• Poder Soul

    30 novembro 2020 – 4 dezembro 2020

    Segunda-feira

    Human Race

    Grey boy

    Gem

    Human Race é uma das facetas de um colectivo de músicos de Miami, que teve uma profícua actividade, durante a década de 60 e os primeiros anos da de 70, embora o seu output discográfico seja extremamente reduzido.

    Michael Edell, Ron e Ernie Wernecke, Alfons Kettner e Ty Walton começaram por animar bailes escolares e festas de fraternidades, como Mike + The Midnight Suns.

    Em 1966, já com a designação Miami Soul Revue, foram convidados para se tornarem na banda residente do Continental Club, onde, até 69, asseguraram o suporte instrumental de concertos de nomes como Jerry-O, Joe Tex, Clarence Carter, William Bell, Fantastic Johnny C, The Soul Children, Lee Moses, Helene Smith, Mr. Percolator e Ella Washington.

    Em 71, gravaram o seu único disco. Um sete-polegadas que marcou a estreia da pequena independente local – Gem Records – que ainda prensaria singles de Eddie Holloway, a voz dos míticos Third Guitar, e de Little Ricky + The Del-Tones.

    “Grey boy” é o lado b desse disco, misteriosamente assinado como Human Race.

    Um grande instrumental Funk midtempo, dominado pelo saxofone de Michael Edell, cuja alcunha foi adoptada para baptizar o tema, que se transformou num colecionável e valioso troféu entre os mais progressivos Djs e colécionadores e, felizmente, foi reeditado pela Re-Joint, em 2002, e pela Numero Group, há um par de semanas.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 novembro 2020 – 4 dezembro 2020

    Terça-feira

    Prince Conley

    I’m going home

    Satellite

    Nativo de Memphis, Prince Conley foi um misterioso cantor de Rhythm + Blues que, nos anos 60, gravou dois singles, antes de desaparecer sem deixar rasto.

    Fez a sua estreia, em 61, com um dos doze discos editados pela Satellite, a marca embrião da Stax, fundada por Estelle Axton e Jim Stewart, dois anos antes, e, a meio da década gravou o seu derradeiro e menor sete-polegadas, para a Emerson, em parceria com Sonny Anderson.

    Ainda assim, isto foi o suficiente para lhe garantir um lugar de culto no seio das cenas Soul, Mod, Popcorn e Rhythm + Blues.

    É que “I’m going home”, que marca a estreia de Steve Cropper na guitarra e conta com Booker T. no solo de orgão, é um verdadeiro hino nos vários quadrantes da cultura retro.

    Uma enorme canção, que cruza de forma magistral Rhythm + Blues, Rock’n’Roll e Soul, numa tremenda interpretação, que nunca falha quando lançada nas pistas de dança e que sendo praticamente inacessível no seu formato original, foi reprensada duas vezes pela Outta Sight, primeiro em 2012 e, depois, no ano passado.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 novembro 2020 – 4 dezembro 2020

    Quarta-feira

    Eddie Finley + The Cincinnati Show Band

    Treat me right or leave me alone

    Rapturea

    Alan Lee Perry nasceu em New Rochelle, no estado de Nova Iorque mas cresceu em Cincinnati, no Ohio.

    Começou a cantar na Igreja, com apenas 9 anos, para, aos doze, se iniciar na bateria.

    Passou pelos Little Stevie + The Exploisions, com quem também tocou trompete e trombone, e pelos Ditalians, antes de ir trabalhar, como estafeta, para a King, na esperança de vir a ter uma oportunidade na prestigiada marca, então dominada por James Brown, o que viria a acontecer, depois de ter participado em sessões de gravação dirigidas por Hank Ballard e Charles Spurling, quando foi recrutado para os New Dapps e acompanhar Bobby Byrd, na estrada.

    Durante um concerto em Dallas, apaixonou-se e acabou por abandonar a banda da King, para se fixar na cidade texana e fundar a Cincinnati Show Band.

    Depois de ter sido apresentado a Eddie Finley, um cantor Soul local que tinha acabado de gravar o seu primeiro disco, para a Rapturea, independente criada pelo Reverendo Emmet J. Lee, que tanto editou Gospel, como Soul e Funk, Perry propôs-lhe uma parceria para registar aquele que seria o único disco da Cincinnati Show Band que, mesmo depois de ter assinado um contrato com a Polygram, se separou, para dar lugar aos Conspiracy.

