• Poder Soul

    21 dezembro 2020 – 25 dezembro 2020

    Segunda-feira

    Quinn Harris

    I’ll always love you

    M.L.E.

    Nascido em Marshall, no Texas, mas criado em Riverside, na Califórnia, Quinn Harris é um talentoso compositor, arranjador e multi-intrumentista que, depois de estar activo, entre as décadas de 60 e 80, se dedicou ao ensino.

    Inspirado pelo trabalho de génios com Charlie Parker e John Coltrane, começou a tocar saxofone, em 1954, e, logo a seguir a ter cumprido o serviço militar, onde integrou a 52nd Army Band, frequentou o Berklee College of Music, em Boston.

    Em 1970, fixou-se em San Francisco, e foi lá que iniciou a sua carreira profissional, primeiro no circuíto de clubes nocturnos, onde se cruzou com gente como Buddy Miles ou os Whispers, e depois com a gravação do seu primeiro e colecionável Lp, na companhia dos Masterminds – “All in the Soul” – para a Reynolds Records, decisiva independente local que nos deu hinos de Celeste Hardy, Steve Parks, Steve Marshall e Lillian Alexander.

    Até ter abandonado a vida artística, decepcionado com aquilo que havia conseguido, Quinn Harris, editaria mais um par de Lps e igual número de singles, o primeiro dos quais com Lady Bianca, uma pianista e cantora que ficaria conhecida pelas suas colaborações com Sly Stone e Frank Zappa.

    Gravado em Los Angeles, em 75, para a M.L.E., marca que parece ter criado em parceria como o seu irmão Huey – “I’ll always love you” – é, para mim, o seu mais genial momento.

    Uma verdadeira obra-prima Crossover, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação do outro mundo, que é o lado b de um espantoso double-sider que se transformou num valioso e disputado troféu no seio da cena especializada e que acabou de ter uma pequena reprensagem de 250 cópias, numa iniciativa conjunta da Light in the Attic, da Tidal Waves e da Day End.

     

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  • Poder Soul

    21 dezembro 2020 – 25 dezembro 2020

    Terça-feira

    The Curtis Liggins Indications

    What it is?

    Kaycee-Soul

    Curtis Liggins nasceu em Kansas City, no seio de uma família de músicos.

    O prestigiado pianista Jazz Joe Liggins e o seu irmão Jimmy, um pioneiro guitarrista Rhythm + Blues, eram seus primos em segundo grau e ele resolveu adoptar o baixo, depois de os visitar, quando estava a cumprir o serviço militar na Costa Oeste. 

    Em 1967, quando regressou à sua cidade natal, convenceu o seu irmão Clifford a dedicar-se à bateria, para se juntarem a Kelsey Hill, Arthur Malone e Kenneth Cameron e fundarem os Indications.

    A banda, que usava botas e chapéus de cowboy para tentar penetrar no circuito Country, começou, imediatamente, a percorrer os palcos de Kansas City e de cidades próximas como Independence, Lawrence, Topeka e Leavenworth e, dois anos depois, resolveu ir até aos Damon Recording Studios, para gravar o seu único disco, editado através da pequena independente, de Louis Brown, Kaycee-Soul.

    O single nunca chegou às lojas, tendo a totalidade das cópias prensadas sido usadas em promoção e vendidas em concertos, e, depois de uma frustante abertura de um espectáculo de Isaac Hayes, que lhes viria a fechar mais portas do que a abrir, a primeira incarnação dos Indications chegou ao fim.

    Curtis não quis desistir, reformou o grupo, com novos elementos, mas, em 72, quando regressavam de um espectáculo em Carter Lake, no Iowa, tiveram  uma acidente de viação que resultaria na sua precoce morte.

    “What it is?”, o lado b do seu único sete-polegadas, que para a banda era só mais uma canção, assegurou-lhe um lugar na história da melhor música negra.

    Um imenso tema Funky Soul, de forte consciência social, que se tornaria num hino da cena especializada e que, estando apenas ao alcance dos mais abastados Djs e colecionadores, no seu raríssimo formato original, foi reeditado pela Numero Group, em 2005.

     

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  • Poder Soul

    21 dezembro 2020 – 25 dezembro 2020

    Quarta-feira

    The Tempos

    (Countdown) Here I come

    Canterbury

    Bobby Sanders nasceu Jerome Lenoir, em St. Louis, no Missouri, em 1943.

    Aos onze anos, mudou-se para Nova Iorque, onde foi viver com uma tia, em Brooklyn, e onde começou a sua marcante carreira artística, em 1955, como membro de um grupo vocal chamado The Schoolboys.

