• Poder Soul

    6 julho 2020 – 10 julho 2020

    Segunda-feira

    Salinas

    Straussmania

    Cadet

    Daniel Salinas nasceu em São Paulo, em 1935.

    Começou a estudar piano aos nove anos de idade e graduou-se no Instituto Musical de São Paulo, cidade onde iníciou o seu percurso profissional, integrando várias orquestras de emissoras locais e actuando em algumas das suas mais prestigiadas “boites”, como o Excelsior ou o Club 550.

    Depois de ter acompanhado Jean Sabion, numa tour pela América do Sul, que passou pelo Uruguai, pela Bolivia e pela Argentina, fixou-se na Colombia, em 57, onde gravou os seus primeiros discos, em nome próprio.

    Regressou ao seu país natal, no princípio dos anos 60, para ter um papel de destaque na consolidação da mais moderna música brasileira, enquanto director de orquestra, arranjador e produtor, tendo sido crucial no movimento conhecido por Jovem Guarda e, mais tarde, na fusão da Soul e do Jazz, de cariz eléctrico, com a MPB.

    Entre 72 e 73, voltou aos discos, em nome próprio, com a edição de dois Lps, através da Copacabana e da Top Tape, fundou a Nostalgia Electrônica Orchestra, com quem gravou mais um longa-duração, em 75, e continuou a assinar arranjos e produções de vários artistas brasileiros, alguns dos quais bastante questionáveis.

    Gravado em 73, como parte de “Atlantis”, o seu derradeiro Lp, editado pela Top Tape, no Brasil, e pela Cadet, nos Estados Unidos – “Straussmania” – é uma espantosa releitura de “Also Sprach Zarathustra”, tema de Richard Stauss, imortalizado pelo filme “2001: Odisseia no Espaço” que, nessa altura, também inspirou os seus conterrâneos Deodato e Meireles e sua Orquestra, e o seu mais especial momento.

    Um enorme instrumental, com uma produção e uns arranjos ao nível do melhor David Axelrod e um enorme trabalho de teclas de Sérgio Sá, que, na mistura feita para o mercado americano, leva qualquer pista de dança ao delírio.

     

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    6 julho 2020 – 10 julho 2020

    Terça-feira

    Scott Cunningham Band

    Morning madness

    Black Horse

    Scott Cunningham nasceu em Brookline, no Massachussetts, em 1947.

    Cresceu entre Augusta, na Georgia, e Charlottesville, na Virginia, e começou por tocar trombone e cantar nos coros da igreja e da escola, antes de, aos dezasseis anos, decidir dedicar-se à guitarra e formar The Invaders, a sua primeira banda.

    Graduou-se naquele instrumento em Albuquerque, no Novo México, e, em 1970, resolveu tentar a sua sorte em Nova Iorque, depois de passar seis meses em Baltimore, onde fez parte dos SMILE.

    Uma vez na Grande Maçã, fundou a Black Horse Blues Band, com quem dividiu palcos com nomes como Billy Preston ou Muddy Waters, mas, apesar de ter tido uma promessa não cumprida de Jay Ellis, então manager de Gloria Gaynor, para gravar os seus originais, teve que regressar a Baltimore, para que isso viesse acontecer, com o apoio do seu amigo Steve Boone, que o ajudou a editar quatro canções num e.p. que marca a sua estreia em disco, em 75, através da sua Black Horse Records.

    Três anos mais tarde, Scott Cunningham viria a gravar mais um sólido e colecionável Lp – “Blues take you over” – para Marble Bar, mas, sem que nunca tenha abandonado os palcos, deixou que a música passasse para segundo plano, dedicando-se, a tempo inteiro, à venda de automóveis.

    “Morning madness” é o tema de eleição do seu primeiro disco e, na minha opinião, o maior dos vários clássicos que nos deixou.

    Uma imensa canção Blue-Eyed Soul, que retrata na perfeição o talento de um artista que fundia, como poucos, Soul, Jazz, Blues e Soft-Rock, tornando-se numa referência da chamada AOR, e que foi reeditada, em 2011, pela Disques Superfriends, e, cinco anos depois, pela Tramp.

     

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    6 julho 2020 – 10 julho 2020

    Quarta-feira

    Little Nicky Soul

    I wanted to tell you

    Shee

    Nascido Nicolas Faircloth, em Newark, Little Nicky Soul apenas gravou um disco, quando andava no Liceu, e, ainda assim, assinou um autêntico Graal da cena especializada e um dos mais excepcionais momentos da Soul dos anos 60.

