• Poder Soul

    30 de Maio – 3 de Junho

    30 de Maio

    Fabulous Souls

    Take me

    Fabulous Soul (1971)

    Os Fabulous Souls eram um jovem quinteto, nascido em San Fernando Valley, na Califórnia.

    Com idades compreendidas entre os 15 e os 21 anos, começaram a dar nas vistas nos clubes de L.A. e acabaram por gravar a primeira versão de “Take me” nos estúdios Original Sound Recorders, em Hollywood.

    Bem recebido a nível local, o single chegou ao Indiana, gerando o interesse da mítica Lamp, de Herb Miller.

    Depois de uma passagem por Milwaukee, os tenros Fabulous Souls mudam-se para Indianapolis, onde se tornam residentes de um grande clube, tocando o seu material, nos dias de semana, e funcionando como banda de suporte das estrelas negras do início dos 70, ao fim-de-semana.

    Herb Miller decide editar uma nova versão de “Take me” e o tremendo sucesso local que o tema alcança, vale-lhes o estatuto de pequenas estrelas, inúmeras solicitações, entrevistas de rádio e a marcação de concertos com lendas como Curtis Mayfield ou os O’Jays.

    Não se sabe se foi o sucesso ou o inverno rigoroso de Indiana que os assustou mas a banda separou-se e, quase todos regressaram à Califórnia, para não voltarem a gravar juntos.

    As duas edições originais de “Take me”, um potente exercício Soul Funk que rebenta com qualquer pista de dança, são hoje de uma extrema raridade. No entanto a Stones Throw encarregou-se da sua reedição, em 2002, juntamente com outras pérolas do catálogo da Lamp.

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  • Poder Soul

    30 de Maio – 3 de Junho

    31 de Maio

    The Ethics

    I want my baby back

    Vent (1969)

    Ron Tyson, Joe Freeman, Carl Enlow e Andrew Collins formaram os Ethics, em 66, tornando-se num dos projectos precursores do chamado Som de Filadéfia que tanto viria a marcar a década de 70.

    Editaram vários singles, entre 66 e 74, todos para editoras independentes locais como a Golden Fleece, a Wale e a Vent, que concentra a maior parte das suas gravações, mais tarde reunidas no Lp “The Ethics sings”, da Love Records. E viriam a ter uma reencarnação como Love Committee, um marcante grupo Disco, associado à Salsoul.

    “I want my baby back”, gravada em 69, para a Vent, é talvez seu momento supremo. Produzida por Vince Montana, antes de se tornar numa das principais referências do dito Som de Filadélfia e do melhor Disco, esta canção quase perfeita, é do melhor que o denominado Crossover nos tem para oferecer.

    Não faz parte da galeria dos singles ultra raros e completamente inacessíveis, mas é um verdadeiro clássico, obrigatório em qualquer coleção que se preze, que soa melhor do que muitos discos que valem mais de quatro algarismos.

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    30 de Maio – 3 de Junho

    1 de Junho

    Billy Hambric

    Flaming Mamie

    Fury (1966)

    Billy Hambric é um dos mais subvalorizados representantes da Soul de Nova Iorque da década de 60.

    Entre 62 e 67, editou oito singles para independentes como a Duncan, a Jovial, a Soho, a Drum, a Fury e a Pyramid, e desapareceu de cena.

    O “double-sider” “I found a true love / She said goodbye”, editado pela Drum, em 65, cedo se transformou numa pérola de Northern Soul mas, na minha opinião, “Flaming Mamie” é a sua maior bomba.

    Gravado um ano mais tarde para a Fury, este espantoso cruzamento da mais crua Soul com o mais visceral Rhythm & Blues, demorou algumas décadas a ver o seu potencial ser reconhecido.

    Com o advento do chamado Rhythm & Soul nos clubes especializados, que marca o início deste milénio, “Flaming Mamie” transforma-se naquilo a que estava destinado ser.

    Hoje é um autêntico trofeu, que nunca troca de mãos por menos de meio milhar, e é mais um documento do invulgar talento de Billy Hambric.

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    30 de Maio – 3 de Junho

    2 de Junho

    Ishola Muhammad

    Open up your heart

    Guess (1976)

    Apesar de ser uma descoberta relativamente recente, “Open up your heart” provocou a loucura dos adeptos da Modern Soul e do Deep Disco, atingindo valores aproximados dos 6.000 dollars no mercado de usados.

    “Open up your heart” é um dos dois discos que Ishola Mohammad, um nativo de Norfolk, na Virginia, convertido ao Islão, editou na segunda metade dos 70.

    Apadrinhado pela lenda local Lenis Guess através de um dos seus selos – Guess Records – Ishola Muhammad gravou esta pequena maravilha em 76, inspirado numa das suas canções favoritas: “Got to give up” de Marvin Gaye.

    A sua ligação com a música terá sido sempre circunstancial, pelo que nunca deixou de trabalhar, tendo até sido os seus ordenados do emprego que tinha nos correios da cidade que financiaram esta gravação, que não o levaria a lado nenhum e ficou esquecida durante décadas.

    Felizmente foi redescoberta a tempo e re-editada como todos os hinos deveriam ser: Matt Winegarden, mais conhecido como Mr. Fine Wine, localizou as suas fitas originais e cedeu-as a Fryer, para as masterizar com todo o cuidado. O resultado são dois discos – um doze e um sete polegadas – que permitem que esta pérola seja hoje acessível a todos os amantes da Soul.

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  • Poder Soul

    30 de Maio – 3 de Junho

    3 de Junho

    Scorpio + his People

    The unforgiven

    International Hits (1972)

    Não se sabe absolutamente nada sobre estes Scorpio and his People, a não ser o que o original rótulo de “The unforgiven” revela – o ano da sua edição.

    Este misterioso disco, editado pela utópica International Hits, em 72, foi descoberto recentemente e troca de mãos sempre na casa dos milhares.

    Não será certamente o efeito que tem nas pistas de dança que está na base do culto de que é alvo.

    De facto este single tem uma relação difícil com os clubes, mas a mistura completamente original do mais visceral Funk, de leve travo psicadélico, com um falsetto sofrido e carregado de Soul, torna-o num documento único da música negra independente dos anos 70.

    O interesse febril que gerou, a par com a sua extrema raridade, fez com que acabasse reeditado, primeiro através de um “bootleg” e mais tarde numa rodela de vinil transparente da Kay-Dee.

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