• Poder Soul

    27 julho 2020 – 31 julho 2020

    Segunda-feira

    Keither Florence + The Associates

    Future

    Florence

    Keither Florence é um pastor baptista, nativo de Wichita, no Kansas, com uma intermintente carreira artística.

    Aos nove anos de idade, pediu emprestado 25 cêntimos a um dos seus nove irmãos que, depois de juntar, ao dollar e 25 que havia amealhado, serviram para gravar a sua primeira canção, no Joy Land Amuzement Park: “Popping Popcorn all night”.

    Começou a escrever canções, mais a sério, no princípio da década de 70, quando frequentava o Clark College, em Atlanta, enquanto membro dos Krishna, banda que se separou sem que, alguma vez, tivesse gravado.

    Em 78, resolveu criar a sua pequena independente – Florence Records – e gravar algumas dessas composições, em três sete-polegadas que, muito recentemente, lhe valeram um estatuto de culto no seio da cena especializada.

    O aumento exponencial da sua família, fé-lo pôr a sua carreira artística em suspenso, tendo dirigido a The Greater Mt. Moriah Baptist Church, de Wichita, durante três décadas, para voltar a ter alguma actividade musical nos últimos tempos.

    “Future” é o lado b do seu ultra-colecionável single de estreia, um dos temas de um projecto de Lp que nunca viu a luz do dia e, para mim, um verdadeira obra-prima.

    Uma grande canção, descoberta há meia dúzia de anos por Andy Noble, que funde o mais cósmico Jazz Funk com a melhor Modern Soul, num registo deliciosamente Low-Fi, e que, felizmente, foi reprensada pela Backatcha, primeiro, e pela Tramp, logo a seguir.

     

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    27 julho 2020 – 31 julho 2020

    Terça-feira

    Ted Coleman Band

    Due consideration

    JSR

    Ted Coleman é um talentoso vibrafonista, percussionista e teclista oriundo de Pittsburgh, na Pensilvânia.

    Iniciou a seu percurso, nos clubes nocturnos da sua cidade natal, inspirado por mestres como Milt Jackson, Johnny Lytle, Bobby Hutcherson e Roy Ayers, atingindo alguma popularidade, sem que tivesse gravado qualquer disco.

    No fim dos anos 70, mudou-se para Metuchen, no estado de New Jersey, chegando finalmente aos discos, com “Taking care of business”, um grande e disputadíssimo Lp, gravado para a JSR, um pequena independente local, que se propunha ser o output discográfico de bandas com noteriedade no circuito de clubes, que também nos deu o ultra-colecionável álbum da Minority Band.

    Embora apenas tenha editado mais três álbuns, em 89, 94 e 2007, Ted Coleman, manteve uma discreta carreira até aos nossos dias, seja a gravar e produzir, no seu estúdio, bandas de Jazz e Gospel locais, seja a animar eventos sociais, como one-man band, ou a actuar com a sua banda, de raíz Lounge, Good Vibes.

    “Due consideration” é um dos grandes temas que compõem esse disco, gravado em 1979, que se transformou num verdadeiro Graal da cena especializada.

    Uma grande canção Soul Jazz, com uns arranjos e uma produção de primeira, que reflectem o melhor do espírito “do it yourself” e são um retrato perfeito de um artista que viu, finalmente, esta obra-prima ter o alcance que merece, através da sua recente reedição, por iniciativa da BBE.

     

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    27 julho 2020 – 31 julho 2020

    Quarta-feira

    Archie James Cavanaugh

    Make me believe

    Black + White Raven

    Descendente dos Tlingit, povo indígena da costa norte dos Estados Unidos, banhada pelo Pacífico, Archie James Cavanaugh cresceu em Kake, uma pequena povoação no Alaska.

    Apesar de apenas ter 600 habitantes, a pequena vila tinha uma big band Jazz, com 40 elementos, chamada The Old Timers e duas bandas de Rock’n’Roll – The Bumble Bees e The Outer Limits Four – que, muito cedo, despertaram a sua paixão pela música.

    Começou a criar rítmos, em tachos e panelas, e a cantar música religiosa, na Salvation Army Sunday School, antes de ter aulas de guitarra, na entrada da adolescência, e de formar o seu primeiro grupo – The Poor Boys – com quem viria a ganhar um concurso de talento local.

    O sonho de gravar um disco, com as canções que tinha escrito, parecia uma miragem, mas um cruzamento com Pete DePoe, o ex-baterista dos conhecidos Redbone, na Seattle Cornish School of Music, Dance and Drama, para onde tinha ido estudar, iria mudar o curso dos acontecimentos.

    Num ápice, recrutaram um naipe de talentoso músicos do norte da Costa Oeste e conseguiram o apoio dos recém-inaugurados Pacific West Recorders, em Redmond, onde gravaram o seu colecionável disco de estreia – “Black and white raven” – durante um ano e meio.

