• Poder Soul

    23 dezembro 2019 – 27 dezembro 2019

    Segunda-feira

    Lyn Collins

    Think (about it)

    People

    Arranque de uma semana preenchida por cinco clássicos de artistas que gravitaram à volta do génio de James Brown.

    Nascida Gloria Lavern Collins, em Lexington, no Texas, em 1948, Lynn Collins cresceu em Abilene.

    Iníciou o seu percurso artístico em 1965, quando emprestou a sua voz a  “Unlucky in love”, o único single de Charles Pikes + The Scholars, gravado para a misteriosa Gra-Kem.

    Na viragem dos 60 para os 70, foi descoberta pelo Godfather of Soul, acabando por vir a integrar a sua banda, bem como outros projectos paralelos dos seus músicos e por, nos anos que se seguiram, gravar dois Lps e cerca de dezena e meia de singles, todos sob a sua tutela, entre os quais figuram hinos como “Things got to get better”, “Mama feelgood” ou “Rock me again and again and again and again and again and again”.

    “Think (about it)” deu título ao seu álbum de estreia, editado em 72, pela People, marca fundada por James Brown um ano antes, foi o maior êxito da também chamada Female Preacher e é, na minha opinião, o seu mais excepcional momento.

    Uma imensa canção, que abre com uma bela intro vocal antes de explodir por completo, que se transformou num dos maiores clássicos Sister Funk de que há memória e ainda destoi qualquer pista de dança.

     

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  • Poder Soul

    23 dezembro 2019 – 27 dezembro 2019

    Terça-feira

    Bobby Byrd

    I know you got soul

    King

    Bobby Byrd nasceu em 1934, em Toccoa na Georgia, para vir a ter um papel decisivo na história da Soul e do Funk.

    Foi ele que fundou os Famous Flames, em 1955, a partir dos Gospel Starlighters que, querendo tocar a música do Diabo, se transformaram em The Avons e The Toccoa Band, antes de optarem pela designação que viria a catapultar James Brown para o estrelato, depois de se ter cruzado com Bobby Byrd, quando este visitou a prisão onde cumpria uma pequena pena, integrado numa equipa de Baseball, e o acolheu e convidou a integrar a banda que dirigia.

    Apesar de acabar por ter sido “ofuscado” por James Brown, que depressa se transformou na face dos Famous Flames, esteve ao lado do Godfather of Soul durante a mais decisiva fase da sua carreira e gravou um número significativo de importantes discos, entre os quais figuram alguns absolutos clássicos.

    Editado pela King, em 71, “I know you got soul” é, na minha opinião, o maior desses hinos.

    Uma espantosa canção, que arranca com um inconfundível break-beak, impressionantemente colado à guitarra, e que cruza, como poucas, a extrema precisão daquela que terá sido a mais dotada banda da história da Soul, com uma interpretação só ao alcance de um eleito.

     

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  • Poder Soul

    23 dezembro 2019 – 27 dezembro 2019

    Quarta-feira

    Marva Whitney

    What do I have to do to prove my love to you

    King

    Nativa de Kansas City, Marva Whitney nasceu Marva Ann Manning, em 1944.

    Com apenas três anos já pisava os palcos com o grupo da sua familia – Manning Gospel Singers – e, aos dezasseis, juntou-se aos Alma Whitney Singers, adoptando este apelido depois de se casar com o organista e irmão da lider, Harry.

    Em 1963, trocou o Gospel pelos Rhythm + Blues e assumiu a voz do grupo local Tommy + The Derbys, com quem abriu as passagens por Kansas City das maiores estrelas da música negra, acabando por recusar convites para se juntar a Bobby Bland ou a Little Richard, antes de aderir à James Brown Revue, quatro anos mais tarde.

    Apadrinhada por James Brown, arrancou para uma carreira que, com um par de interrupções, se prolongou quase até 2012, o ano da sua morte, lhe rendeu o epíteto Soul Sister #1 e se reflectiu na gravação de quatro Lps e mais de duas dezenas de singles para editoras como a King, a T-Neck, a Excello, a Forte ou, mais recentemente, a Shout!, na companhia dos Osaka Monaurail.

    Editada em 68 e escrita em parceria com o Padrinho da Soul – “What do I have to do to prove my love to you” – é, para mim, a maior das suas várias contribuições para as pistas de dança.

    Uma enorme, intensa e musculada canção Sister Funk que nunca falha quando lançada num clube e que é um exemplo supremo do melhor que este sub-género da Soul nos deu.

     

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  • Poder Soul

    23 dezembro 2019 – 27 dezembro 2019

    Quinta-feira

    Maceo + The Macks

    Cross the track (we better go back)

    People

    Saxofonista de eleição, Maceo Parker nasceu em Kinston, na Carolina do Norte, em 1943, no seio de uma familia da músicos.

    Em 64, juntou-se à banda de James Brown que, aparentemente, o acolheu por querer muito recrutar o seu irmão baterista Melvin, acabando por se impôr e por se tornar numa das principais figuras da sua mítica banda, nos 60 e 70.

    Nas décadas que se seguiram e até aos nossos dias, Maceo Parker emprestou o seu enorme talento a gente que vai dos Parliament – Funkadelic ao Prince, passando por Fred Wesley ou pelos nossos Pedro Abrunhosa e Bandemónio, tendo assinado várias dezenas de sólidos discos em nome próprio, na companhia dos All the King’s Men ou enquanto Maceo + Macks, para marcas como House of the Fox, Excello, People, Atlantic ou Verve.

    Gravado em 74, “Cross the track (we better go back)” será, ao lado de “Soul Power 74”, o seu mais genial momento.

    Um extraordinário semi-instrumental Funk, com um poderoso e coeso groove e uns contagiantes ad-libs vocais, que se transformou num dos maiores clássicos da cena Rare Groove e que continua a ser completamente irresistível.

     

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  • Poder Soul

    23 dezembro 2019 – 27 dezembro 2019

    Sexta-feira

    Momie-O

    You’re welcome, stop on by

    I Dentify

    Vicki Anderson seria, segundo James Brown, a mais talentosa das “suas” Soul Sisters.

    Nascida Myra Barnes, nome com que assinou um par de clássicos, em 1939, em Houston no Texas, Vicki Anderson gravou um single para a Whiz Records, em 64, um ano antes de começar a colaborar com o Godfather of Soul, quando foi substituir Anna King na sua banda.

    Nos anos que se seguiram, editou cerca de duas dezenas e meia de sete-polegadas para selos como Smash, New Breed, DeLuxe, King, Tuff, Polydor ou Brownstone, tendo casado com Bobby Byrd e feito um intervalo, entre 72 e 75, para voltar, mas de uma forma intermitente.

    Gravada em 75, para a I Dentify, como Momie-O, esta espantosa versão do original de Bobby Womack – “You’re welcome, stop on by” – é o meu favorito dos vários clássicos que nos deu.

    Uma verdadeira obra-prima, com uns espantosos arranjos de Fred Wesley, uma produção imaculada de James Brown e um delicioso call and response com o seu marido, que está entre a mais sublime Soul da década de 70.

     

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