• Poder Soul

    30 setembro 2019 – 4 outubro 2019

    Segunda-feira

    Harold Jackson + The Jackson Brothers

    The Freedom Riders

    Edsel

    Organista de excepção, Marcene Harris cresceu em San Diego, mas fez a sua carreira em Los Angeles, para onde se mudou nos primeiros anos da década de 50. Começou por formar as Harris Sisters, com as suas irmãs Beverly e Betty, e por trabalhar com o seu irmão Kent Harris, que viria a fundar a mítica Romark Records e a fazer carreira enquanto Boogaloo.

    Harold Jackson foi um baixista, nascido em Gary, no Indiana, que, depois de se mudar para a Cidade dos Anjos, iniciou a sua carreira discográfica, em 52, ao lado dos seus irmãos, como Jackson Bros. Depois de colaborar com Wilbur de Paris e com os Ink Spots, casou com Marcene Harris, que passou a usar o nome Dimples Jackson.

    Foi com ela e com os seus irmãos Billy, Eugene, George e Wilfred que gravou “The Freedom Riders”, tema que é uma elegia aos activistas do Congress of Racial Equality que, em 1960, decidiram iniciar uma série de turbulentas viagens, no sul dos Estados Unidos, com o objectivo de levar as autoridades a cumprirem a decisão tomada pelo Supremo Tribunal, dezasseis anos antes, que declarara a segregação nos transportes públicos inconstituicional.

    Editado em 61, pela independente de culto Edsel e, aparentemente, produzido por Kent Harris – “The Freedom Riders – também se viria a transformar num hino das cenas Mod e Rhythm + Blues.

    Esta explosiva canção, que arranca com uma espantosa intro e que cruza, de forma surpreendente Jazz, Rhythm + Blues e Rock’n’Roll, leva ao delírio qualquer pista de dança e é alvo de disputa no seio dos mais abastados e obstinados Djs e colécionadores.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 setembro 2019 – 4 outubro 2019

    Terça-feira

    Candi Staton

    I’d rather be an old man’s sweetheart (than a young man’s fool)

    Fame

    Nascida em Hanceville, no Alabama, em 1940, Candi Staton é uma lenda viva da Soul que, ainda, se mantém em actividade.

    Começou a cantar, num coro Gospel, com apenas oito anos, dois anos antes de se mudar para Cleveland, com a mãe e os irmãos, para fugirem aos problemas de alcoolismo do pai.

    A sua carreira profissional iniciou-se pouco depois, na Jewell Christian Academy em Nashville, onde viria a formar o Jewell Gospel Trio, com a sua irmã Maggie e Naomi Harrison, acompanhadas por Lorenzo Harrison, Harvey Jones, Cooroneva Burns e Bobby Powell, com quem viria a actuar no circuito Gospel, ao lado de nomes como The Soul Stirrers, The Staple Singers, Aretha Franklin ou Mahalia Jackson, e a gravar quatro discos, entre 57 e 58.

    No fim dos anos 60, abandonou o grupo para se dedicar à música secular e iniciou uma bem-sucedida carreira, em nome próprio, que, nos cinquenta anos que se seguiram, se traduziu em dezenas de Lps e singles, entre os quais se encontram um sem número de clássicos e alguns êxitos absolutos.

    Gravado em 69 para a Fame Records, nos míticos Muscle Shoals, em Alabama – “I’d rather be an old man’s sweet heart” – foi composto por George Jackson, Ray Moore e Clarence Carter que, no ano seguinte, se transformaria no segundo dos seus seis maridos, prensado em sete-polegadas e incluído no alinhamento de “I’m not a prisioner”, o seu primeiro longa-duração.

    Uma intensa e musculada canção Southern Soul, que revela o seu imenso talento vocal e, na minha opinião, está entre os seus mais excepcionais momentos.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 setembro 2019 – 4 outubro 2019

    Quarta-feira

    The Fabulous Capris

    Stagger walk

    Domino

    Ronald Curry, Tommy Dawson, Chris Lynwood e Wesley Dennis formaram os Fabulous Capris em Denison, no Texas, no fim da década de 60, quando ainda andavam no liceu.

