• Poder Soul

    3 agosto 2020 – 7 agosto 2020

    Segunda-feira

    Amnesty

    Everybody who wants to be free

    Lamp

    A história dos Amnesty começa em 1966, em Indianapolis, quando Joseph Trotter e Damon Malone, abandonaram os Dynetones e se juntaram a A. Louis Cobbs e a Gary Burke, para formarem o quarteto vocal The Embers.

    Ao procurarem uma backing-band, “apaixonaram-se” pelos Crimson Tide, um trio composto por James “Red” Massie, Calvin Williams e Phillip “Kirk” Alexander, com que juntaram forças, por um curto período, tendo-se separado em 1970.

    Só que os Crimson Tide nunca deixaram de ensaiar juntos e, depois de alargarem a sua formação com Herman Walker e James “Gino” Johnson, convidaram Trotter, Malone e Cobbs a voltar, para, assim, nascerem os Amnesty, um das bandas de culto da fervilhante cena Funk independente da cidade que nos deu James Brown.

    Entre 72 e 73, os Amnesty gravaram dois singles: primeiro para a Lamp, mítica editora de Herb Miller, que também nos deu sete-polegadas históricos dos Vanguards, de Tony Black ao lado dos Revolution Compared to What, dos Diplomatics ou da Ebony Rhythm Band; e, depois, para a 700 West, uma independente local que lhes patrocionou uma sessão que apenas veria a luz do dia, em 2007, quando a Now-Again reuniu uma série de inéditos, no Lp “Free your mind”.

    “Everybody who wants to be free” é o primeiro destes discos e, na minha opinião, o seu mais incisivo tema.

    Um verdadeiro hino, de forte consciência política, que cruza umas belas harmonias vocais com o mais crú e psicadélico Funk e que, em 2002, teve um cuidada reedição da subsidiária da Stones Throw, responsável por resgatar o grupo.

     

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    3 agosto 2020 – 7 agosto 2020

    Terça-feira

    Little Janice

    Since you’ve been gone

    Pzazz

    Sabe-se relativamente pouco acerca de Little Janice.

    Sabe-se que nasceu Janice Wesson Tyrone, em Kingsville, no Texas, em 1952, e que fez toda a sua curta carreira em Los Angeles. Que se estreou com um single de Blues, onde toca guitarra, além de cantar, através da Proverb, em 67. E que, logo depois, foi descoberta por Paul Gayten que, depois de ter trocado New Orleans pela Cidade dos Anjos, tinha acabado de fundar a Pzazz, e lhe ofereceu um contrato que, até 69, rendeu um Lp e quatro singles.

    Não se sabe mais nada.

    Gravado em 69, como parte de “Today’s youth – Tomorrow the world”, o seu único álbum, mas também prensado num cobiçado sete-polegadas – “Since you’ve been gone” – é o seu mais genial momento.

    Uma maravilhosa balada Sweet Soul, com uns tremendos arranjos, uma interpretação superlativa e um estupendo trabalho de bateria de Earl Palmer, outro génio de New Orleans, que viria a marcar a melhor música da Costa Oeste, que, sendo quase inalcançável nos seus formatos originais, faz parte da obrigatória recolha da Now-Again: “Loving in the flipside”.

     

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    3 agosto 2020 – 7 agosto 2020

    Quarta-feira

    Cindy + The Playmates

    Now that school is thu

    Jay Pee

    Liderado por Cindy Redd, acompanhada por Wanda Cunningham  e Manesbia Pierce, Cindy + The Playmates foi um misterioso trio feminino, que esteve activo em Chicago, nos primeiros anos dos anos 70, quando ainda estavam a entrar na adolescência.

    O grupo foi apadrinhado por Jim Porter, um veterano compositor, produtor e empresário da Windy City, que fundou as independentes Sagport e Jay Pee, colaborou com a Perception e, nas décadas de 70 e 80, foi decisivo nas carreiras de nomes como os Eight Minutes, Frankie Newsome, Velvet, Cookie Scott + The Chevelles, Jewel, I.N.D. ou a Wreckin’ Crew e, entre 72 e 73, gravou dois singles, que lhes valeram um lugar na história da melhor música negra daquela decisiva cidade americana.

