Entre os dias 26 e 28 de junho, Amarante vai reviver os anos 30, com a 4ª edição da Feira à Moda Antiga de Amarante, organizada pela associação Arquinho Comércio Vivo, com as lojas decoradas à época e os comerciantes vestidos também à época, retratando profissões antigas, como os barbeiros, lavadeiras, etc.

Do programa fazem parte arruadas, jogos, comes e bebes tradicionais, cantigas populares, carros da época, pasteleiras e charretes puxadas a cavalo. Este ano vai organizar-se ainda uma mostra de gado, onde é retratada a forma como os animais estavam também presentes na cidade naquela altura.

“O grande objetivo da iniciativa é recriar a feira que se realizava nos anos 30 em Amarante, de modo a lembrar a época, mas, sobretudo, impulsionar o comércio e turismo locais”, diz Joaquim Pinheiro, que é membro da associação Arquinho Comércio Vivo e presidente da junta da União de Freguesias de Amarante que acrescenta “o local é o mesmo onde de realizava a feira antigamente uma vez que se trata de um sítio emblemático. Além de ser na baixa de Amarante, junto ao rio, é onde se cruzam os caminhos de Santiago por isso faz todo o sentido a feira ser ali.”

Entre os produtos amarantinos promovidos encontram-se os tamancos, o fumeiro, a doçaria conventual, os bordados e o vinho verde. Este ano, a feira vai contar com o baile de São Pedro, no Sábado, dia 27 de junho, com a Banda de Música de Amarante, grupos musicais de ranchos folclóricos, grupos de teatro, grupos de bombos e tunas.

Anabela Brochado, da Padaria Nova Lusa, a mais antiga de Amarante vem com a broa de milho, o trigo de cantos também conhecido por pão padronelo, as cavacas, os biscoitos da Teixeira e os famosos doces de São Gonçalo popularmente conhecidos por “colhõezinhos de S.Gonçalo” devido à sua forma fálica.

Estes doces são presença habitual das romarias de Amarante e estão ligados ao culto a São Gonçalo, o santo padroeiro do concelho. Este beato a quem chamam S. Gonçalo marcou a história dos amarantinos e por isso é festejado por eles, todos os anos, no primeiro fim-de-semana de junho.

Falar destes doces sem falar com quem os começou por fazer não seria a mesma coisa. Anabela, de 48 anos, é natural de Padronelo, Amarante e conta que este bolo foi inventado há muito tempo. Contudo, em Amarante, ela e o seu marido foram os primeiros a fabricá-lo, na Padaria Nova Lusa, e foi aí que se tornou um doce tradicional.

“Um dia perguntaram-me porque é que não fazíamos o bolo, se nas tendas do junho o faziam e traziam para vender. Então o meu marido resolveu fazer e saiu-nos bem. Já os fabricamos há bastante tempo e foi assim que se tornou um doce tradicional.”

Este bolo consagra em si muita história. Os jovens rapazes, principalmente nas festas em honra a S. Gonçalo, as festas do Junho, abusam das brincadeiras ao redor destes doces fálicos: “alguns têm dimensões bastante ousadas e são oferecidos às meninas que eles esperam conquistar. As mais envergonhadas começam por corar e depois mostram o seu agradecimento, já as mais atrevidas retribuem a oferta de forma sedutora e desafiadora.”

Quanto à receita… “Ainda dão um bocado de trabalho a fazer, é uma massa específica, não é como os que se vendem nas tendas do Junho. Mas o segredo eu não posso dizer”, conclui.

Estes doces, proibidos durante a ditadura, são a representação icónica associada às preces e rituais das solteironas para arranjar um noivo.