• Poder Soul

    9 novembro 2020 – 13 novembro 2020

    Segunda-feira

    Unity + The Downbeats

    Love dream

    Selma

    Aparentemente nativo de Nova Iorque, Jimmy Shaw apenas editou dois discos, ambos através da Selma, pequena independente de Queens, criada pela Stax-Take Productions, e ambos com a mesma canção no lado A.

    É que “Love dream”, que nasceu como um tema Rhythm + Blues tardio, creditado a Little Jimmy Shaw, foi inicialmente gravado em 1969, na companhia do grupo vocal feminino – The Starlets – e com o suporte instrumental de Ray Brown + The Soultones, então a banda residente da pequena editora que acabara de nascer.

    Descontente com o facto de a canção estar longe de reflectir as acentuadas mudanças estéticas sofridas pela música negra, na viragem dos 60 para os 70, Jimmy Shaw resolveu recuperar a canção, para regravar uma nova e futurista versão, ao lado da sua mulher – Maureen – com quem havia formado os Unity.

    Em 76, o casal foi até Englewood, em New Jersey, para uma sessão de gravação nos Soul Sound Studios, da tentacular Sylvia Robinson, que seria acompanhada pelos Downbeats, um octeto Funk, que tocava no circuito de clubes nocturnos da Grande Maçã, e registou um releitura de “Love dream”, que seria o derradeiro lançamento da Selma e se transformaria num autêntico Graal da cena especializada.

    Uma verdadeira obra-prima Funky Soul, com uns extraordinários arranjos e uma estupenda interpretação, carregada de sensibilidade jazística, que é uma das mais significativas descobertas deste novo milénio e cujas escassas cópias originais trocam de mãos à volta da meia-dezena de milhar e que, felizmente, acabas de ser reprensada pela Fantasy Love, do jovem James Pogson, para júbilo de todos os amantes da melhor música negra.

     

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    9 novembro 2020 – 13 novembro 2020

    Terça-feira

    Hugh Bullen

    Sunshine train

    Zoo

    Baixista de eleição, Hugh Bullen nasceu em Trinidad e Tobago, em 1951.

    No princípio dos anos 70, emigrou para Itália, na companhia do seu irmão Kelvin, futuro baixista da importante banda Jazz-Rock – Napoli Centrale – e foi lá que fez o seu percurso artístico.

    Fixou-se em Milão, onde foi recrutado como músico de sessão da crucial Cramps Records, e, desde 1974, colaborou com nomes chave da cena italiana, como Claudio Fucci, Eugenio Finardi, Ivan Graziani, Lucio Battisti e os Area ou com os embaixadores do Jazz-Funk britânico Gonzalez.

    Entre 76 e 88, gravou um Lp e cinco singles, para marcas como a Ricordi, a Zoo, a Many e a Fantasy Internacional, onde explorou, de forma irregular, vários géneros da música popular, entre os quais o Italo Disco, que lhe viria a assegurar algum sucesso comercial.

    “Sunshine train” é um dos bons temas que compõem o alinhamento de “Feeling”, o seu único longa-duração, editado pela Zoo, em 78, e, na minha opinião, o seu momento de eleição.

    Uma bela canção Disco Soul midtempo, com um Groove coeso e carregado de balanço e uma produção extremamente competente, que tem ganho um crescente espaço nas malas dos mais progressivos Djs da cena especializada e que deve fazer parte das mais exigentes coleções, enquanto é relativamente acessível de assegurar.

     

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    9 novembro 2020 – 13 novembro 2020

    Quarta-feira

    Redd Holt Unlimited

    Gimme some mo

    Paula

    Com uma longa e bem sucedida carreira, o baterista Redd Holt foi um dos protagonistas das riquíssimas cenas Jazz e Soul de Chicago, das décadas de 60 e 70.

    Nascido Isaac Holt, em Rosedale, no Mississippi, em 1932, começou a tocar, ainda teenager, em Chicago para onde foi viver e onde conheceu os seus futuros parceiros: Ramsey Lewis e Eldee Young.

    Depois de ter cumprido o serviço militar na Alemanha, onde fez parte da banda do exército, regressou à Windy City, em 1956, para iniciar um percurso artístico que o levou a colaborar com nomes chave como Ramsey Lewis, James Moody, Ken Nordine, Earl Bostic ou Lorez Alexandria e a fundar o Young-Holt Trio, em 66, que, no ano seguinte, se transformaria em Young-Holt Unlimited, com quem, até 73, gravou dez Lps e o dobro dos singles, para marcas como a Brunswick, a Cotillion, a Paula ou a Atlantic, entre os quais figuram absolutos clássicos Mod, com “Wack Wack” ou “Ain’t There Something That Money Can’t Buy” e o estrondoso êxito “Soulful strut”.

