Esta semana na rubrica “Agora, o Dinheiro”, Susana Albuquerque veio falar sobre quem opta por trabalhar em casa. Abordar o tipo de implicações financeiras que resulta desta decisão. Além disso, dará dicas para promover o negócio a partir de casa.
Trabalhar em casa: implicações financeiras
Há cada vez mais pessoas a trabalhar em casa. Segundo os dados do INE, em 2014 havia mais de 680 mil pessoas a trabalhar a recibos verdes no nosso país. O controlo do orçamento mensal para este tipo de trabalhadores precisa de ser ainda mais rigoroso, visto que não há um ordenado fixo e são da sua responsabilidade os pagamentos dos impostos e à segurança social.
A maioria das pessoas que trabalha em casa no nosso país fazem-no através do regime de freelancer (desenvolvem a sua atividade profissional sem qualquer ligação a uma agência/empresa). Estamos a falar de profissionais liberais: fotógrafos, designers, jornalistas, tradutores, arquitetos, etc.
Assim, para quem está a pensar optar por trabalhar em casa, deve analisar bem os custos/benefícios desta opção. O que ter em conta, além de não ter um ordenado fixo?
CUSTOS | BENEFÍCIOS | |
Água, luz, comunicações | FINANCEIROS | OUTROS |
Desgaste material utilizado (mesmo que seja PC) | Sem refeições fora de casa | Gestão do horário próprio |
Seguro acidentes trabalho e outros | Diminuição custos deslocações | Menos desperdício de tempo |
Impostos | Sem necessidade de prolongamento horário das crianças | Maior autonomia |
Segurança Social | ||
Materiais (se for caso disso) |
Depois de analisar todos os custos e os benefícios, há que tomar a decisão de optar por trabalhar em casa ou não. Não podemos em absoluto dizer que é melhor trabalhar em casa do que numa empresa, isso depende de em cada caso fazermos a análise custo benefício acima e é fundamental que a pessoa faça uma auto-avaliação da sua personalidade, de modo a perceber se trabalhar sozinho e sem horários se adequa ao seu perfil.
Como ser bem-sucedido enquanto trabalhador por conta própria
– Uso da Rede de Contactos para:
- promover o negócio;
- para trocar ideias e esclarecer dúvidas com pessoas de áreas diferentes.
– Parcerias: para encurtar custos, recorra à sua rede de contactos e estabeleça parcerias com profissionais de outras áreas mas que possam complementar a sua atividade. Imagine que é fotógrafo. Uma parceria com um designer pode ser benéfica para ambas as partes. Além de poderem complementar o trabalho um do outro, estão no mesmo ramo de atividade e podem gerar negócios com interesse para os dois.
– Valor do seu Trabalho:
- nunca trabalhe de graça (a menos que faça voluntariado!). Não desvalorize as suas competências e o seu talento apenas para ganhar um projeto. No dia em que quiser cobrar o valor justo vai perder esse cliente. Saiba qual o valor disponível e diga o que é possível fazer com esse montante.
- defina um valor justo para o seu trabalho. Contabilize todos os custos (mão-de-obra, material, custos fiscais) e coloque a margem de lucro que considera adequada. Na definição do preço, tenha em atenção o que é praticado no mercado.
– Contabilidade em Dia:
- enquanto trabalhador independente há obrigações que não pode esquecer (pagamento à segurança social, IVA, IRS, seguros são exemplos). Faça os pagamentos a horas e não acumule dívidas.
– Peça Referências. A construção de um bom portefólio e de referências podem ser fundamentais para ganhar um novo projeto. Por isso, peça referências a clientes com quem já tenha trabalhado, ou se for caso disso, onde estagiou ou a professores.
Para quem fala inglês existe uma plataforma internacional online chamada www.freelancersunion.org em que pode não só pesquisar informação, mas também partilhar experiências.
Como promover o negócio?
- Redes sociais
- Contactos pessoais
- Plataformas nacionais e internacionais específicas
Alguns sites para freelancers:
– www.freelancer.pt
– www.elance.com
– www.guru.com
Para artesãos, além das feiras e dos mercados locais há plataformas criadas especificamente para o efeito:
Obrigações dos Trabalhadores Independentes
- Para iniciar atividade: inscrição nas Finanças que, por sua vez, comunica à Segurança Social (pode ser presencialmente numa repartição das Finanças ou no portal online)
- Pagamento das contribuições mensalmente à Segurança Social (a menos que esteja isento – no primeiro ano de abertura de atividade o trabalhador está isento)
- Declaração anual do valor da atividade realizada no ano anterior em sede de IRS
- Pagamento do IVA – quem está obrigado
- Em caso de alteração ou fecho de atividade, os trabalhadores independentes são obrigados a comunicar às Finanças (15 e 30 dias, respetivamente)
Notas:
- é possível solicitar à Segurança Social a alteração do escalão contributivo, o que terá impacto no valor pago mensalmente.
- Mesmo que não emitam recibos, os trabalhadores independentes são obrigados a enviar a declaração periódica de IVA.