• Poder Soul

    25 – 29 de Julho

    25 de Julho

    Little Gigi

    Take the bitter with the sweet

    Select (1964)

    Little Gigi, ou Gloria Glenn, como recentemente se descobriu, gravou cinco singles, entre 1962 e 65, entre os quais um dueto com Vernon Harrell e “I volunteer”, os seus derradeiros discos, ambos para a Decca.

    Desconhece-se o porquê de ter deixado a sua carreira por aqui, até porque a sua potente voz parecia garantir-lhe um lugar entre os grandes nomes da Soul.

    Ainda assim, a sua marca, no seio dos mais apaixonados, é inquestionável.

    “I volunteer” será, para muitos, o seu maior hino e é, certamente, aquele que mais impacto teve nas cenas Northern Soul e Mod e o seu mais colecionável disco.

    Mas para mim, talvez porque o tenha descoberto mais tarde, este “Take the bitter with the sweet”, editado em 64, pela Select, é especial.

    Perfeito para as horas de ponta das pistas de dança, tem tudo para levar um clube à loucura. A mais crúa e visceral energia dos Rhythm & Blues convive com a mais profunda e sentida Soul transmitida por uma voz arrebatadora. Aquilo a que chamamos Rhythm & Soul dificilmente soa melhor.

    É mais um disco que tem visto a sua raridade aumentar consideravelmente, mas, para quem não tem espirito arquivista, existe um bela versão da canção, de 2011, da excelente banda espanhola, The Excitements.

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    25 – 29 de Julho

    26 de Julho

    Wes Black

    I feel good (feeling good)

    Star West (1980)

    Disco, Soul e Funk misturam-se no único disco do misterioso Wes Black de forma magistral.

    Acompanhado pela Star West Orchestra, banda residente da pequena editora de Hollywood com o mesmo nome, Wes Black gavou “I feel good” em 1980. E evaporou-se…

    “I feel good”, que para além desta edição da Star West, também saiu, em sete e doze polegadas, através da Highland Records, tem vindo, nos últimos dez anos, a alimentar os mais esclarecidos clubes de Funk, Modern Soul e Deep Disco.

    Não sendo, ainda, um disco incomportável, tem visto o seu valor aumentar gradualmente, começando a aproximar-se da casa das centenas.

    O prestigiado digger e dealer britânico Zaf, incluiu um edit de Sean P. do tema, no segundo volume da excelente série da B.B.E. “Private wax”, para que possa ter o alcance que merece.

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    25 – 29 de Julho

    27 de Julho

    Zebra

    Simple song

    Zebra (1977)

    A única coisa que sei sobre estes Zebra é que são da Georgia e que esta edição de autor é o seu único lançamento.

    “Simple song”, que originalmente saiu em 77, é uma das mais estimulantes fusões de Funk e Disco descobertas nos últimos anos.

    Mais um disco que foi apresentado à comunidade por Ian Wright, apenas deixou a obscuridade há pouco mais de uma década, quando, aquele que será o maior colecionador mundial de Funk em 45 rotações o terá comprado no Ebay por apenas 5 dólares.

    O que se seguiu foi a história do costume. Todos os Djs e colecionadores que ouviam Ian atrás do sete-polegadas. E as cópias que foram aparecendo a disparem para valores acima das 5 centenas.

    Felizmente, não demorou muito tempo para a dedicada Jazzman reeeditar esta fabulosa canção, primeiro através de um doze-polegadas e depois na espantosa compilação “Soul Spectrum”, organizada por Fryer.

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    25 – 29 de Julho

    28 de Julho

    Little Willie John

    I’m shakin’

    King (1960)

    Little Willie John é provavelmente uma das maiores vozes da música negra das décadas de 50 e 60.

    Nascido no Arkansas, mas criado em Detroit, assinou contrato com a King em 55, sugerido por Johnny Otis, depois de este o ter “descoberto” num concurso de talentos.

    Foram inúmeros os singles e os Lps que gravou, nos dez anos que se seguiram, e muitos os êxitos que alcançou, com discos como a sua versão de “Fever” a venderem acima de um milhão ou “Leave my kitten alone” a ser gravado pelos Beatles.

    Altamente temperamental, foi preso, em 66, depois de ter esfaqueado um homem em Seattle, na sua festa de noivado e, embora James Brown tenha conseguido que lhe fosse concedida liberdade condicional, acabou por voltar para a cadeia, em Washington, onde morreu com uma pneumonia em 1968.

    São muitas as canções imensas que nos deixou, mas “I’m shakin’” será a mais emblemática.

    Gravado em 60, este tema imortal sintetiza na perfeição os mais estimulantes anos de que há memória na história da música gravada. Rhythm & Blues, Rock’n’Roll e Soul são convocados pela carismática voz de Little Willie John, para darem corpo a uma canção que está acima de qualquer classificação e é completamente intemporal.

    Os Blasters gravaram uma versão de “I’m shakin’”, em 81, mas foi a versão de 2012, de Jack White, que a tornou reconhecida à escala planetária. Ambos os takes parecem brincadeiras de meninos, quando comparados com o original.

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    25 – 29 de Julho

    29 de Julho

    Apple + The 3 Oranges

    Love brings out the best of you

    Sagittarius (1971)

    A banda Apple and The 3 Oranges e a editora Sagittarius foram projectos do extraordinário baterista Edward Nelson.

    Nascido em New Orleans, Nelson cresceu obcecado com música, acabando por abandonar o liceu para, juntamente com a sua bateria, tentar a sua sorte na costa oeste.

    Fixou-se em L.A. e tornou-se num requisitado músico de sessão, tendo acompanhado nomes como Etta James, Johnny “Guitar” Watson, Leon Haywood ou Charles Wright.

    No princípio dos 70, forma a sua própria banda e, depois de editar o mítico “Free and easy” para a Stage Music, cria a sua editora, de forma a gravar as suas canções, em nome próprio.

    Assim nasce a Sagittarius. Uma Aventura que, não só não lhe rendeu qualquer dinheiro, como o levou a recorrer ao roubo para a sustentar. Acabou por entrar e sair da prisão várias vezes, trocar a Califórnia pelo Louisiana e não voltar a gravar.

    Finalmente a Now-Again acaba por lhe fazer justiça, há um par de anos, reunindo todas as suas gravações, enquanto Apple and The 3 Oranges, num álbum retrospectivo.

    “Love brings out the best of you” é um maravilhoso exercício Soul, comandado pelo Funk da sua bateria que, a exemplo dos seus outros dois sete-polegadas originais, é uma preciosa peça de coleção.

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