• Poder Soul

    20 julho 2020 – 24 julho 2020

    Segunda-feira

    Ken Boothe

    Ain't no sunshine

    Camel

    Depois de uma semana dedicada ao Boogaloo, na que hoje se inícia, farei uma incursão pela Jamaica, focando cinco releituras locais de clássicos da Soul.

    Um dos mais lendários cantores jamaicanos, Ken Boothe nasceu em Denham Town, uma violenta zona de Kingston, em 1948.

    Começou a cantar muito cedo, encorajado pela irmã mais velha – Hyacinth Clover – então uma estabelecida vocalista e comediante e, aos oitos anos de idade, venceu o seu primeiro concurso de talento.

    Iníciou a sua longa e crucial carreira discográfica no príncipio dos anos 60, quando formou um duo com Wilber Cole – Stranger + Ken – e, nas décadas que se seguiram, para além de ter feito parte dos Soul Vendors, a banda residente do Studio One, gravou mais de três dezenas de álbuns e um número impressionate de singles a solo ou com projectos como The Crusaders, The Leaders, The Conscious Minds, The Messengers ou, mais recentemente, Inna De Yard, para marcas decisivas como Randy’s, Coxsone, Supreme, Trojan, Beverley’s, Splash, Soul Beat ou Tuff Gong, entre muitas outras.

    Gravado em 72 e produzido por Lloyd Chambers, “Ain’t no sunshine” foi editado inicialmente no Reino Unido, pela Camel, uma das subsidiárias da Pama, prensado no seu país natal, pela Splash, no ano seguinte, e é um dos grandes clássicos que nos deixou.

    Um tremenda releitura do hino imortal de Bill Withers, que está entre os mais supremos cruzamentos entre Reggae e Soul.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    20 julho 2020 – 24 julho 2020

    Terça-feira

    Tomorrow's Children

    Sister Big Stuff

    London

    Compostos pelos cantores Ken Lazarus, que havia consolidado uma solida reputação enquanto voz de Byron Lee + The Dragonaires, John Jones e Pluto Shervington, acompanhados por Barry Collins, Cornell Marshall, Steve Bachelor, Garth Gregory, Clive Morris and Jerome Francisque, os Tomorrow’s Children nasceram na segunda metade dos anos 60, em pleno advento do Rocksteady.

    Em 1967, assinaram um contrato com a Federal, estreando-se em disco com uma versão do hit de Cher – “Bang Bang” – que acabou por ser licenciado para o território britânico, pela Island.

    Até aos primeiros anos da década de 70, altura em que cessaram a sua actividade, os Tomorrow’s Children gravaram três Lps e quase duas dezenas de singles, para editoras como a Merritone, a London ou a Dynamic Sounds, estabelecendo-se como uma referência do Rocksteady.

    Editado pela London, em 71, o mesmo ano em que Jean Knight gravou para a Stax, com um êxito estrondoso, a sua versão original – “Sister Big Stuff” – é, para mim, o seu momento supremo.

    Uma espantosa cover que acrescenta um delicioso sabor Reggae, à enorme canção original, sem perder pitada da sua imprescindível Soul.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    20 julho 2020 – 24 julho 2020

    Quarta-feira

    Alton Ellis

    It’s a shame

    Splash

    Conhecido como o Padrinho do Rocksteady e irmão mais velho da cantora Hortense Ellis, Alton Ellis nasceu em 1938, no seio de uma família, com fortes ligações à música, de Trenchtown, um bairro de Kingston, que ficou conhecido como a Hollywood da Jamaica.

    Começou a aprender a tocar piano, em tenra idade, e a dançar, na escola, tendo ganho vários concursos de talento, antes de decidir dedicar-se em exclusivo ao canto.

