• Poder Soul

    29 de Fevereiro – 4 de Março

    29 de Fevereiro

    Johnny Pate

    You can’t even walk in the park

    Abc (1976)

    Falar deste tema é falar de dois objectos de culto: Baxploitation, movimento cinematográfico da comunidade negra americana, nascido no início dos anos 70 e que nos deixou filmes como “Superfly” ou “Shaft” e Johnny Pate.

    Pate, nascido em Chicago, em 1923, esteve activo entre o início da década de 50 e o princípio dos anos 80, tendo deixado uma marca profunda na música da emblemática cidade.

    Como baixista passou grande parte dos 50 a trabalhar com editoras como a Chess, e artistas de Jazz, Blues e Rhythm & Blues como Wes Montegomery, B.B. King ou James Moody.

    Foi, no entanto, enquanto director musical e arranjador, que teve maior projeção. Começou a colaborar com a Okeh, no início dos 60, tendo assinado os arranjos de muitos dos seus melhores momentos. E teve uma associação histórica a Curtis Mayfield e aos Impressions, primeiro na ABC, onde chegou a ser A&R, e depois na Curtom, estando ligado a um grande número de hits gerados por este génio.

    Depois de ter abandonado a Curtom, em 72, Johnny Pate dedicou-se a compor um número apreciável de Bandas Sonoras para filmes de Blaxploitation, entre os quais Brothers on the run e Shaft in Africa.

    “You can’t even walk in the park”, retirado desta sequela de Shaft, é um incendiário instrumental funk que deixa em delírio qualquer pista de dança e, espante-se, foi apenas editado em 45 rotações em Espanha e Portugal, discos raríssimos, que atingem, no mercado de usados, valores fora do alcance dos mais comuns mortais.

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  • Poder Soul

    29 de Fevereiro – 4 de Março

    1 de Março

    Billy Byrd

    Lost in the crowd

    Scream (1973)

    Mais um disco com o estatuto de Graal na cena soul, mais um artista sobre o qual nada se sabe, para além do facto de ter editado dois sete-polegadas, entre 71 e 73 e de, provavelmente, ser um nativo do estado da Georgia.

    “Lost in the crowd”, a única edição do selo de Atlanta, Scream Records foi a sua derradeira aparição discográfica e aquela que o veio a imortalizar.

    Esta espantosa canção, duma soul altamente musculada e bastante à frente do seu tempo, produzida por Calvin Arnold, figura chave da cena funk local, ficou esquecida durante mais de duas décadas, até ter sido recuperada pelos Djs de referência deste lado do Atlântico, na década de 90.

    A sua extrema raridade e o “buzz” que viria a gerar valeu-lhe o seu actual estatuto e, consequentemente, uma valorização que ultrapassa, muitas vezes, os quatro algarismos.

    Em 2010, foi teve uma re-edição limitada de 500 cópias, através da subsidiária da Jazzman – a Soul 7 – que é hoje altamente colecionável.

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  • Poder Soul

    29 de Fevereiro – 4 de Março

    2 de Março

    Lou Lawton

    Knick knack patty wack

    Wand (1967)

    Knick knack patty wack é um daqueles discos de referência de várias tribos, dos fanáticos do Northern Soul aos adeptos dos Rhythm & Blues, passando pelos mais rigorosos seguidores da cultura Mod.

    Lou “Moondog” Lawton gravou dois singles para a Capitol, antes de editar este hino, em 1967, para a Wand, subsidiária da mítica editora nova-iorquina, fundada por Florence Greenberg – Scepter – para, depois, desaparecer lentamente até ao fim dessa década.

    Knick knack patty wack foi adoptado pela cena Northern Soul britânica e veio-se a transformar num dos temas incontornáveis deste militante movimento.

    O seu Groove sinuoso e em crescendo, marcado pelo charme das palmas, fez com que não ficasse limitado à ortodoxia típica desta cultura do norte de Inglaterra, e começasse a encher as pistas de dança de outros movimentos dedicados à descoberta e perpetuação da música negra dos 60.

    É hoje um disco altamente cobiçado, mantendo-se mais actual do que nunca.

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  • Poder Soul

    29 de Fevereiro – 4 de Março

    3 de Março

    Bernard Smith & Jokers Wild

    Gotta be a reason

    Groove (1968)

    Mesmo tendo assinado este tremendo clássico Soul, os Jokers Wild começaram com um line-up composto apenas por brancos, antes de incorporarem dois negros na banda, entre os quais o vocalista Bernard Smith, em 1966.

    Esta atitude custou-lhes, inicialmente, alguma resistência e preconceito, e a banda viu algumas portas da faceta mais social do circuito em que actuava serem-lhe fechadas.

    Mas sendo Richmond, na Virginia, um dinâmico polo de criação Soul, nesta altura, Bernard Smith e os Jokers Wild vieram a ultrapassar a segregação de que tinham sido alvo e veriam a sua popularidade aumentar.

    Isto valeu-lhes a gravação de “Gotta be a reason”, em 68, para a Groove.

    A sua pobre promoção e distribuição fez com que apenas existisse uma tiragem inicial de 500 cópias e com que a banda nunca ultrapassasse os limites regionais, embora “Gotta be a reason” seja uma espantosa canção, com um imenso potencial.

    Mais uma vez o tema foi revitalizado pela cena Soul britânica e teve uma pequena reedição, com mais alguns segundos de duração que, embora não tenha a raridade do original, já é um objecto de coleção.

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  • Poder Soul

    29 de Fevereiro – 4 de Março

    4 de Março

    Dolly Gilmore

    Sweet sweet baby

    Dove (1975)

    Se há disco de que me arrependi ter vendido a cópia original, mesmo assegurando a excelente reedição da Soul 7 e tendo comprado vários outros com o que rendeu, é este.

    Tendo sido alvo de uma reduzida atenção, nos circuitos Soul ingleses, pelo seu outro lado, este raríssimo sete-polegadas foi revelado aos colecionadores de Deep Funk por Ian Wright, em 2002, e provocou uma corrida ávida de todos, em busca de uma cópia.

    Esta maravilhosa canção, editada pela pequena editora de Orlando, na Florida – Dove – em 1975, não deve ter tido grande efeito na vida de Dolly Gilmore, de quem não se sabe quase nada.

    Foi regravada dois anos mais tarde, para a Right On!, numa simpática versão de acentuado sabor Disco, mas voltou a não ter o sucesso desejado e a deixar Dolly Gilmore na obscuridade, durante as décadas seguintes.

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