    “Make me believe” faz parte do alinhamento desse sólido Lp, que teve uma edição de autor, em 1980, e é, na minha opinião, a sua grande contribuição para as pistas de dança.

    Um imensa canção, que funde, de uma forma única, Soft Rock, Jazz Funk, Disco e Gospel, se transformou num absoluto clássico da chamada AOR e, em 2017, foi reeditada, juntamente com o histórico Lp, pela Starstruck.

     

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  • Poder Soul

    27 julho 2020 – 31 julho 2020

    Quinta-feira

    Teddy + Nanci

    Shake

    Silvercloud

    Nanci Yoshiko Bond, nasceu em Baltimore, na década de 40, cresceu em Miami, onde, ainda muito nova, começou a cantar profissionalmente, mudou-se para a Califórnia, à custa de um casamento que durou pouco tempo e, depois de aceitar uma residência nas bases militares da ilha havaiana de Oahu, conheceu Teddy Tanaka, no Oasis Club, de Honolulu, onde este era cabeça de cartaz.

    Nativo daquele arquipélago do Pacifico, Tanaka tinha iniciado o seu percurso artístico como membro dos Jokers, grupo Doo Wop que gravou dois singles em 59, e viu a popularidade crescer depois de ter feito uma incursão ao Japão, onde teve bastante êxito, e ter gravado mais um par de Lps e igual número de sete-polegadas, na primeira metade dos anos 60.

    Incentivados pelo dono daquele importante clube nocturno, Teddi e Nanci começaram a trabalhar juntos, em 1966, como Teddy Tanaka + The Tokyo Playmates, tendo gravado um single e passado os anos seguintes a tocar por todos os Estados Unidos e pelo Japão.

    Depois de casarem, Teddy e Nanci regressaram a Honolulu para criarem os seus três filhos, ao mesmo tempo que iniciaram uma carreira, como duo, que, entre 76 e 78, rendeu três Lp e quatro singles, todos editados através da Silvercloud Records, independente com base em Hollywood.

    Em 81, depois do nascimento de mais um filho, o casal decidiu retirar-se da vida artística.

    Gravado em 78, nos Gold Star Studios, em Hollywood, produzido por Ernie Freeman e com a participação com músicos de peso, como Charles Wright ou Paul Humphrey – “Shake” – é um dos temas de “Yellow moon”, o seu derradeiro Lp, e o seu mais especial momento.

    Um verdadeira bomba Disco Soul, com um groove contagiante e uma competente interpretação, com destaque para um belo solo de sintetizador, que, desde que foi introduzida nos mais progressivos clubes, tem visto a sua cotação aumentar de dia para dia.

     

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  • Poder Soul

    27 julho 2020 – 31 julho 2020

    Sexta-feira

    Master Force

    Don’t fight the feeling

    Rain Forest

    Filho de um pianista Jazz e de uma cantora do Bronx, Greg Henderson, começou a tocar trompete, ainda criança, inspirado por génios como Miles Davis ou Freddie Hubbard, e foi estudar música para o Queens College, ao mesmo tempo que integrava a orquestra de Salsa e Latin Soul de Frank Nieves, para conseguir pagar as contas.

    Começou a década de 70 a formar a sua primeira banda – Obsidian – e, até decidir fundar os Master Force, em 78, passou pelos Jackson 5, andou pela Europa, cerca de um ano, como membro de uma banda de fusão Jazz do Suriname, baseada em Amsterdam, e foi convidado, por Darryl Gibbs, a fazer parte dos Made in U.S.A., banda de culto da cena Disco.

    Um colectivo de dez talentosos músicos, já com bastante experiencia, os Master Force, foram o primeiro grupo em que Gregg Henderson se assumiu como líder, impondo uma disciplina positiva, que levou a banda a atingir um nível de excelência pouco comum e uma sólida reputação nos clubes nocturnos nova-iorquinos.

    Ainda assim, os Master Force apenas gravariam um single, em 79, que viria a marcar a estreia de Greg no mundo editorial, com a criação da Rain Forest Records, mais tarde apenas Rain.

    Lado b de um espantoso double-sider, que tem “Hey Girl” na face oposta – “Don’t fight the feeling” – é um dos momentos de eleição deste génio, que ainda viria a estar na génese de “Dancin’ to the beat”, assinado pelo duo Henderson + Whitfield, e de “Dreamin’”, o seu primeiro disco a solo, e um clássico incontornável das cenas Modern Soul e Deep Disco.

    Uma imensa canção, que leva ao delírio qualquer pista de dança e que, nos sete e doze-polegdas originais, se transformou num valioso e cobiçado trofeu, entre os mais ambiciosos Djs e colecionadores.

    Felizmente, foi reeditada pela Backatcha, no ano passado, depois de, em 2005, ter sido prensada num maxi pirata, sob forma de um re-edit assinado por Kon.

     

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