    Em 1959, juntou-se a Eddy Parkins, para formar o duo Alton + Eddy, com quem se estreou em disco, no ano seguinte, com um sete-polegadas, editado pela Blue Beat, arrancando para um marcante e bem-sucedido percurso artístico, que o levou a fixar-se em Londres, depois de uma passagem por Toronto,

    Até 2008, o ano da sua morte, Alton Ellis teve uma curta parceria com John Holt, formou os Flames e os Cool Spoon, integrou os Soul Vendors, gravou mais de duas dezenas de álbuns e centenas de singles, para selos históricos como Duke Reid, Studio One, Coxsone ou Tresure Isle, entre outros, e fundou a sua própria editora – All Tone.

    Registado em 71, para a Splash, “It’s a shame” é, na minha opinião, o maior dos muitos hinos que nos deixou.

    Uma maravilhosa versão do clássico, co-escrito por Stevie Wonder e gravado pelos Spinners, no ano anterior, para a subsidiária da Motown – V.I.P. – que supera, em muito o original, e é um dos mais especiais exemplos da Soul jamaicana.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    20 julho 2020 – 24 julho 2020

    Quinta-feira

    Otis Gayle

    I'll be around

    Studio One

    Nativo de Kingston, mas “exilado” no Canadá, há mais de cinquenta anos, Otis Gayle teve uma longa e marcante carreira, que se estende até aos nossos dias, e, embora o seu output discográfico seja relativamente curto, tem o seu nome associado a alguns clássicos incontornáveis da cena especializada.

    Começou o seu percurso com vocalista dos patriarcais Byron Lee + The Dragonaires, com quem actou no circuito internacional, acabando por se fixar em Toronto, em 1967.

    No ano seguinte, ao mesmo tempo em que trabalhava com os Dragonaires, Otis Gayle regressou à Jamaica, para gravar o seu primeiro single, em nome próprio, na companhia dos Virtues, dando início a uma intermitente carreira discográfica, que se relectiu em dois álbuns e cerca de vinte singles, a solo ou com os Risco Connection, projecto com o qual assinou alguns dos seus maiores hinos.

    Ainda assim, “I’ll be around”, gravado em 72, para a Studio One,  é, sem qualquer dúvida, o seu mais genial momento.

    É que esta tentativa de capitalizar, de imediato, em cima do tremendo êxito dos Spinners, composto Thom Bell e Phil Hurt, para a Atlantic, eleva o patamar desta grande canção, imortalizada pela decisiva banda de Ferndale, no Michigan, a um nível que roça a perfeição.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    20 julho 2020 – 24 julho 2020

    Sexta-feira

    The Blood Sisters

    Ring my bell

    Ballistic

    Embora ainda se mantenham em actividade e até tenham uma página no Facebook, é relativamente reduzida a informação biográfica disponível acerca das Blood Sisters.

    Sabe-se que é um trio vocal composto por Linda Blackwood e as irmãs Moira e Yvonne McCarthy, todas membros da comunidade jamaicana radicada em Londres. Que nasceu na viragem dos 70 para os 80, em pleno advento do chamado Lovers Rock, género que tomou de assalto a cena Reggae londrina que, sendo focado em canções de amor, encontrou na Soul tanta inspiração quanto o seu precursor – Rocksteay – havia encontrado, cerca de uma década antes. E que, nessa altura, gravou meia dezena de singles, quase todos acompanhados pelos One Blood, dos irmãos Paul, Errol, Jerry, Ewan e Trevor Robinson e editados pela Sound City, uma das importantes marcas de Neville King.

    Gravado em 79 e produzido por Lee Laing e Neville King – “Ring my bell” – que nunca foi prensado na Jamaica, tendo sido editado em doze e em sete-polegadas, apenas em países europeus, como Reino Unido, Holanda, França, Itália e Portugal é a sua grande contribuição para a história da melhor música negra.

    Uma deliciosa versão do clássico Disco, escrito por Fredick Knight para Anita Ward, que, na minha opinão, supera em muito o original e deve constar em qualquer coleção que se preze.

     

    ▶️ OUVIR