• Poder Soul

    4 maio 2020 – 8 maio 2020

    Segunda-feira

    J.T. Parker

    If you want to hold on

    Academy

    Para além da sua extrema qualidade, este disco tinha tudo para se transformar num Graal da cena Soul especializada, como veio a acontecer.

    Foi o único sete-polegadas gravado por J.T. Parker, um dotado cantor sobre o qual nada se sabe e que parece ter-se evaporado, logo a seguir a editar este disco. 

    E foi prensado por uma independente nova-iorquina de culto – a Academy Records – que, durante a década de 60, lançou cerca de uma dezena de singles que vão da Pop ao Jazz, dos Rhythm + Blues à Soul, entre os quais se destacam discos de nomes como Ann Byers e Honey + The Bees, ambos nomes marcantes de Filadélfia, cidade que parece ter uma intima ligação com a marca, ou não fosse o compositor, arranjador e pianista Leroy Lovett, o único dos nomes reconheciveis neste lado, um dos seus principais colaboradores.

    Gravado em 1965, numa sessão dirigida e arranjada pelo prestigiado músico Jazz, que colaborou com gente como Johnny Hodges, Nat “King” Cole, Billie Holiday, Ben Webster ou Earl Grant, “If you want to hold on” transformou-se num do grandes hinos do Wigan Casino e, desde aí, não tem parado de levar à loucura os mais abastados Djs e colecionadores dos vários quadrantes da cena retro.

    Uma enorme canção, que parece ser inspirada em “Fever”, mas que também é reminiscente do lado mais crú da Soul de Detroit, que troca de mãos na casa dos vários milhares e que, nos tempos mais recentes, foi alvo de bootleging e incluída em duas boas compilações: “Dynamite R+B” e “Move on up”.

     

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  • Poder Soul

    4 maio 2020 – 8 maio 2020

    Terça-feira

    Josephine Jones

    Candy man

    Brock

    A misteriosa Josephine Jones foi uma das excepcionais vozes reveladas pelo génio de Lenis Guess e uma das protagonistas daquilo que viria a ser conhecido como The Norfolk Sound.

    É que, a exemplo do que aconteceu com outros artistas locais, como Sir Guy, Page One, Barbara Stant, Ishola Muhammad ou Shake, foi este editor, produtor, compositor e cantor, que começou o seu percurso profissional a trabalhar com o tentacular Frank Guida, nas suas Legrand e S.P.Q.R., colaborando com nomes de sucesso como Gary U.S. Bonds, Jimmy Moore e Jimmy Soul, antes de fundar as independentes D.G.P. e Guess e de se associar a Dorsey Brockington para instalar um decisivo estúdio, que apadrinhou o único disco gravado por Josephine Jones que, apesar dos seus evidentes dotes vocais, saiu de cena, logo a seguir.

    Registado no princípio dos ano 70, na companhia dos talentosos Raw Soul, banda residente deste mítico estudio de Norfolk, na Virginia, e editado pela Brock, pequena marca de Dorsey Brockington – “Candy man” – foi o suficiente para lhe garantir um lugar na história.

    Uma absoluta bomba Sister Funk midtempo, praticamente impossível de localizar no seu formato original que, recentemente, foi reprensada pela incontornável Tramp.

     

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  • Poder Soul

    4 maio 2020 – 8 maio 2020

    Quarta-feira

    Aka Shaic

    Ain’t no big thang do

    Dove Song

    Nativo de Albuquerque, no Novo México, Aka Shaic é, na realidade, Douglas Cobbs um talentoso compositor, cantor e guitarrista que, no início da década de 70, andou a encantar Nova Iorque, com os seus Shades of Black, com quem gravou “Mystery of Black”, um Graal da cena Deep Funk, que já teve o devido destaque no Poder Soul.

    Depois de regressar à sua cidade Natal, Cobbs converteu-se ao Islamismo, mudando o seu nome para Aka Shaic e levava uma vida nomada e espiritual, quando conheceu o músico Jazz e produtor José Ponce, num after-hours em casa de Hope Bare, dona de um clube nocturno local, onde aparecia para umas Jam Sessions, na companhia do seu amigo nova-iorquino William Peterkin.

