• Poder Soul

    9 dezembro 2019 – 13 dezembro 2019

    Segunda-feira

    The Soul Fantastics

    El mismo sere

    Tamayo / Soundway

    Arranque de mais uma semana do Poder Soul, desta vez dedicada às expressões do género em paragens mais tropicais.

    Formados por Samuel Archer, Daniel Bulgin, Antonio Marshall, Ricardo W. Stapple, Guillermo A. Guillen, Antonio Philpotts, Horacio Boyce e Luis Thomas, os Soul Fantastics foram um dos principais grupos surgidos na explosão dos chamados Combos Nacionales, que foram responsáveis pela introdução da modernidade na música do Panamá, na década de 60.

    Na primeira metade dos anos 70, os Soul Fantastics gravaram três Lps e mais de duas dezenas de singles, para decisivas marcas locais como a Taboga ou a Discos Istmeños, entre os quais constam uma mão cheia de hinos e discos altamente colecionáveis.

    Não se sabe muito bem quando é que esta versão “El mismo sere” foi gravada, até porque nada tem a ver com a balada do mesmo nome prensada em sete-polegadas pela Taboga, mas foi incluída na reedição do Lp de estreia da banda, feita pela Tamayo na década de 80.

    Uma perfeita obra-prima Funky Soul, dominada pela flauta de Felix Wilkins que, em 2009, foi recuperada no 45 rotações de apresentação do segundo volume da recolha da Soundway dedicada ao Panamá.

     

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    9 dezembro 2019 – 13 dezembro 2019

    Terça-feira

    Babalu + his Headhunters

    Calypso Funk

    Bamboo

    Nativo de Nassau, Edison “Babalu” Nesbitt era um perfeito desconhecido até há muito pouco tempo atrás.

    Começou o seu percurso artistico, como bailarino, nos anos 50, nos principais clubes nocturnos daquela ilha das Bahamas.

    Depois de ter aprendido a tocar bateria e percussão com Raymond Hanna – o Babalu original – conheceu Sweet Richard que o desafiou a ir com ele para Miami, onde viriam a actuar no prestigiado Place Pigale e onde Edison Nesbitt viria a abrir o Banana Boat e a apropriar-se do nome do seu mestre, para formar a banda que iria animar o clube.

    Nos primeiros anos da década de 70, Babalu + his Headhunters gravaram três singles: dois para a Bamboo, marca que criou para o efeito, e um para a Nassau, misterioso selo que não parece ter qualquer ligação à pequena independente fundada por Bill Moss, em Columbus, no Ohio.

    Mas estes discos mantiveram-se na obscuridade até Gary Johnson, fundador da novissíma Pressure Makes Diamonds, ter descoberto “Calypso Funk” numa loja de Estocolmo, que seria contactada, pouco depois, pela filha de Babalu – Charkes – numa tentativa desesperada de conseguir assegurar aquela cópia deste grande disco do seu pai.

    Esta autêntica bomba Island Funk, acabou por ser reeditada, há algumas semanas, podendo ter o impacto que deve nas pistas de dança menos ortodoxas e fazendo justiça ao legado de Babalu, completamente ignorado até há um par de anos.

     

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    9 dezembro 2019 – 13 dezembro 2019

    Quarta-feira

    The Studio Sound

    Give me some more

    Downtown

    Nascido em Kingston, em 1943, Dandy Livingstone é uma das lendas da música jamaicaina, reconhecido, entre muitas outras coisas, por ter escrito “Rudy, a message to you”, canção que marcaria o arranque da carreira dos Specials.

    Mudou-se para o Reino Unido com 15 anos e foi lá que, em 64, iniciou um riquíssimo percurso discográfico que se reflectiu num sem número de Lps e singles, editados por selos como Carnival, Blue Beat, Ska Beat, Giant ou Trojan.

    Em 68, esta mítica editora resolveu criar uma subsidiária com o objectivo de servir de output a todo o trabalho de Dandy Livingstone – a Downtown Records – através da qual o seu talento se reflectiu sob diferentes formas e designações.