    Quando o seu projecto com Eldee Young chegou ao fim, formou os Redd Holt Unlimited, com que continuou a deixar a sua marca, com a edição de mais dois marcantes Lps e um trio de singles, todos através da Paula.

    Registado em 75, como parte de “The other side of the moon”, o derradeiro álbum dos Redd Holt Unlimited – “Gimme some mo” – é a grande contibuição para as pistas de dança deste seu projecto.

    Um enorme instrumental Funk, pontuadado por uns certeiros ad-libs vocais e temperado pelo Jazz e pelo mais embrionário Disco, que se transformou num hino da cena Rare Groove e soa hoje tão bem como quando foi lançado.

     

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    9 novembro 2020 – 13 novembro 2020

    Quinta-feira

    IRP-3

    Tema de Soninha

    Chantecler

    Nascido em São Paulo, em 1939, Erlon Chaves foi um dos mais talentosos compositores, arranjadores, produtores e pianistas brasileiros da sua geração, mesmo tendo-nos deixado demasiado cedo e numa das suas mais criativas fases.

    Começou o seu percurso, ainda criança, como cantor de um programa de rádio infantil da Difusora de São Paulo.

    Depois de se graduar em piano, no Conservatório Músical Carlos Gomes, e de estudar harmonia, iniciou a sua carreira profissional no fim da década de 50 e, até 74, o ano da sua morte, teve um papel decisivo na fusão do Jazz e da Soul com o Samba e a MPB, quer através da suas colaborações como nomes como Maysa, Wilson Simonal, Elis Regina, Wilson das Neves, Orquestra Tropical, Formiga e sua Orquestra, Marku ou Salvador Trio, quer através dos vários Lps e singles que editou em nome próprio e com a Banda Veneno  ou da composição de míticas bandas sonoras de filmes e novelas como “Procura-se uma virgem” ou “Pigmaleão 70”.

    Gravado em 1971 e creditado a IRP-3, “Tema de Soninha” faz parte da música original do filme de Aurélio Teixeira – “Soninha toda pura” – e é, provavelmente, a sua maior contribuição para as pistas de dança.

    Um explosivo instrumental que cruza, de forma genial, ritmos latino-americanos, Jazz, Funk e um tremendo orgão que, no seu sete-polegadas original, se transformou num cobiçado trofeu da cena Rare Groove e, felizmente, foi reprensado pela Jazzman, em 2004, e incluído na compilação de culto da B.B.E. – “The Kings of Diggin’” – assinada pela dupla Kon + Amir e pelo nipónico Dj Muro.

     

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    9 novembro 2020 – 13 novembro 2020

    Sexta-feira

    Ricardo Eddy Martinez

    La 132

    Areito

    Ricardo Eddy Martinez, mais tarde conhecido como Edito, é um bem sucedido compositor, arranjador e produtor, que tem tido o seu nome associado a inúmeros êxitos da música latino-americana.

    Nascido em 1954, em Havana, Cuba, começou a estudar música muito cedo, focando-se no piano, na guitarra, na percussão e, mais tarde, na harmonia e na orquestração.

    Na segunda metade dos anos 70, iniciou uma curta colaboração com a decisiva editora cubana – Areito – tendo trabalhado com a banda de culto Los Reyes 73 e gravado o seu único e colecionável Lp, em nome próprio, antes de emigrar para os Estados Unidos, em 1980, fixando-se em Miami e arrancando para uma carreira que o levou a colaborar com nomes tão diversos como Paquito D’Rivera, José Feliciano, Arturo Sandoval, Miami Sound Machine ou Chick Corea, entre muitos outros.

    “La 132” é um dos temas que fazem parte do extraordinário “Expresso ritmico”, o seu único longa-duração, gravado em 78, pela Areito, e, na minha opinião, o melhor dos vários grandes temas que o compõem.

    Uma deliciosa canção cantada em castelhano, que funde, como poucas, Jazz, Funk, Soul e Easy-Listening com estruturas ritmicas Afro-Cubanas, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e que, em 2017, foi recuperada pela italiana Seminato, quando reeditou “Expresso ritmico”, reproduzindo a capa da edição da Movieplay, então representante da Areito em território espanhol.

     

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