Punk 1977 – 2017

The Damned – New Rose

Ao longo do ano, a Antena 3 vai revisitar o punk, canção por canção. Revisitar não só o punk, que eclodiu em Inglaterra há quatro décadas, mas também descobrir, lá atrás no tempo, aqueles que o prenunciaram quando punk não era ainda género musical e, um pouco depois desse tempo, aqueles que dele frutificaram.

The Damned – “New Rose”

O lado decadente-folião ficaria imortalizada na capa do álbum de estreia, Damned Damned Damned, com os quatro membros da banda, aparentemente saídos de uma batalha de bolos de noiva, a sorrirem ou a lamberem o açúcar respectivo da cabeça dos companheiros. Editado a 18 de Fevereiro de 1977, é considerado o primeiro do punk britânico. Não é a única proeza pioneira dos The Damned. Isto porque, em Outubro de 1976, chegara o single “New Rose”. Foi lançado cinco semanas antes de “Anarchy in the UK”, o que quer dizer que os The Damned chegaram sempre primeiro. Fizeram o pleno no punk. Primeiro single e primeiro álbum.

“New Rose” tinha no lado B uma escolha inusitada. Uma versão de “Help”, o clássico dos Beatles, que eram banda que o punk adorava odiar. Mas este era todo um outro “Help”: acelerado, distorcido e berrado no limite da desafinação, o que tornava mais inquietante a inquietação da letra. “One, two, three, four” e cá vai disto. “New Rose”, introduzido pela marcha alucinada dos timbalões, manifestava sensações semelhantes. “I got a feeling inside of me / It’s kind of strange like a stormy sea”, cantava David Vanian, o vocalista pálido como Conde Drácula. Atrás de si, Captain Sensible, que é um grande nome para um baixista, Rat Scabies, que é nome melhor ainda para um baterista, e Brian James, que é nome comum para um guitarrista, mas desculpamo-lo porque foi ele, afinal, o compositor da canção. Juntos, os Damned deram o tiro de partida com música incandescente e incontrolável. A banda, um dos destaques do último Reverence Valada, sofreria muitas transformações ao longo dos tempos, indo do punk ao gótico nos anos 1980. Aquele início, poém, é um estrondo que continua a ecoar 40 anos depois. “One, two, three, four” e cá vai disto.


Ficha Técnica:

Textos – Mário Lopes
Voz – Daniel Belo
Sonoplastia – Luís Franjoso