    Três anos depois estava a gravar o seu primeiro disco, a solo, para a Mercury, em 59, juntou-se a Little Anthony + The Imperials e, no ínicio dos anos 60, foi para a Costa Oeste, para se tornar num protagonista chave da cena músical de Los Angeles.

    Fez parte dos Impossibles, de Linda Carr, dos Chandeliers, dos Cheerios e dos Extremes, antes de formar os incontornáveis Younghearts e de fundar a Soultown Records, marca que lançou discos decisivos de nomes como Little Helen, Mckinley Travis, Ray Agee, Sequins ou Sweet Stuff.

    O trio vocal The Tempos foi outro dos grupos que formou, mais ou menos na mesma altura em que os Younghearts iniciaram o seu percurso, e, não tendo atingido o sucesso destes, entre 66 e 67, assinou um par de canções que viriam a ser adoptadas pelo movimento Northern Soul.

    Produzido pelo próprio Bobby Sanders e com arranjos do histórico Gene Page – “(Countdown) Here I come” – que foi, inicialmente, gravado pela Soultown, para depois ser licenciado à Canterbury, marca fundada por Ken Handler, dono do império de brinquedos Mattel, é, para mim, o maior dos clássicos que os Tempos nos deixaram.

    Uma grande canção Soul uptempo, perfeita para levar ao delírio as pistas do Wigan Casino e da Blackpool Mecca, que se tornou num dos grandes clássicos da militante cena britânica, tendo sido alvo de um par de bootlegs e incluído em várias colectâneas, nas últimas três décadas.

     

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  • Poder Soul

    21 dezembro 2020 – 25 dezembro 2020

    Quinta-feira

    The La-Mars

    Kool is back

    Beckman

    É praticamente nula a informação disponível acerca dos La-Mars e apenas as pistas que nos são dadas pelo seu único sete-polegadas nos permitem chegar a algumas conclusões.

    O facto do single ter sido lançado pela misteriosa Beckman Records, marca que não tem qualquer outro lançamento registado, mas que imprimiu a sua morada no rótulo do disco, leva-nos a crer que a banda seria de Miami, na Flórida, assim como o seu som e repertório sugere que tenha estado activa algures entre o fim da década de 60 e o princípio da de 70, provavelmente animando clubes nocturnos ou hoteis daquela emblemática cidade, ou não fossem dois hits do momento a preencher as suas duas faces.

    Esta releitura de “Kool is back”, dos tutelares Kool + The Gang, é o lado b de um single que abre com uma extraordinária versão instrumental de “Rock steady”, de Aretha Franklin, que também se transformou num clássico incontornável da cena Deep Funk.

    Um frenético exercício Funk, carregado de energia e groove, que traz uma intensidade difícil de superar a um original que parece impossível de igualar, rebenta com qualquer pista de dança e, sendo extermamente raro e valioso no seu formato original, foi incluído na colectânea da B.B.E. – “The Kings of Diggin’” – assinada pela dupla Kon + Amir e pelo nipónico Dj Muro.

     

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  • Poder Soul

    21 dezembro 2020 – 25 dezembro 2020

    Sexta-feira

    Mixed Company

    Let’s go Disco

    WNBC Radio 66

    Os Mixed Company foram um grupo de Deer Park, no estado de Nova Iorque, sobre o qual se sabe muito pouco.

    Sabe-se que era composto por Gene Lastorino, Joseph Giametta, Bernie Eble, Ronnie Wilcox, Betty Jean Fisher, Greg Scapellati e Don Flareau, que esteve activo na viragem dos anos 70 para os 80 e que, apesar de ter gravado um trio de canções num pequeno estúdio local, apenas editou um tema, no segundo e derradeiro volume da série “Hometown Album”, Lp prensado pela WNBC, uma  das estações de rádio bandeira da NBC Network em Nova Iorque, que, assim, expunha algum talento da Tri-State Area.

    Gravado em 1980, “Let’s go Disco” foi recuperado pela dupla Kon + Amir, pôs os Mixed Company na rota dos mais obstinados Djs e colécionadores de música negra e transformou-se numa arma certeira nas pistas dos mais esclarecidos clubes.

    Uma autêntica pérola, com uma tremenda secção rítmica a alicerçar uns arranjos ao nível do melhor Disco Soul independente produzido nessa altura que, este ano foi reeditada pela Rain + Shine, num doze-polegadas que incluí versões das duas canções que terão sido, originalmente, gravadas na mesma sessão, para além de um par de releituras deste hino.

     

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