uma relação não é um problema!

Alguns Mitos sobre Relações

Os media, a música que ouvimos ou os filmes que vemos podem transmitir-nos algumas ideias erradas sobre o que são as relações ou como nos devemos comportar numa relação. É importante destruir alguns desses mitos:

  • Ter sexo com alguém não equivale a ter uma relação com alguém. Devemos, no entanto, deixar sempre claro para o outro qual é a nossa intenção e perceber se o outro tem as mesmas expectativas.
  • As relações não são uma competição.
  • O amor não é instantâneo.
  • É normal (e até desejável!) ter de trabalhar e termos de nos esforçar para construir uma relação de amor e fazê-la funcionar.
  • Ambos os parceiros mandam na relação e são responsáveis por fazê-la funcionar.
  • Não são apenas as nossas características físicas que interessam nem são elas que determinam se ou quem vamos ter uma relação.