• Poder Soul

    9 março 2020 – 13 março 2020

    Segunda-feira

    Big John K

    Poor souls

    S.O.K.

    Pianista e cantor branco, que aos cinco anos já actuava na sua Igreja, Big John K nasceu Charles Estel Wiley, em Cattlesburg, no Kentucky, em 1947, mas foi em Dayton, no Ohio, que começou o seu percurso artístico, a meio da década de 50, onde tocou com Ray Charles e com a orquestra de Count Basie.

    Em 58, iniciou a sua carreira discográfica, enquanto membros dos Rock-Its, com a gravação de um sete-polegadas, para a Spangle, antes de editar mais quatro singles, como Charles Wiley, nos sete anos que se seguiram, através de selos como United Artists, Jax e MusiCenter.

    Depois de se mudar para Evansville, no Indiana, e de adoptar o pseudónimo Johnny K, assinou um contrato com a Epic que, entre 69 e 71, se reflectiu em mais três 45 rotações que, não tiveram o alcance esperado, provocando a sua dispensa da major, por muito que, neste periodo tenha dividido palcos com nomes como Jerry Lee Lewis ou Jimi Hendrix.

    Foi então que gravou o seu mais marcante disco, para a minúscula independente local S.O.K., antes de desaparecer, sem deixar rasto.

    “Poor souls” é um verdadeiro hino das cenas Mod, Rhythm + Blues e Popcorn e reservou-lhe um lugar na história.

    Uma autêntica obra-prima, que mistura Rhythm + Blues, Rock’n’Roll e Psicadelismo, raríssima e quase impossível de localizar no seu formato original que, felizmente, foi reeditada pela Tramp, de Tobias Kirmayer, no ano passado.

     

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    9 março 2020 – 13 março 2020

    Terça-feira

    Little Mary Staten

    Steppin’ stone

    GME

    Little Mary Staten foi uma misteriosa cantora de San Diego, na Califórnia, que apenas gravou um single.

    Terá sido uma das protegidas de Big Boy Groves que, a exemplo do aconteceu com Dede Copeland, Janella Swan ou com a sua enteada Lenni Groves, gravou para GME, independente que fundou em 1962 e que esteve activa até o princípio dos anos 70.

    Aparentemente, Little Mary começou por acompanhar o pianista e compositor, nativo de Oklahoma, que, depois de se estrear em disco, através da Spark, em 54, gravou uma alguns singles para a Vita, a Dolphin, a Cash e a Money, antes de fundar a mítica Musette e a Groves Music Enterprises, alguns dos quais na companhia da jovem cantora.

    Editado em 64, “Steppin’ stone” é um dos mais marcantes discos da editora e, seis anos mais tarde, foi incluído no Lp “Composer in paradise”, creditado a Ervin Groves featuring Lani Groves, maioritáriamente gravado no Hawai, onde o seu compositor e editor passou uma temporada, como músico residente do Royal Lahaina Hotel, em Maui, e nos clubes nocturnos Moby Dick’s e Coconut Willie.

    Uma enorme canção, que cruza Jazz, Rhythm + Blues e Soul, retrata na perfeição o imenso talento vocal desta cantora, que merecia ter tido outra carreira, e é um clássico incontornável nos vários quadrantes da cena retro.

     

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    9 março 2020 – 13 março 2020

    Quarta-feira

    Billy

    Put your own words to it

    Sniff

    Embora este tema seja instrumental, é assinado por Billy Guy, um cantor nascido Frank Phillips Jr., em Itasca, no Texas, em 1936, que ficou conhecido enquanto membro do histórico grupo vocal The Coasters.

    A sua carreira inciou-se em 1955, como parte do duo Bip + Bop, que marcou a sua estreia em disco, através da Alladin. 

    Nesse mesmo ano, Billy Guy juntou-se aos ex-Robins Carl Gardner e Bobby Nunn e a Leon Hughes, para formar os Coasters e gravar uma série de êxitos, até ao fim daquela década, entre os quais figura o absoluto clássico, usado por Quentin Tarantino, em “Death proof”: “Down in Mexico”.