    Orientados pelo seu amigo e manager Willie Harris, editaram dois sete-polegadas, altamente colecionáveis, em 1971. Primeiro através da Domino, independente fundada por Gene Summers, na pequena cidade texana de Garland, que fez com eles a sua única incursão à música negra. E, depois, para a Camaro, mítica marca de Memphis que prensou o seu derradeiro single com um erro ortográfico, que os creditou como The Fabulous Caprices e fez com que muitos pensassem não se tratar do mesmo grupo, até porque andava longe da sua região natal. 

    Gravado um ano antes de ser editado, no histórico Brian’s Recording Studio, em Tyler, antes de se transformar nos Robin Hood Studios, “Stagger walk”, que seria reeditado, em 76, como “Moon Dog walk”, depois de ser usado como hino do célebre wrestler Moon Dog Mayne, é o seu disco de estreia e, na minha opinião, o melhor dos seus dois belos singles.

    Um imenso instrumental Deep Funk, que abre com um tremendo break de bateria e um baixo demolidor, antes de ser inundado por uma guitarra e um orgão sublimes, que teve uma pequena edição original de apenas 250 cópias, mas que, felizmente, foi reprensado pela Sticky, em 2005.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 setembro 2019 – 4 outubro 2019

    Quinta-feira

    Andrew Wartts + The Gospel Storytellers

    One day in Paradise

    Champ

    Nativo de Greenville, no Mississippi, Andrew Wartts cresceu a cantar em coros de Igreja.

    Entre 1961 e 67, numa altura em que trabalhava na Polícia de St. Louis, integrou a formação do grupo Gospel Southern Wonders, antes de se cruzar com Earl Wright, o marcante guitarrista da banda de Oliver Sain, com quem viria a trabalhar nos populares Tyler Singers, na década seguinte.

    Em 84, depois de se ter mudado para Bloomington, no Illinois, onde foi vizinho de Donny Hathaway, resolveu ligar ao seu amigo, da emblemática cidade do Missouri, e desafiá-lo a vir ter consigo, para formarem os Gospel Storytellers, com o objectivo de gravarem as suas canções. 

    Pouco depois, a banda deslocar-se-ia até Nashville, para gravar um dos mais geniais Lps de Gospel Soul da história.

    Editado pela crucial Champ Records – “There is a God somewhere” – é uma verdadeira obra-prima, composta por grandes canções que cruzam, de forma magistral, o mais profundo Gospel com a melhor herança de nomes chave da Soul, como James Brown ou Curtis Mayfield.

    Num disco de extrema raridade, que foi reeditado pela Superfly, em 2017, e em que não é fácil eleger um tema, tal é a qualidade de todas as suas canções – “One day in paradise” – é, para mim, o mais especial.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 setembro 2019 – 4 outubro 2019

    Sexta-feira

    Carl Carlton

    I wanna be with you

    Abc

    Também conhecido por “The Bad C.C.”, Carl Carlton nasceu em 1953, em Detroit, no Michigan.

    Com apenas onze anos, foi contratado pela Lando, iniciando a sua carreira como Little Carl Carlton, antes de se mudar para o Texas e para a importante Back Beat Records, em 68.

    Até 85, editou meia-dúzia de Lps e mais de quatro dezenas de singles, para selos como Abc, Mercury, 20th Century Fox, RCA ou Casablanca, entre os quais se encontram alguns clássicos, como “Competition ain’t nothin’”, ou êxitos absolutos como o seu take de “Everlasting love”.

    Gravado em 75, para a Abc, nos míticos estúdios de Filadélfia, Sigma Sound, como parte do Lp com o mesmo nome – “I wanna be with you” – foi produzido por Bunny Sigler, tem arranjos de Dexter Wansel, que recorreu à orquestra dos históricos MFSB, para assegurar as cordas e os sopros, e é, na minha opinião, o seu momento supremo.

    Uma grande canção Soul uptempo, claramente contaminada pelo melhor Disco e Jazz Funk, que ainda espera que lhe seja reconhecido o seu enorme potencial, para que se transforme num clássico completamente obrigatório.

    Até lá pode ser assegurada por uma verdadeira bagatela…

     

    ▶️ OUVIR