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Poder Soul
2 – 6 de Maio
2 de Maio
Heem The Music Monsters
Wake up people
Blood Leaf (1976)
Ao longo destes episódios tenho revelado discos sobre os quais existe muito pouca informação e que saíram da obscuridade à custa do trabalho dedicado e apaixonado de Djs e colecionadores.
O mítico Dj escocês Keb Darge é uma dessas pessoas que tem dedicado a vida a descobrir e divulgar muitas destas pérolas, sejam elas Soul, Funk, Disco ou, mais recentemente, Rockabilly, Surf e Garage.
“Wake up people”, do colectivo de Filadélfia, Heem The Music Monsters, é mais um exemplo do seu espantoso trabalho.
Esta rebelde canção Soul – Funk, com acentuados traços Disco, editada em 76 pela Blood Leaf, é o primeiro de dois discos, que tanto banda como editora, viriam a editar. Ficou condenada ao esquecimento até ser re-descoberta pelo escocês louco e incorporada nas suas noites Deep Funk, nascidas a meio dos anos 90, ganhando um estatuto de culto.
A partir daí a história repete-se. As cópias originais atingem a casa dos milhares. E a inevitável Jazzman acaba por re-editar o tema, em doze-polegadas, numa série curada por Fryer, outro escocês a quem muito se deve.
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Poder Soul
2 – 6 de Maio
3 de Maio
Eddie Jefferson
Psychedelic Sally
Prestige (1968)
O fanatismo que um certo círculo de colecionadores tem pelos sete-polegadas é difícil de explicar. Quando a mesma canção vale cerca de vinte vezes mais em single daquilo que vale em Lp, torna-se quase impossível.
Este é um desses casos…
Eddie Jefferson é uma lenda do Jazz vocal, a quem é atribuída a invenção do Vocalese. Fez a sua carreira entre a segunda metade da década de 50 e 79, ano da sua morte, e deixou a sua marca através de versões cantadas de clássicos de Jazz instrumental, que vão de “So what” de Miles Davis a este “Psychedelic Sally” de Horace Silver.
Esta espantosa versão vocal de Eddie Jefferson transcende em muito a composição original, dando-lhe uma dimensão que nunca teria no seu formato instrumental.
Gravada em 68 e incluída em “Body and Soul”, o seu segundo Lp em nome próprio, editado pela Prestige, esta versão foi também editada num 45 rotações que leva à loucura Djs e colecionadores.
A sua entrada nas pistas de dança faz-se no fim dos anos 80, através daquilo que viria a ficar conhecido como Acid Jazz. “Body and Soul” tornou-se num disco obrigatório nas malas do Djs do género.
Até que o tema começa a explodir em cenas onde um certo snobismo domina e que apenas admitem singles originais nas cabines, sejam Soul, Rhythm & Blues ou Mod.
Hoje “Body and Soul” continua a ser fácil de encontrar e acessível. “Psychedelic Sally” em sete-polegadas é quase impossível de encontrar e o seu valor reflecte essa raridade.
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Poder Soul
2 – 6 de Maio
4 de Maio
Detroit Soul
All of my life
Music Town (1967)
A designação Garage Soul tem vindo a ganhar peso no meio dos colecionadores, apresentando-se como mais um nicho com potencial para alimentar a constante busca de novidade que alimenta a sua actividade.
Sendo uma banda com um line-up composto apenas por brancos, formada no seio de dois liceus de New Britain, no Connecticut, que teve uma curta carreira local, entre 65 e 68, com apenas dois singles gravados, os Detroit Soul, cumprem os critérios associados a este sub-género, ou talvez não.
Enquanto a grande maioria das bandas Garage, tentava reproduzir os sons da British Invasion, dos Rhythm & Blues ou do pré-psicadelismo, os Detroit Soul eram inspirados pela coesão Funk e Soul da Motown. Enquanto a grande maioria das bandas Garage, mesmo as poucas que partilhavam esta fonte de inspiração, gravavam com poucas condições, expondo a sua encantadora fragilidade, os Detroit Soul tiveram acesso ao profissionalíssimo estúdio de Doc Cavalier, o Synchron.
Talvez por isso mesmo, “All of my life”, o seu primeiro disco, seja um hino da cena Northern Soul e ignorado pelos adeptos do Garage.
De facto, esta deliciosa canção, composta pelo organista e líder da banda, Peter Villano, em parceria com o vocalista, Sal Linaras, tem uma interpretação e sofisticação muito acima da média das bandas Garage e podia ter valido à banda um contrato com a Capitol, recusado pelo seu manager sem que tivessem conhecimento.
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Poder Soul
2 – 6 de Maio
5 de Maio
Bad Medicine
Trespasser pt.1
Enix (1974)
Os Bad Medicine são mais uma banda composta apenas por brancos, que deixou a sua marca num universo dominado pelos negros.
Oriundos de Syracuse, no estado de Nova Iorque, os Bad Medicine iniciaram a sua actividade em 68 e separaram-se em 75. Construiram uma sólida reputação em palco e gravaram dois singles.
“Trespasser” é o seu segundo e derradeiro sete-polegadas.
Editado em 74 pela Enix, editora local surgida como uma extensão de uma loja de discos, que vira a dar-nos o clássico Deep Disco, “The stranger”, da C. Henry Woods Troupe, este improvável exercício Funk instrumental, dominado pelo sintetizador, não valeu aos Bad Medicine a exposição esperada.
Mais uma vez o insucesso está intimamente ligado com o charme que o disco viria a adquirir no circuito dos Djs e colecionadores e, consequentemente, com a sua raridade.
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Poder Soul
2 – 6 de Maio
6 de Maio
Old (M) Pressions
Right on
Brooks Brothers (1978)
Richard e Arthur Brooks tiveram uma vida cheia e uma longa carreira, que se iniciou a meio dos anos 50.
Nasceram em Chattanooga, no Tennessee; mudaram-se para Chicago, onde fizeram parte dos Impressions, primeiro com Jerry Butler e depois com Curtis Mayfield; seguiram para Detroit, onde deixaram a sua marca em vários clássicos Northern Soul e tiveram um curto namoro com a Motown; e regressaram à sua terra natal para, primeiro editarem na Nasco, de Nashville, como Bits ‘n’ Pieces, e mais tarde formarem os Old (M) Pressions e a sua própria editora, Brooks Brothers; finalmente, em 2009, Richard Brooks inicia uma relação com a britânica Soul Junction, que acaba por consolidar o estatuto dos irmãos como lendas da cena Soul.
“Right on”, gravada em 78, é uma bomba Soul Funk, altamente cobiçada por Djs de Modern Soul e Deep Disco, que há poucos anos trocava de mãos por valores ao alcance de poucos, antes de Dave Thorley desencantar stock esquecido pelo próprio Richard Brooks, dando oportunidade a pessoas como eu para a incluírem na sua coleção.