• Poder Soul

    19 outubro 2020 – 23 outubro 2020

    Segunda-feira

    Diane Lewis

    I play for keeps

    Groovesville / Goldmine Soul Supply

    Nascida em 1948, em Johnstown, na Pennsylvania, Diane Lewis foi uma das grandes vozes da Soul de Detroit, da década de 60, por muito que o seu trabalho apenas seja conhecido por uma minoria de apaixonados.

    Iniciou a sua carreira artística na companhia da sua, também espantosa, irmã – Pat Lewis – com quem formou The Adorables, um trio vocal que, para além delas, incluia Betty Winston, e que, entre 64 e 65, gravou três bons singles, para a Golden World.

    Em 66, depois do selo de Ed Wingate ter sido vendido à Motown, as irmãs juntaram-se a Rose Williams, para fundarem The Group, e participarem em inúmeras sessões de gravação das marcas de Berry Gordy e editarem um sete-polegadas, através da Prophonics, numa altura em que ambas já haviam começado percursos em nome próprio.

    The Group viria a transformar-se nas Hot, Buttered + Soul, as backing-vocals de Isaac Hayes e um dos mais requesitados coros dos anos 70, mas, a solo, Diane Lewis apenas gravaria três singles, entre 67 e 68, para a Love e a Wand, e um par de temas em sessões, promovida pela Solid Hitbound Productions (que tinha assinado a sua irmã), que ficariam arquivados algumas décadas.

    Registado em 67, no United Sound Recording Studio – “I play for keeps” – é um desses temas e, na minha opinião, o mais genial momento desta cantora, que se transformou numa lenda no seio do movimento Northern Soul.

    Uma tremenda versão da enorme canção escrita por Don Davis e imortalizada por Carla Thomas, três anos mais tarde, que está entre a melhor Soul que a crucial Motor City no deu, nos 60, e que, felizmente, foi incluída, pela Goldmine Soul Supply, no terceiro volume da série “Allnighter”.

     

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    19 outubro 2020 – 23 outubro 2020

    Terça-feira

    Irma Thomas

    Hittin’ on nothing

    Minit

    Irma Thomas nasceu Irma Lee, em Ponchatoula, no Louisiana, em 1941.

    Criada em New Orleans, começou a cantar na sua Igreja com 7 anos, teve a sua primeira experiência em estúdio quando andava na escola primária, ao lado dos seus colegas, ganhou um concurso de talento no Ritz Theatre, aos 11, e, aos 13, fez uma audição, que não deu em nada, na importante Specialty Records.

    Em 1959, depois de já se ter casado por duas vezes, de ser mãe de quatro filhos e de ter adoptado o apelido do seu segundo marido, foi “descoberta” por Tommy Ridgely, quando trabalhava como empregada de mesa no Pimlico Club, onde o importante lider de Orquestra actuava.

    Não tardou muito estava a gravar o seu primeiro e, provavelmente, mais decisivo disco – “Don’t mess with my man” – para a Ronn, iniciando uma marcante carreira que se extendeu até aos nossos dias.

    Até 2008, Irma Thomas viria a editar várias dezenas de Lps e de singles, através de selos como Minit, Imperial, Chess, Canyon, Cotillion, Maison de Soul ou Rounder, entre outros, entre os quais se contam um sem número de clássicos, que a pertuaram como uma das grandes vozes femininas da história da música afro-americana.

    Escrito por Allen Toussaint e gravado em 1963, para a Minit, como lado b de “Ruler of my heart” – “Hittin’ on nothing” – é o meu favorito dos seus, muitos, hinos.

    Uma incisiva canção, que funde Rhythm + Blues e Soul de uma forma apenas possível em New Orleans, que está entre o melhor que aquela única e profícua cidade nos deu e que nunca falha quando lançada numa pista de dança.

     

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    19 outubro 2020 – 23 outubro 2020

    Quarta-feira

    The Peacemakers

    Don’t push your luck

    Star

    Este é mais um daqueles discos de um daqueles grupos sobre o qual não se sabe absolutamente nada mas que, mesmo assim, não consigo deixar de partilhar.

