Poder Soul

16 – 20 Novembro

Perk Badger – Do your stuff (Suncut) 1966 (16 de Novembro)

Primeira das cinco propostas oriundas da Florida reservadas para esta semana de Poder Soul.

Perk Badger, que também teve alguma noteriedade como Mr. Perculator, fez carreira em Miami durante as décadas de 60 e 70.

Foi, com Willie Reynolds, fundador da Hit Sound, onde editou uma versão curta de “Do your stuff” e pouco mais.

A versão completa deste arrebatador hino Funk, com uma intro demolidora e uma chamada músico a músico irresistível, foi um dos três singles editados pela Suncut, dividida em parte 1 e 2, ocupando o lado A e B respectivamente.

Felizmente, em 2007, na colectânea “The outskirts of Deep City”, a Numero Group ofereceu-nos a versão integral da gravação, sem qualquer divisão, fazendo justiça a este momento memorável da música negra.

Perk Badger

Phillip Wright – Keep her happy (Dash) 1976 (17 de Novembro)

Irmão de Betty e de Milton Wright, de quem também falarei esta semana, Phillip Wright, fez carreira em Miami, durante os anos 70, enquanto músico, vocalista, arranjador e produtor, muitas vezes dentro da sua esfera familiar.

“Keep her happy”, o seu único single em nome próprio, saiu em 1976 pela Dash, um dos selos do império discográfico de Henry Stone, e não terá tido o êxito desejado, devolvendo Phillip Wright à retaguarda.

Esta contagiante canção ganhou nova vida no fim dos anos 90, quando foi recuperada por Ian Wright, transformando-se num floorfiller das cenas Funk e Soul e num trofeu para os colecionadores do género. Tem, nos últimos anos, sido alvo de algumas re-edições, tornando-se assim acessível a todos.

Phillip Wright

Jerry Washington – Don’t waste my time (Glades) 1976 (18 de Novembro)

Jerry Washington é um cantor Soul, oriundo da Carolina do Norte, tendo feito grande parte da sua carreira, em Nova Iorque, durante a década de 70.

Gravou um álbum e alguns singles para a Excello, mas foi numa breve passagem por Miami, que registou o seu momento de glória, em 1976.

“Don’t waste my time”, editado noutro dos selos de Henry Stone – a Glades – é uma deliciosa fatia de Crossover Soul que, a exemplo de tantas outras canções da época, arranca com uma divertida narrativa antes atingir todo o seu esplendor, e é um marco da muita música negra colecionável do estado da Florida.

É mais um disco a que apenas se fez justiça há muito poucos anos e que foi reactivado nas pequenas pistas de dança da restrita cena Soul europeia, ganhando nova vida através duma re-edição, em doze polegadas, na inevitável Jazzman.

Jerry Washington

Raw Soul Express – The way we live (Cat) 1977 (19 de Novembro)

Os Raw Soul Express, são uma banda de Miami, formada no fim dos anos 60,  composta por oito elementos.

Presença assídua nos palcos e clubes da cidade, só em 75 conseguem firmar um contrato discográfico, com a Cat, do incontornável Henry Stone.

Em 1976 editam o seu álbum homónimo e, durante a gravação do seu segundo longa-duração, desentendem-se com a editora, abandonando as sessões de trabalho com as fitas do que haviam registado até aí.

Ainda assim, a Cat ficou na posse the “The way we live”, de longe a canção mais marcante da carreira dos Raw Soul Express, que viria a editar em sete polegadas, em 77.

A banda continuou a tocar com frequência em Miami e arredores, até ao início dos anos 80 e, aparentemente, foi completando a gravação do seu segundo álbum, mas desmembrou-se antes de conseguir a sua edição. Esperemos um dia ter acesso a essas gravações…

Raw Soul Express

Milton Wright – Keep it up (Alston) 1975 (20 de Novembro)

Membro do clan Wright, que participou activamente na cena Soul de Miami, na década de 70, Milton terá sido, dos três irmãos, aquele que terá conseguido a obra mais consistente, embora o sucesso ficasse reservado para Betty.

A verdade é que, tanto “Friends and buddies”, de 75, como “Spaced”, de 77, os seus únicos álbuns, são autênticas obras-primas, dois discos que se transformaram em gravações essenciais para quem estuda e coleciona a Soul dos anos 70.

“Keep it up”, que figura no seu primeiro longa-duração, teve edição em single, o que lhe abriu as portas dos Djs que alimentam as pistas do género, normalmente e estranhamente escravos desse formato, atingindo um estatuto de culto.

Uma grande canção Soul mid-tempo, suportada por uns arranjos e uma produção altamente futurista, que ainda hoje soa extremamente actual.

Milton Wright