• Poder Soul

    21 setembro 2020 – 25 setembro 2020

    Segunda-feira

    Thornton Sisters

    I keep forgettin'

    Cuppy

    Para além da sua extrema raridade e de levar os mais fanáticos colecionadores a darem à volta de três milhares por uma cópia original, este disco tem uma daquelas histórias cheias de equívocos, que tanto apaixonam os aficionados da mais obscura música negra.

    É que Yvonne, a saxofonista alto deste grupo feminino de culto, formado no fim dos anos 50, em New Jersey, com as suas irmãs Donna, no sax tenor, Jeanette, na guitarra, e Linda, na bateria, acompanhadas pela sua mãe Tass, no baixo, desconhecia a existência do disco, até este ter sido partilhado no Youtube, e jura não ter sido gravado por elas.

    Ao que parece, as Thornton Sisters, que iniciaram o seu curto percurso artístico muito cedo e deram nas vistas no programa televisivo – “The original amateur hour” – em 1959, apenas gravaram um single, no princípio da década seguinte, para a Bobsan: o poderoso “Big city boy”.

    Aquilo que as irmãs, que se viriam a distinguir pelos seus percursos académicos, a serem retratadas pelo filme de 97 – “The Ditchdigger’s Daughters” – e a criarem uma fundação que financia os estudos àqueles que mais necessitam no seio da sua comunidade local não sabiam, é que Sonny Casella, o importante músico, compositor, produtor e empresário, que era o seu manager, capitalizou em cima da sua popularidade num dos discos que lançou através da sua Cuppy Records.

    Editado em 65, “I keep forgettin’” terá sido gravado pela banda residente da marca e creditado, indevidamente, às Thornton Sisters.

    Seja como for, esta espantosa versão do original de Leiber, Stoller e Garfield, estreada por Chuck Jackson, em 62, através da Wand, transformou-se num verdadeiro Graal das cenas Soul e Mod, continua a levar pistas de dança à loucura e, nos últimos anos, teve uma reprensagem oficial, através da Cultures of Soul, creditada à Cuppy Records Studio Band, para além de ter sido alvo de um par de bootlegs.

     

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    21 setembro 2020 – 25 setembro 2020

    Terça-feira

    The Tempests

    Someday

    Smash

    Os Tempests foram uma banda multi-racial, fundada em 1963, pelos irmãos Michael e Roger Branch, em Charlotte, na Carolina do Norte, que, com constantes alterações de line-up, se manteve activa até 75 e se tornou numa das referências da chamada Beach Music.

    Depois de, em 65, se estrear em disco, através da Atlantic, como backing-band de Mike Williams, a banda sofreu uma série de mudanças de pessoal, com a entrada do baterista Nelson Lemmond, do baixista Van Coble, de uma poderosa secção de sopros composta por Tom Brawley, Gerald Schrum, Rick White, Ronnie Smith e Jim Butt e do carismático vocalista Hazel Martin e assinou contrato com a Smash, para, entre 67 e 68, gravar um Lp e quatro singles, que seriam os mais marcantes discos da sua carreira.

    “Someday” é um dos temas que compõem o alinhamento de “Would you believe!”, o seu único longa-duração, e o seu maior hino.

    Talvez por não ter sido prensada em sete-polegadas, esta intensa canção manteve-se afastada do radar do movimento Nothern Soul até 85, altura em que a Soul Mafia, de Keb Darge e Guy Hennigan, resolveu prensá-la num acetato, para levar à loucura a pista do mítico Top of the World, em Stafford, como um cover-up atribuído a Bobby Paris, e, assim, se transformar num dos maiores clássicos da cena especializada.

     

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    21 setembro 2020 – 25 setembro 2020

    Quarta-feira

    Soul Expedition

    We gonna make it

    Lefevre Sound

    Depois de, em 1970, ter assinado a obra-prima Crossover “You had it made”, para a Capitol, o compositor, produtor, guitarrista e cantor, nativo de Atlanta – Freddie Terrell – juntou-se aos seus conterrâneos Steve Rushin, Ralph Favors, John Adams, Eli Rivers, Charles Edwards, Johnny Davenport e Raymond Smith, para formar a Soul Expedition Band, no ano seguinte.