    Escrito por Woody Price e gravado em 1970, pela Rapturea – “Treat me right or leave me alone” – é o lado b desse single e o tema que perpetuou Eddie Finley e a Cincinnati Show Band.

    Uma poderosa balada Soul, contaminada pelo mais cru Funk, que está entre o melhor que o género nos deu, é disputada pelos mais ambiciosos e abastados colecionadores, tal é o seu valor e raridade, e, felizmente, foi incluída em “Loving on the flipside”, a obrigatória recolha da Now Again, editada em 2012.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 novembro 2020 – 4 dezembro 2020

    Quinta-feira

    Natalie Cole

    Annie Mae

    Capitol

    Filha do lendário Nat King Cole, Natalie Cole nasceu em Los Angeles, na Califórnia, em 1950.

    Embora tenha crescido no seio de uma familia quase omnipresente no meio musical que tinha na mãe, Maria Hawkins Ellington, uma cantora que havia acompanhado lendas como Duke Ellington e Count Bassie, e nos tios Freddy, Ike e Eddie Cole, músicos estabelecidos, e de, aos 6 anos, ter cantado no disco de natal do seu pai – “The magic of Christmas” – apenas iniciou o seu percurso artístico depois de se graduar na universidade e inspirada por vozes como Aretha Franklin e Janis Joplin.

    Em 72, começou a actuar no circuito de clubes nocturnos da Cidade dos Anjos, na companhia da sua primeira banda – Black Magic – antes de se cruzar com a dupla Chuck Jackson e Marvin Yancy, que a levou até ao estúdio de Curtis Mayfield, em Chicago, para gravar a maquete que resultaria num contrato com a Capitol.

    Entre 75 e 2015, o ano da sua morte, Natalie Cole gravou várias dezenas de Lps e singles, para a Capitol, a Epic,  a EMI, a Elektra ou a Verve, entre os quais figuram clássicos incontornáveis e êxitos de milhões, que lhe renderam sete Grammys, ao longo da sua carreira.

    Gravado em 77, com produção de Chuck Jackson, Marvin Yancey e Gene Barge e arranjos de Richard Evans – “Annie Mae” – é um dos temas de “Thankful”, o seu quarto longa-duração, foi prensado em sete-polegadas, e, na minha opinião, é o seu momento supremo.

    Uma enorme canção Soul, cheia de elementos Jazz Funk, com uns arranjos, uma produção e uma interpretação imaculdados, que se transformou num hino da cena Rare Groove e que é absolutamente obrigatória em qualquer coleção que se preze.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    30 novembro 2020 – 4 dezembro 2020

    Sexta-feira

    The G.T.’s

    Let’s do it together

    Jeds

    Formados por John Dixon, Bobby Wilson, Charlie Jackson e Charlie Banks, The G.T.’s foi um grupo resultante dos Gospel Tones of Las Vegas que, entre 1976 e 77, editou um Lp e dois singles, através da Jeds Records, uma marca que, aparentemente, criou para o efeito e cujo catalogo se resume aos seus discos.

    Enquanto membros dos Gospel Tones of Las Vegas, Bobby e os dois Charlies, haviam iniciado a sua carreira discográfica, cerca de dez anos antes, com a gravação de três sete-polegadas, para a Gospel Corner, independente de culto, fundada por Brother Henderson, em Los Angeles, e que esteve activa entre 64 e 73.

    John Dixon ter-se-á juntado ao colectivo mais tarde, para assumir um papel de destaque, ao assinar a produção da totalidade das gravações dos G.T.’s e de “Crucification”, o raro e colecionável Lp, editado em 86, pela Shurfine, de Wendell Parker, depois deste se ter dedicado, em exclusivo, à música religiosa, que marcou a segunda encarnação dos Gospel Tones of Las Vegas.

    Tema de abertura de “You gave it away”, o álbum de culto dos G.T.’s – “Let’s do it together” – é a grande contribuição do grupo para as pistas de dança e, para mim, o mais genial dos vários bons temas que nos deixou.

    Uma explosiva canção Gospel Disco, contaminada pelo Funk, que leva ao delírio qualquer clube e que, sendo difícil de assegurar no seu valioso formato original, foi incluída no volume assinado pelo colécionador britânico – Winston – da obrigatória série da Z Records: “Under the influence”.

     

    ▶️ OUVIR