    É que é nula a informação disponível acerca destes Peacemakers e mesmo pistas, como a foto que acompanha um dos seus clips no Youtube, apenas servem para nos induzir em erro, pois não existe qualquer relação entre esta banda e o grupo vocal com o mesmo nome que, na década de 50, gravou dois 78 rotações para a editora de Blues de Chicago – Parrot Records – como aí se faz supor.

    Apenas se sabe que só editaram este disco, em 1971, através de uma independente – Star Records – que não tem qualquer outro lançamento documentado.

    Ainda assim, “Don’t push your luck”, que terá sido introduzido na cena especializada por Malachi Trout e popularizado pelo incontornável Keb Darge, a meio dos anos 90, transformou-se num autêntico Graal da cena Deep Funk.

    Uma explosiva canção, com um groove coeso e contagiante, uns eufóricos ad-libs vocais e um belo trabalho de orgão e de guitarra, que está entre o mais supremo que o género nos deu, atinge valores incomportáveis no seu formato original e que, em 96, foi incluída no quarto volume da série, de legalidade duvidosa – “Funky Jams” – prensada pela Hubbub e, três anos mais tarde, integrou o alinhamento de “Funk Spectrum II”, da BBE.

     

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    19 outubro 2020 – 23 outubro 2020

    Quinta-feira

    Madcliff

    I like it

    Guinness

    Madcliff foi, aparentemente, um alter-ego dos Players Association, criado para fazer parte do extenso catálogo da Guinness, uma editora fundada como uma forma de fugir aos impostos que, em 1977, o único ano em que operou, prensou sessenta e cinco Lps, entre os quais discos ultra-colecionáveis de nomes como Formula 1, Newban, Gene + Bobby ou Carlos Franzetti, entre outros.

    O projecto terá sido “fundado” por Chris Hills, produtor, compositor, multi-instrumentista e cantor que, desde a segunda metade dos anos 60, esteve associado a grupos como The Free Spirits e Everything is Everything, e foi o mentor dos Player Association, banda que também se estreou em disco em 77, da qual fazia parte Danny Weiss que, ao lado de Chico Waters, é um dos poucos nomes creditados no único Lp dos Madcliff.

    “I like it”, que também foi gravada para o primeiro longa-duração dos Players Association, numa bela versão mais longa, é um dos muitos grandes temas que compõem este álbum e, embora não goze do culto de “You can make the change” ou de “What the people say about love”, é a minha favorita.

    Um contagiante instrumental Jazz-Funk, comandado por um tremendo Clavinet e pontuado por uns certeiros ad-libs vocais, que leva qualquer pista de dança ao rubro e que, desde que foi reeditado, em 2016, pela Soul Brother, pode e deve fazer parte de todas as coleções que pretendam cobrir a melhor música da década de 70.

     

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    19 outubro 2020 – 23 outubro 2020

    Sexta-feira

    John Edwards

    Tin man

    GRC / Kent

    John Edwards nasceu em St. Louis, no Missouri, em 1944.

    Começou a cantar em clubes, enquanto cumpria o serviço militar na Alemanha e, depois de regressar aos Estados Unidos, abriu concertos para nomes com Wilson Pickett, em Chicago, onde viria a conhecer Curtis Mayfield, que o apresentou à marcante cantora, compositora e produtora Jo Armstead, para esta dirigir a sua estreia em disco, através da Weis, em 1969.

    Até 77, ano em John Edwards passa o integrar a formação dos Spinners, a tempo inteiro, gravou treze singles e dois sólidos Lp, para marcas como a Twin Stacks, a Bell, a Ware, a GRC e a Cotillion, para além de uma série de grandes temas, que ficaram arquivados durante duas décadas.

    Registado pela GRC, em 75, “Tin man” foi uma das canções que apenas viriam a ser desvendadas, em 96, no CD – “Careful man” – e, para mim, o seu mais genial momento.

    Uma deliciosa versão da canção escrita por Dewey Bunnell, para os America, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação que roçam a perfeição, que, em 2003, foi prensada, pela Kent, num sete-polegadas que, rapidamente, se transformou num objecto de coleção.

     

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