    Embora apenas tenha gravado um single, para a Shout!, e um Lp, para a Lefevre Sound, que se transformou num dos mais colecionáveis álbuns Funk de que há memória, o grupo consolidou uma sólida reputação, que transcendeu muito os limites do estado da Georgia, à custa das suas excitantes actuações, no Soul Expedition Club, uma noite que promoviam no famoso Underground Atlanta.

    “We gonna make it” é um dos grandes temas que fazem parte do seu único álbum, homónimo, e, embora seja uma balada no meio de algumas bombas, que fazem deste disco um dos mais desejados troféus da cena Deep Funk, é, para mim, o seu mais especial momento.

    Uma imensa e profunda canção Sweet Soul, com uns arranjos e uma interpretação imaculados, que está entre o melhor que o género nos deu e que deve fazer parte de qualquer coleção minimamente exigente, por muito que até a reedição que a Jazzman fez em 2005, também já se encontre inflacionada.

     

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  • Poder Soul

    21 setembro 2020 – 25 setembro 2020

    Quinta-feira

    East Harlem Bus Stop

    Get on down

    D+M Sound

    East Harlem Bus Stop foi um septeto de misteriosos músicos de estúdio nova-iorquinos, que se reuniram em 1976, para gravar um Lp, com o intuíto de explorar a receptividade de que gozavam os ritmos latino-americanos, como a Salsa, e o seu cruzamento com o Funk e com o Disco, que começava a influenciar toda a música urbana, naquela altura.

    O projecto foi promovido pela D+M Sound, marca que os experientes David L. Miller e Marty Wilson tinham acabado de fundar, e dirigido por Peter Phillips e pelo Rei do Latin Jazz – Pete Terrace – que se encarregaram de fundir as estruturas rítmicas que os destinguiam, com o poderoso som de bandas como os Brass Construction, uma das principais referências desta aventura de estúdio, que acabou por nos deixar um belo Lp, do qual seriam extraídos três singles.

    “Get on down!” é o tema que abre e dá nome a este sólido longa-duração, que divide originais com estimulantes versões de standards como “Watermelon man” ou “Malaguena”, e a sua maior contribuição para as pistas de dança.

    Um incisivo e contagiante instrumental, pontuadado por uns ad-libs certeiros, construído sobre um groove coeso e uns arranjos cinemáticos, que se transformou num clássico incontornável da cena Rare Groove e soa, hoje, tão bem como quando foi gravado.

     

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  • Poder Soul

    21 setembro 2020 – 25 setembro 2020

    Sexta-feira

    High Frequency

    Summertime

    NIA

    High Frequency foi um pseudónimo usado pelos Aleems e por Leroy Burgess, para gravarem apenas este disco.

    Os gémios TaharQa Z. e Tunde Ra Aleem, nasceram Albert e Arthur Allen, em 1946, no Harlem, em Nova Iorque.

    Iniciaram o seu percurso artístico a meio dos anos 60, com os International G.T.O.’s, com quem gravaram um single, para a Rojac, em 1966, seguido de outros dois, sob a designação Master Four, editados pela sua associada – Tay-Ster – no ano seguinte.

    Nessa altura fizeram amizade com Jimi Hendrix, que os instigou a formarem os Ghetto Fighters, projecto com o qual asseguram coros a algumas das mais marcantes gravações do lendário guitarrista.

    Com a chegada dos 70, após a morte precoce de Hendrix, os gémios continuaram a sua profícua carreira, enquanto Prana People, gravando um belo Lp, para a Prelude, em 77, antes de se cruzarem com Leroy Burgess, o importante cantor, músico, produtor e compositor que teve uma crucial parceria com Patrick Adams e esteve envolvido em projectos históricos como os Black Ivory, Universal Robot Band, Bumblebee Unlimited, Logg ou Convertion, para, em 79, assinarem “Hooked on your love” e fundarem a NIA Records, independente que teve um papel de relevo na cena Boogie, mas também nos primeiros passos do Hip Hop.

    Editado pela sua marca de culto, em 1980, “Summertime”, que foi misteriosamente creditado aos High Frequency, é um dos mais geniais produtos desta associação, que nos deu vários hinos.

    Uma explosiva canção Disco Soul, que leva qualquer pista de dança ao delírio e que se transformou num dos mais colecionáveis discos dos gémios, seja na sua versão de doze-polegadas, seja no take, mais curto, do sete, que hoje vos trago e que acabou de ser reeditado pela Fraternity Music Group.

     

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