    Entre 62 e 77, para além de gravar mais material como membro dos Coasters, editou cerca de dezena e meia de singles e um Lp, através de editoras como a Abc-Paramount, a Double-L, a Chalco, a GuyJim, a Sew City, a All Platinum, a Bell, a Black Circle, a Sal/Wa, a Sniff e a Snake Eyes, quer em nome próprio, quer como New Day ou Happy Cats.

    Gravada em 75, para a Sniff, “Put your on words to it” é uma versão instrumental de “Take it easy greasy”, canção registada um ano antes, na companhia dos Coasters, e a sua grande contribuição para a cena especializada.

    Um musculado e irresistível tema Deep Funk que, desde que foi introduzido nas pistas de dança, pelo incontornável Keb Darge, a meio dos 90, se transformou num cobiçadíssimo objecto de coleção.

     

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    9 março 2020 – 13 março 2020

    Quinta-feira

    Nobody’s Children

    Shardarp

    Toeholt

    O saxofonista, cantor e compositor William Travis, a.k.a. El Willie, já tinha tocado com os Original Drifters, durante quatro anos, quando, a meio da década de 70, se juntou a Stan Travis, Anthony Daniels, Charlie Daniels, Leon Boyd e Charles Crawford, em Riviera Beach, na Flórida, para formar os Nobody’s Children.

    A banda, cujo mote era – “You Want Some, Come Take Some Then!” – e que se distinguiu como um dos mais enérgicos e competentes grupos Funk da região de Palm Beach, sendo presença assídua em festas e clubes locais, viria a gravar, apenas, um sete-polegadas, mas, ainda assim, isso foi o suficiente para que o seu nome ficasse para a posteridade.

    É que “Shardap”, gravado em 1976, para a Toeholt, independente de culto de Miami, fundada por Chet Davenport, é um autêntico Graal da cena Soul.

    Uma verdadeira pérola Modern, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação imaculados, em que se destacam umas cativantes hamonias vocais, que tem levado os mais ambiciosos e abastados Djs e colecionadores à loucura, desde que foi introduzida nos clubes especializados, e que, felizmente, acabou de ser reeditada pela novíssima Twilight Records, de Yann Vatiste.

     

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  • Poder Soul

    9 março 2020 – 13 março 2020

    Sexta-feira

    Mighty Flames

    Music is the answer

    Foss Sound

    Didi Lead, Emmanuel Baloka, Frankie Ntoh, George Achini, Jimmy Stormy, Pius Nasoso, Vincent Ekedi e Willy N’For eram oito dotados músicos dos Camarões que, a meio da década de 70, resolveram ir para a Nigéria, atraídos pela popularidade que o Funk tinha naquele país africano, nessa época.

    Fixaram-se em Port Harcourt e foi lá que formaram os Mighty Flames, para se tornarem, de imediato, numa das sensações da maior cidade do Estado de Rios, com a sua explosiva mistura de Afro-Funk e Psicadelismo.

    Entre 77 e 78, gravaram dois sólidos e altamente colecionáveis Lps, para a RTS e para a Foss Sound, antes da grande maioria dos seus membros darem origem a outras bandas de culto, como os Locomotions, os Dynamite Rock e os First Planet, e de Emmanuel Baloka se lançar em nome próprio, continuando a serem forças decisivas da profícua cena Funk, Disco e Boogie nigeriana.

    “Music is the answer” é o tema de abertura dos seu derradeiro longa-duração – “Metalik Funk Band” – e um dos mais geniais dos seus vários momentos de excepção.

    Uma autêntica bomba Disco Funk, ancorada num Groove contagiante e dominada por um sintetizador genial, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e que, em 2015, foi prensada num apetecível sete-polegadas da Voodoo Funk, saudosa editora do germânico Frank Gossner, um dos maiores arquivistas do género.

     

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