• Poder Soul

    31 agosto 2020 – 4 setembro 2020

    Segunda-feira

    Coming of Man

    Sunny day

    Right Kind Record Co.

    É denso o mistério que rodeia os Coming of Man.

    Por muito que o dealer de referência John Manship, certamente baseado nas autorias creditadas no rótulo deste sete-polegadas, afirme que este é um projecto desconhecido do marcante bluesman John Littlejohn, isso parece-me muito pouco plausível e quase impossível quando se ouve esta canção, para além de que não existe qualquer vestigio de que este dotado guitarrista e cantor, nativo de Jackson, no Mississipi, que se tornaria num importante actor da cena musical de Chicago, tenha andado pela Califórnia, nesta altura.

    Por outro lado, a sugestão do Dj Tim Everett, de que este será um grupo de brancos, parece fazer todo sentido quando se atenta à interpretação do seu vocalista.

    Seja como for, é certo que os Coming of Man, apenas gravaram este disco e que este é, também o único lançamento da Right Kind Record Co., uma marca criada pela Project Identity, Inc., baseada em Stockton, no norte da Califórnia.

    “Sunny day”, aparentemente prensado no princípio dos anos 70, é o lado A de um raríssimo double-sider, que tem “Games”, na face oposta, e, para mim, uma das grandes descobertas da cena especializada, na última década.

    Uma contagiante canção Funky Soul, claramente inspirada no som dos tutelares vizinhos Tower of Power, ou não fosse dominada por uma incisiva secção de sopros, que tem gerado a loucura dos mais progressivos Djs e colecionadores, desde chegou, com estrondo, às pistas de dança.

     

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  • Poder Soul

    31 agosto 2020 – 4 setembro 2020

    Terça-feira

    Fame

    Change

    DGC

    Os Fame também são um ultra-misterioso grupo californiano.

    Aparentemente nativos de Richmond, na Baía de San Francisco, terão estado activos na segunda metade dos anos 70 e, a exemplo do que aconteceu com os Coming of Man, apenas gravaram um single, nos estúdios locais, Tewksbury.

    Um desentendimento entre os Fame e a empresa de Berkley, que financiou a gravação do disco e que se propunha representá-los – D. Chunning’s Artists Management – fez com que o sete-polegadas nunca chegasse a ter uma edição oficial, tendo sido, apenas, prensada uma pequena quantidade de singles promocionais, o que fez com que este espantoso disco ficasse na obscuridade, durante quase três décadas, mesmo a nível local.

    Esta pequena tiragem de “Change”, com o selo DGC, foi descoberta já neste milénio e revela uma verdadeira obra-prima, recebida com um imenso entusiasmo no seio da cena especializada.

    Uma pérola Disco Soul, com uns deliciosos arranjos e uma produção low-budget ao nível da melhor música negra independente daquele período, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e que mercecia ser alvo de uma reedição, nos próximos tempos.

     

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  • Poder Soul

    31 agosto 2020 – 4 setembro 2020

    Quarta-feira

    Dewey Jeffries

    When no one cared

    Gary-Drew

    Pianista e cantor Jazz e Soul, Dewey Jeffries nasceu em Cleveland, no Ohio, em 1940.

    Recusou ter aulas de piano aos dez anos de idade, mas aos 21, incentivado pelo seu irmão mais velho, o baixista Cevera Jeffries Jr., decidiu dedicar-se, em exclusivo, à música, praticando mais de onze horas por dia.

    Pouco depois estava a pisar um palco, pela primeira vez, quando o seu irmão lhe pediu para cobrir a falta do pianista da banda com quem tocava no Tangiers Club.

    Até 2009, o ano da sua morte Dewey, foi sempre uma presença assídua e regular em clubes, bares e hotéis de Cleveland e, entre 1972 e 81, editou um Lp e dois singles, todos altamente colecionáveis, através das minúsculas independentes locais Gary-Drew, E+J e Della.

    “When no one cared” é o lado b do seu disco de estreia e, na minha opinião, o maior dos vários clássicos que nos deixou.

    Uma imensa canção Crossover, com uma forte influência Jazz, que se transformou num cobiçado troféu entre os mais ambiciosos Djs e colecionadores da cena Soul e retrata, na perfeição, o imenso talento deste músico, cantor e compositor.

     

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    31 agosto 2020 – 4 setembro 2020

    Quinta-feira

    City News

    Bustin up

    Brother Records, Inc.

    Eric Dunbar nasceu em New Orleans, 1951.

    O dotado músico, começou a tocar piano com cinco anos e, ao oito, já tomava conta do orgão de algumas igrejas locais.

    Em 1969, trocou a música religiosa pelos Rhythm + Blues e fundou a City News Band, com quem acompanhou artistas como Joe Simon, King Floyd ou Jean Knight.

    Na segunda metade da década de 70, Eric Dunbar assinou uma mão cheia de decisivos e colecionáveis discos, para as independentes Brother Records, Inc., Ola, Kora e para TSG, marca que Lloyd Price usava para fugir aos impostos e que nos deu gravaçoes históricas dos Topics, Ricardo Marrero + Group, Reality ou a 1619 Bad Ass Band: um par de singles com a City News, outro como The Bionic I e um sólido Lp em nome próprio.

    Depois de ter passado mais de doze anos agarrado ao crack, facto que significou o fim do seu percuro artístico, e de ter sobrevivido a uma situação extrema durante o Katrina, passou a dedicar o seu tempo à escrita e ao life coaching.

    Gravado em 75, no Knight Recording Studio, em New Orleans, para a Brother Records, Inc., “Bustin up” é dos discos que editou enquanto membro da City News e um dos vários hinos que nos deu.

    Um grande instrumental Disco Funk, temperado pela Soul e pelo Jazz, acompanhado por uns habituais ad-libs vocais, que testemunha o seu imenso domínio dos teclados, aquece qualquer pista de dança e foi recuperado pela Tramp, em 2016.

     

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    31 agosto 2020 – 4 setembro 2020

    Sexta-feira

    Lamar Thomas

    Feel so good inside

    MCA

    Lamar Thomas nasceu em Leland, em 1949.

    Bis-neto de Jim Moore, baixista da banda de Robert Johnson, cresceu em pleno Delta do Mississippi, no coração dos Blues, onde nos primeiros tempos de adolescência viu actuar nomes de referência, como B.B. King, Bobby Bland ou Little Milton.

    Mudou-se para Nova Iorque, com quinze anos, e foi lá que início o seu percurso artístico, na segunda metade dos anos 60.

    Em 1970, estreou-se em disco, com um single para a Abbott, e, até 2004, para além de ter colaborado e escrito canções para nomes como James Brown, Johnny Bristol, Garland Green, Nancy Wilson, Johnnie Taylor ou Maynard Ferguson, e de ter formado um relativamente bem-sucedido duo com Judy Taylor, com quem casou, Lamar Thomas gravou dois álbuns e cerca de sete singles, para marcas como a United Artists, The O-Centric, Lady J, Epic, MCA ou a sua Thomtay.

    Editado em 80, pela MCA, “Feel so good inside” é a sua maior contribuição para a cena especializada.

    Uma enorme canção Modern Soul, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação superiores, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e que, em 2015, foi recuperada pela francesa Favorite, num doze-polegadas que também tem “Take me to (New York City)” e um edit mais extenso do tema, assinado por Waxist.

     

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