    Este raro e altamente colecionável sete-polegadas foi fruto da sua amizade com Sydney Barnes, que lhe deu o nome artistíco e o editou através da Shee, pequena independente que fundou em sociedade com Richard Tee, quando ainda era compositor exclusivo da Motown e dirigia o escritório da crucial marca de Berry Gordy, em Nova Iorque.

    O jovem Nicolas foi apadrinhado por Barnes quando este se mudou, com a familia, da Virginia para Newark, depois ter integrado vários grupos vocais, com membros como Marvin Gaye, Van McCoy ou Herb Feimster.

    A carreira de Barnes explodiu nesta altura, acabando por ser contratado, em regime de exclusividade, na companhia do seu vizinho e parceiro George Kerr, pela Motown. Quando a sua relação com o monstro sediado em Detroit, se deteriorou, antes de iniciar uma profícua colaboração com George Clinton, Barnes decidiu juntar-se a Richard Tee e fundar a Shee, disfarçado sob o pseudónimo M. Alexander, por razões contratuais.

    Escrito por M. Alexander e Lucille White, arranjado por Tee, produzido por Barnes e gravado a meio da década de 60 – “I wanted to tell her” – é um dos dois lançamentos da Shee e aquele que lhe rendeu um lugar na história.

    Esta verdadeira obra-prima, que foi introduzida nas pistas de dança de Stafford, nos anos 80, por Keb Darge, como um cover-up atribuído a Fred Cole + The Diamonds, e se transformou num dos mais cobiçados troféus da cena Soul, trocando de mãos por valores com quatro algarismos, acaba de ser reeditada pela Kent, para júbilo de todos os amantes da melhor música negra.

     

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    6 julho 2020 – 10 julho 2020

    Quinta-feira

    The Nassauvians

    Slacking off

    Cicada

    Tom Goodwin formou os Nassauvians, nas Bahamas, no fim dos anos 60.

    Este grupo de amigos brancos, que foi sofrendo constantes alterações de line-up, tocava os hits Pop do momento, seis noites por semana, nos clubes nocturnos de Nassau, mas um encontro com Eric Clapton, fez Tom Goodwin querer ir mais longe.

    Incentivados pelo seu melhor amigo, Don Lepage, e depois de Stuart Halbert ter entrado para a banda, Tom Goodwin e os Naussauvians iniciaram um curto percurso discográfico que, entre 70 e 73, rendeu quatro singles, editados pelas marcas locais: Elite, Flamingo e Cicada.

    Gravado no Elite Recording Studio, de “King” Eric Gibson, na companhia de Theo Coakley, dos T-Connection, e de Mott, o engenheiro de som britânico que revolucionou aquelas requisitadas instalações que, aqui, toca guitarra, para além de se encarregar da captação – “Slacking off” – é o lado b do seu derradeiro disco e o seu momento de génio.

    Este imenso instrumental, da mais cósmica e flutuante Soul, temperada por deliciosas pitadas de Exótica e de Easy-Listening, que se transformou num desejado objecto de coleção, desde que foi desvendado por Jared Boxx, na saudosa Sound Library, em Nova Iorque, foi, finalmente, reeditado pela Backacha, no princípio deste ano, ganhando, assim, a dimensão que mercece.

     

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    6 julho 2020 – 10 julho 2020

    Sexta-feira

    Don Scott

    Love with me

    noD ttocS

    Não se sabe praticamente nada acerca de Donald “Don” Scott.

    Sabe-se que é um produtor, compositor, baixista e cantor, nativo de Seaside, na Califórnia, que esteve activo na segunda metade dos anos 70 e que gravou apenas um sete-polegadas, editado pelo próprio através de um selo cuja designação é o seu nome escrito de trás para a frente.

    Ainda assim, isto foi o suficiente para lhe garantir um estatuto de culto no seio da cena especializada.

    É que “Love with me”, registado, de forma algo amadora, em 1977, é um verdadeiro clássico Modern Soul.

    Uma grande canção, suportada por uma baixo cavalgante e um delicioso string-harp, tão característico nesta altura, que foi recebida com estrondo quando foi introduzida nas pistas de dança e que, desde aí, tem presença obrigatória na mala dos mais progressivos Djs da cena Soul.

     

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