• Poder Soul

    6 – 10 de Junho

    6 de Junho

    Harvey + The Phenomenals

    Soul and sunshine

    Da-Wood (1971)

    O guitarrista Harvey Hall e os seus Phenomenals eram um projecto hiperactivo nos clubes de Cleveland, Ohio, na viragem do 60 para os 70.

    A sua reputação como “show band” era a melhor mas a verdade é que as oportunidades de a transpor para disco não foram muitas.

    Diz-se que, a exemplo de muito talento local, tiveram acesso ao lendário Boddie’s Recording Studio e que dessas sessões ficou registado material suficiente para um belo álbum.

    Mas, na verdade, a sua discografia acabou reduzida a apenas dois sete-polegadas – o primeiro para o selo do próprio Thomas Boddie, Luau, e o segundo, este “Soul and sunshine”, para a Da-Wood, de Melvin Woods e Bob Davis.

    Gravado em 71, “Soul and sunshine” é um coeso e esplendoroso exercício Funk instrumental, que figura hoje como um dos clássicos obrigatórios da cena Deep Funk.

    Alvo de uma prensagem acidentada, que resultou num grande número de cópias descentradas, com influência direta na música reproduzida, os escassos exemplares imaculados são alvo de extrema cobiça e a reedição da subsidiária da Jazzman, a Funk 45, é autêntico serviço público.

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  • Poder Soul

    6 – 10 de Junho

    7 de Junho

    Timeless Legend

    I was born to love you

    Dawn-Lite (1980)

    Allen B. Burney, Jackie Hogg, Donald e Michael Harmon formaram o grupo vocal Timeless Legend, em 1974, na sua cidade natal, Colombus, no Ohio.

    Entre 76 e 85, gravaram um Lp e quatro singles, incrivelmente por esta ordem.

    Estrearam-se com o colecionável álbum “Sinchronized”, para a Pendulum, mas seria em 1980 que gravariam o seu mais marcante disco.

    “I was born to love you”, editado pela Dawn-Lite, é um verdadeiro Graal da cena Modern Soul.

    Produzido pelo também manager da banda, Carl Fagain, “I was born to love you” é um incendiário hino dos clubes especializados há, pelo menos 30 anos, sem nunca deixar de funcionar.

    Não espanta portanto que as poucas cópias originais que trocam de mãos atinjam, invariavelmente, valores na casa das quatro unidades.

    Em 2003 foi incluído numa reedição alargada de “Sinchonized”, através da Escrow, e, finalmente, no ano passado, chegou às lojas em formato de sete-polegadas, pelas mãos da Expansion.

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  • Poder Soul

    6 – 10 de Junho

    8 de Junho

    Barbara Mason

    You better stop it

    Artic (1969)

    Barbara Mason tem uma longa e consistente carreira e, embora já não grave há alguns anos, ainda continua a pisar palcos e a esgotar teatros.

    Nascida em 1947, em Filadélfia, é uma das poucas mulheres da sua geração que escrevia quase todas as suas canções.

    Iniciou-se ainda teenager. Chamou a atenção de Jimmy Bishop, que depois de lhe financiar o seu single de estreia, para a Crusader Records, a assinou para a sua Artic, editora crucial da cena Soul de Filadélfia, na década de 60.

    Entre 64 e 84, gravou um grande número de discos para marcas como a já citada Artic, a Buddah, a Curtom, a Prelude, a WMOT ou a West End, assinando clássicos que vão da Soul ao Boogie, passando pelo Disco.

    You better stop it, gravado em 69, é, para mim, o seu disco mais marcante.

    Uma maravilhosa canção Soul, com todos os ingredientes certos, desde os arranjos imaculados à mais certeira secção rítmica, e com uma entrega vocal fabulosa, algures entre a fragilidade e uma verdade emocional que não deixa ninguém indiferente.

    Incluído num dos volumes da mítica série Sister Funk, de Ian Wright, e reeditado pela Athens of the North, You better stop it é um disco de coleção quer para os adeptos da Soul como para os aficionados do Funk.

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  • Poder Soul

    6 – 10 de Junho

    9 de Junho

    Sherri Taylor

    He’s the one that rings my bell

    Gloreco (1962)

    Sherri Taylor é fruto da extraordinária dinâmica musical da Detroit negra dos anos 50 e 60.

    Vinda, como muitas outras grandes vozes negras, do Gospel, começa a dar nas vistas através das Taylor Tones, projeto que havia formado com a sua mãe, Clara.

    Depois do grupo ter editado o hit local, Too young to love, através LuPine, Sherri é convidada a gravar pela Motown.

    O resultado é “Oh lover”, um dueto com Singin’ Sammy Ward, editado em 60, que é um prenúncio da parceria masculina-feminina que irá dar frutos anos mais tarde através de Marvin Gaye e Tammi Terrell.

    O disco teve um sucesso reduzido e, enquanto Sammy se manteve ligado ao monstro de Detroit, Sherri seguiu o seu caminho.

    He’s the one that rings my bell, editado pela PG, em 61, e pela Gloreco, no ano seguinte, é a sua marca suprema e o seu derradeiro disco.

    Esta canção, com uma intensidade que só a mais independente Soul de Detroit consegue ter, é mais um hino obrigatório do cruzamento entre Rhythm & Blues e Northern Soul, que todos os Djs, que têm como foco os anos 60, devem ter.

    Nos anos seguintes à sua descoberta, atingiu valores na casa dos milhares. Depois de ter sido localizada uma caixa de 100 cópias como novas, o seu valor baixou, mas a imensa procura de que é alvo faz com que este sete-polegadas se mantenha extremamente raro.

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  • Poder Soul

    6 – 10 de Junho

    10 de Junho

    Latin Breed

    I turn you on

    GCP (1969)

    Os Latin Breed eram uma orquestra que nasceu em Santo António, no Texas, das cinzas de Sunny & The Sunliners.

    Tal como outras bandas locais desta época, tocavam uma imensa variedade de géneros musicais, dos Boleros ao Rock, passando por uma série de expressões da cultura Tex-Mex, como a Polca-Ranchera.

    Aos dois trompetes, três saxofones, trombone, teclados, guitarra, baixo e bateria, juntavam-se as vozes de Rudy Guerra, Carlos Miranda, Adalberto Gallegos e Jimmy Edward, que se revezavam, em função do repertório interpretado.

    Duas versões de clássicos da Soul valeram aos Latin Breed a admiração dos amantes do Deep Funk – “Hard to handle” de Otis Redding e “I turn you on” dos Isley Brothers – ambos cantados por Jimmy Edward.

    O seu take de “I turn you on”, editado, tal como a grande maioria dos seus vários discos, na importante editora local – GCP – em 69, é um pesado e contagiante hino Funk, capaz de levar ao delírio qualquer pista de dança.

    É mais um single raríssimo e mais um disco que a Jazzman, através da Funk 45, tornou acessível a todos, com a vantagem de ter incluído “Hard to handle” no lado B.

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