    A exemplo dos Brother Dan All Stars, dos Israelites ou dos Music Doctors, The Studio Sound foi um desses projectos de estúdio que viria a criar para alimentar a sua marca e com quem gravaria três sete-polegadas, em 72.

    “Give me some more” é, sem qualquer dúvida, o melhor desses discos.

    Uma bela versão do clássico de James Brown, que cruza, de forma imaculada, Soul, Funk e Reggae, se transformou num clássico da cena Rare Groove e é obrigatório nas mais ambiciosas coleções, até porque ainda se mantém relativamente acessível.

     

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    9 dezembro 2019 – 13 dezembro 2019

    Quinta-feira

    Sílvio César

    A festa

    RCA Victor

    Cantor e compositor, Sílvio César nasceu em Raul Soares, no estado de Minas Gerais, em 1939.

    Foi para o Rio de Janeiro, no fim da década de 50, para estudar Direito, mas depressa começou a animar a noite carioca e a cantar em bailes e boites, primeiro com a orquestra de Waldemar Spilman e, depois , com o importante conjunto de Ed Lincoln, que viria a apadrinhar a sua estreia discográfica, em 61.

    Nas décadas que se seguiram, Sílvio César escreveu perto de duzentos e cinquenta canções que foram interpretadas por nomes como Elis Regina, Gal Costa, Emílio Santiago ou Tim Maia, entre outros, e gravou mais de uma dezena de Lps e um igual número de singles para editoras como a Musidisc, a Odeon, a RCA Victor ou a CID, tendo assinado alguns hinos como “Não nasci pra jogador” ou “Você sabe”, na companhia dos Azimuth.

    Aos 80 anos, ainda pisa os palcos com regularidade e preside à Sociedade Brasileira de Proteção e Administração de Direitos Intelectuais, area em que se especializou, depois de ter terminado o curso de advocacia, em 64.

    Escrito em parceria com José Roberto Bertrami, “A Festa” faz parte do alinhamento de “Som e palavras”, o seu colecionável álbum de 1977, e é, para mim, o seu mais excepcional momento.

    Um exemplo supremo da melhor Soul brasileira, com uns tremendos arranjos e uma produção imaculada, que nunca falha quando lançado numa pista de dança e que, recentemente, foi recuperado pela Mr. Bongo na série de sete-polegadas que tem dedicado ao Brasil.

     

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    9 dezembro 2019 – 13 dezembro 2019

    Sexta-feira

    Frankie Zhivago Young

    Somebody stole my love

    Ultra

    Frankie Zhivago Young foi um dos protagonistas da efervescente cena musical de Nassau, na década de 70, que se distinguiu por cruzar ritmos locais como o Junkanoo e o Goombay com a Soul e o Funk, que chegavam do continente Americano, e com o Reggae jamaicano.

    O seu percurso, como o de tantos outros naquela ilha, começou na animação de Hoteis, tendo-se tornado num dos mais populares cantores locais, assegurado as primeiras partes de espectacúlos de estrelas como Harold Melvin ou Teddy Pendergrass no crucial Nassau Beach Hotel e gravado um Lp, na companhia dos seus Village Rams, no princípio dos anos 70, para a Elite Records Ltd.

    Até 84, Frankie Zhivago Young editaria mais três Lps e perto de uma dezena de singles, em nome próprio ou enquanto Franky + Jamo, duo que formou com James L. Curry, tendo assinado clássicos como “Disco Funkanoo”.

    Gravado em Miami, em 76, “Somebody stole my love” é um dos temas de “The age of flying high”, álbum editado um ano mais tarde pela Ultra, pequena marca associada à decisiva Alwa, e é, provavelmente, o mais genial tema desse sólido Lp, que se transformou num verdadeiro Graal da cena Rare Groove.

    Uma imensa canção Sweet Soul que foi, também, prensada num disputadíssimo sete-polegadas e que está entre a melhor música negra gravada naquela década.

     

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