    Dessas noitadas e dessas colaborações nasceram uma série de canções,  que Aka Shaic queria gravar, sem que tivesse os meios financeiros para o fazer.

    Em 1978, apaixonado pelo talento da dupla, Jóse Ponce decidiu dispor de 500 dollars, para gravar duas dessas canções, numa só sessão, no pequeno e austero estúdio de Bill Hunter, e assim se fez o único disco que Cobbs editaria enquanto Aka Shaic e da Dove Song, marca que criou para o efeito.

    “Ain’t no big thang do”, teve uma reduzida prensagem de 250 cópias, que foram distribuídas pelos músicos envolvidos e amigos próximos, sem que tenha sido vendida uma única, e manteve-se na obscuridade até ao novo milénio, altura em que Russell Paine o descobriu, transformando-o num cobiçado troféu entre os mais progressivos Djs e colecionadores da cena Soul especializada.

    Esta autêntica pérola Funky Soul, deliciosamente low-fi, acabou de ser recuperada pela Backatcha, tornando-se acessível à generalidade dos amantes da melhor e mais obscura música negra e conseguindo, finalmente, o reconhecimento que lhe é devido.

     

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  • Poder Soul

    4 maio 2020 – 8 maio 2020

    Quinta-feira

    Neno Exporta Som

    Deixa a tristeza

    Copacabana

    Cantor, percussionista e compositor, Jorge Moacir da Silva, imortalizado como Bedeu, nasceu em Porto Alegre, em 1946, mas foi durante uma temporada que passou em São Paulo, na viragem dos anos 60 para os 70, que iníciou o seu percurso artístico, colaborando com nomes como Jair Rodrigues ou Wilson Simonal, antes de assinar esta pérola, em parceria com a sua conterrânea Delma Gonçalves.

    Bedeu regressaria à sua cidade natal, em 1975, para fundar os Pau  Brasil e gravar alguns discos a solo, sendo decisivo na consolidação da música de inspiração afro-americana, em território gaucho, mas foi quatro anos antes, ainda em São Paulo, que escreveu o único single gravado por Neno Exporta Som, um projecto liderado por Demerval Teixeira Rodrigues – o Neno – baixista que, até 65, tinha sido membro de Os Incríveis e, logo depois, dos Jordans.

    Editado em 71, pela Copacabana, “Deixa a tristeza” é uma verdadeira obra-prima e um dos mais cobiçados e colecionáveis sete-polegadas da Soul feita no Brasil.

    Uma imensa e contagiante canção, com uma produção e uns arranjos imaculados, que troca de mãos por valores com quatro algarismos e, felizmente, foi reeditada pela Mr. Bongo, há um par de meses.

     

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  • Poder Soul

    4 maio 2020 – 8 maio 2020

    Sexta-feira

    The Chris Rhodes Band

    Wait until dark

    Mirage

    É escassa a informação biográfica acerca desta banda de brancos que assinou um dos mais disputados hinos das actuais cenas Soul e Deep Disco.

    Sabe-se que a Chris Rhodes Band era oriunda de Brookline, pequena cidade do Massachusetts, situada nos arredores de Boston, que esteve activa na segunda metade dos anos 70 e que apenas editou um single, através da Mirage Records, pequena e misteriosa independente local, que nada tem a ver com a marca de Los Angeles, com o mesmo nome, que viria a marcar a cena High Energy, na década seguinte.

    Não se sabe mais nada…

    Gravado em 1978 e co-produzido por Jeff Gilman, em parceria com a banda – “Wait until dark” – é o lado b deste sete-polegadas, que tem “Gotta new lease on love”, um excelente tema de inspiração Jazz Funk, na face oposta.

    Uma deliciosa canção Disco Soul, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e se transformou numa arma entre os Djs de referência da cena especializada, até ser incluída na recolha de Serge Gamesbourg, para a B.B.E. – “Boston goes Disco!” – em 2018, e reprensada pela Sound Boutique, no ano seguinte.

     

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