• Poder Soul

    15 agosto 2022 – 19 agosto 2022

    Segunda-feira

    The Gow-Dow Experience

    Compared to what

    The Gow-Dow Experience Productions

    Antes de assumir o cargo de Professor na Cal Poly Pomona, que estaria na origem do disco que aqui vos trago, James Benson, nasceu no Mississippi, nos anos 30, cresceu no Ohio, começou a tocar no Alabama, quando estava na tropa, e cruzou-se com os Jazz Crusaders, em Houston, no Texas, onde tomou conta do sax barítono e da flauta em vários palcos.

    Naquela universidade californiana, reuniu uma série de estudantes Afro-Americanos, para pôr em prática aquilo a que chamou Black Functionalism ou uma vaga de activades consistentes que refectissem a sua responsabilidade e preocupação e com a comunidade, que se viria a concretizar em concertos gratuitos, que iam das prisões às escolas e às igrejas, passando pela televisão, por festivais ou simples casamentos.

    Este rico percurso acabou por estar na origem da gravação de The Gow-Dow Experience, um ultra-colecionável Lp, autoeditado em 1973, que se transformou num verdadeiro marco na história da mais progressiva música negra.

    “Compared to what” é um dos temas que compõem esse histórico longa-duração, o único de James Benson que, apesar de ainda ter passado por Africa e de ter colaborado com Fela Kuti, não voltou aos discos.

    Uma tremenda versão do clássico composto por Eugene McDaniels, que é um mero cartão de visita de um enorme disco, onde, ao longo de duas faces, se viaja da Soul até ao mais libertário e espiritual Jazz.

     

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  • Poder Soul

    15 agosto 2022 – 19 agosto 2022

    Terça-feira

    The Original Christian Harmonizers

    Blackman, keep on doing your thing

    Hummingbird

    Formados por três irmãos, filhos de um Pastor Baptista, nascidos e criados nas Igrejas do Mississippi, os Christian Harmonizers nasceram quando, já jovens adultos, se mudaram para Memphis.

    Um dos três Brooks, resolveu dedicar-se ao ministério e o grupo acabou por se tornar num quarteto com a inclusão de mais duas vozes, entre as quais constava a de Jack Ward.

    Começaram a actuar no circuito Gospel e, depois de terem conhecido Ben Witherspoon, fundador da importante independente de Milwaukee – Hummingbird Records – iniciaram uma carreira discográfica que, entre o início dos anos 60 e o dos 80, se reflectiu na gravação de dois Lps e de dez singles, entre os quais se encontram vários cobiçados clássicos.

    “Blackman, keep on doing your thing” é um dos temas do seu primeiro longa-duração, homónimo, um disco ultra-raro que conta com Isaac Hayes no piano, foi prensado num disputado sete-polegadas e é, para mim, o maior dos seus hinos.

    Um imenso cruzamento entre Gospel e Funk que, sendo praticamente impossível de assegurar nos seus formatos originais, foi incluído, por Greg Belson, na crucial recolha “Divine Funk”, editada pela Cultures of Soul, no ano passado.

     

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  • Poder Soul

    15 agosto 2022 – 19 agosto 2022

    Quarta-feira

    Billy Joe Holloman

    Kool is back

    Jazzman

    Embora fosse um organista de excepção e tivesse uma preenchida agenda em palcos que foram muito além de Minneapolis, a sua cidade natal – Billy Joe Holloman – nunca editou um disco.

    No princípio da década de 70, juntou-se ao guitarrista Jerry Bennett para formar um trio que viria a percorrer palcos de pequenos clubes nocturnos locais.

    Depois de Bennett morrer repentinamente, Holloman transformou o trio em quinteto, com a inclusão de Jonathan e Bennett Higgins, Stanley “Big Stan” e Billy Clemons e comprou um gravador de fita onde gravava os concertos, que passaram a estender-se ao Connecticut e ao Kentucky, e que veio a ser resgatado pela Jazzman Records.

    Registado em 1971 no Joe Palm’s Room, em Louisville – “Kool is Back” – é um dos temas que consta dessas bobines e foi, finalmente, revelado em “Midwest Funk”, marcante colectânea editada pela marca britânica, em 2003.

    Uma grande versão do clássico dos Kool + The Gang, de um talentoso músico, que não se percebe que nunca tivesse a oportunidade de construir uma carreira discográfica.

     

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  • Poder Soul

    15 agosto 2022 – 19 agosto 2022

    Quinta-feira

    Chocolate Milk

    Time machine

    RCA

    Frank Richard, Amadee Castenell, Joseph Fox, Mario Tio, Earnest e Robert Dabon, Kenneth Williams e Dwight Richards formaram os Chocolate Milk, em New Orleans, no Louisiana, em 1974.

    Foram imediatamente apadrinhados por Allen Toussaint que, depois de lhes ter assegurado um contrato com a RCA, os levou para estúdio para gravarem “Action speaks louder than words”, o primeiro dos nove Lps que editaram até 82, ano em que puseram fim a uma marcante e bem-sucedida carreira.

    Parte do histórico álbum que marcou a sua estreia discográfica, em 75, “Time machine” não foi um dos vários hits que acabaram prensados em single, mas é para mim o seu mais genial momento.

    Uma maravilhosa fatia da mais futurista Soul, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação do outro mundo, que soa hoje tão actual como quando foi gravada.

     

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  • Poder Soul

    15 agosto 2022 – 19 agosto 2022

    Sexta-feira

    Sweet Pearl

    You mean everything to me

    Leopard Head

    Lula Pearl, aqui creditada como Sweet Pearl, é uma misteriosa cantora de Mason, no Tennessee, que apenas gravou este disco, o suficiente para garantir um lugar de culto no seio da cena especializada.

    Não se sabe como é que começou a cantar nem como é que se cruzou com George Wright, o produtor de Memphis que fez deste sete-polegadas o único lançamento da Leopard Head, independente que terá criado para o efeito.

    Uma coisa é certa, gravado em 1981 no Allied, estúdio de Bill Cantrell, ex-engenheiro de som da Sun – “You mean everything to me” – transformou-se num verdadeiro Graal entre os mais abastados colecionadores da cena Soul, trocando de mãos na casa dos milhares.

    Uma autêntica obra-prima Crossover, que felizmente foi incluída em “Stone Crush”, obrigatória recolha da mais obscura Modern Soul de Memphis, editada pela Light in the Attic, em 2022.

     

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