    “Now that the school is thru” foi o último desses discos e, não tendo a raridade, nem a genialidade de “Don’t stop this train”, o seu sete-ploegadas de estreia, que seria reprensado pela Kemp, com a belíssima balada – “A Portrait Of God’s Love” – no lado b, é o único que, até hoje, consegui assegurar e um clássico essencial da chamada Kid Soul.

    Uma grande canção, que mostra bem a extrema maturidade artística destas três jovens que, inexplicávelmente não fizeram carreira, e o imenso talento de Jim Porter, seja como produtor, seja como compositor ou arranjador.

     

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    3 agosto 2020 – 7 agosto 2020

    Quinta-feira

    Winter

    Bones

    North Wind Muzic Company

    Com o intuito de manter os irmãos K.T. e Spyder Bennett fora das ruas de Oakland, os seus avós decidiram comprar-lhes instrumentos músicais e permitir-lhes que usassem a sua casa como local de ensaio.

    A opção deu frutos e os irmãos formaram a sua primeira banda, a meio da década de 60, acabados de entrar no Liceu.

    Depois de se terem separado temporariamente, quando a Universidade chamou Spyder, enquanto a música falou mais alto a K.T., que decidiu fazer uma incursão a Los Angeles, onde viria a integrar os potentes Shades of Madness, de Ray Frazier, a dupla recuperou o seu projecto de banda de garagem, recrutando Ken Rabey, Marty e Peter Colborne, Michael Mitchell e Herman Smith, para fundar os Winter.

    Inspirados no sucesso dos, também, multi-raciais Tower of Power, em 1974, marcaram uma sessão nos Freeway Studios, para gravarem um Lp, do qual acabaria por resultar, apenas, um single.

    Iriam cumprir o sonho de editar um belo longa-duração, seis anos mais tarde, com um novo line-up, mas, apesar do disco ter tido algum sucesso local, viriam a retirar-se, por K.T., que havia financiado todas as suas gravações, sentir que a restante banda não se empenhava o suficiente para vir a singrar.

    “Bones” é o lado b do seu primeiro e enorme sete-polegadas, prensado pela North Wind Muzic Company, em 77, e a sua maior contribuição para a cena especializada.

    Um incisivo e músculado instrumental Funk, nascido em estúdio, de uma jam, entre a guitarra de K.T. Bennett e o baixo de Ken Rabey, que prenúncia o mais crú Disco e que, sendo praticamente impossível de assegurar no seu formato original, foi incluído na excelente recolha da Jazzman – “California Funk” – em 2010.

     

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    3 agosto 2020 – 7 agosto 2020

    Sexta-feira

    Percy + Them

    Shake it!

    Tantus

    Cantor, compositor e produtor, John Percy Hargrove foi um subvalorizado protagonista da cena Soul de Detroit, entre a segunda metade da década de 60 e a primeira da de 80.

    Começou o seu percurso artístico como membro dos Versatones, grupo com quem, em 1967, gravou um sete-polegadas para a Magic City, para além de ter acompanhado o icónico Geno Washington, e, logo depois, formou a Soul Family e gravou mais um single, para a Artone, como backing-band de Calvin Alexander.

    No princípio dos anos 70, fundou os Percy + Them, com quem marcou aquela década, com a edição de mais quatro importantes singles, através da Karen, da Roulette, da Tantus e da Fee Detroit.

    Nos primeiros anos da década seguinte, ainda assinou mais um par de bons discos – como Percy + The Image Band e Percy + Artie Space Band – que editou através da Count Records, uma pequena independente que parece ter fundado.

    Gravado em 79, para a Tantus, “Shake it!” será o maior dos vários hinos que nos deixou.

    Uma grande, original e futurista canção Modern Soul, que tem levado os mais progressivos Djs e colecionadores da cena especializada à loucura, desde que foi introduzida nas pistas de dança e que, além de ter sido reprensada num doze-polegadas da First Choice Records, em 2011, foi incluída, sob a forma de um re-edit, no primeiro volume da crucial série da Z Records – “Under the influence” – assinado por Red Greg.

     

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