• Poder Soul

    14 setembro 2020 – 18 setembro 2020

    Segunda-feira

    The Isley Brothers

    Who’s that lady

    United Artists

    Formados pelos irmãos Ronald, Rudolph, O’Kelly e Vernon, em Cincinnati, nos primeiros anos da década de 50, os Isley Brothers são um dos mais influentes grupos da história da música negra e, provavelmente, aquele com o mais longo percurso em todo o universo da música popular.

    Inicialmente um quarteto vocal, que se dedicava exclusivamente ao Gospel, o grupo ficou reduzido a trio, em 1955, na sequência da morte de Vernon, num acidente de bicicleta, começando a cantar Doo Wop e Rhythm + Blues.

    Em 57, os irmãos mudaram-se para Nova Iorque e, nos dois anos que se seguiram, gravaram meia-dúzia de singles, antes de assinarem um contrato com a RCA que, ao segundo lançamento, nos deu o icónico “Shout!” e lhes abriu caminho para uma carreira de quase sete décadas, com as necessárias renovações de line-up a serem feitas, quase sempre, no universo familiar.

    Até aos nossos dias, os Isley Brothers editaram dezenas de Lps e centenas de singles, através de marcas como a Atlantic, a Wand, a Tamla, a Warner Bros. ou a sua T-Neck, através da qual “apadrinharam” a primeira experiência de estúdio de Jimi Hendrix, tendo-nos deixado inúmeros hinos, como “This old heart of mine” ou “It’s your thing”, entre muitos outros.

    “Who’s that lady”, que foi gravada em 64, para a United Artists, e regravada, nove anos depois, como tema de abertura de “3 + 3” é, para mim, uma das suas mais geniais canções, principalmente na sua suprema versão original.

    Uma verdadeira obra-prima, que cruza Jazz, Rhythm + Blues e Soul como poucas e retrata, na perfeição, o imenso talento e versatilidade destes irmãos, que viriam a explorar e a deixar a sua marca em quase todos os caminhos da música popular do fim do século XX.

     

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  • Poder Soul

    14 setembro 2020 – 18 setembro 2020

    Terça-feira

    The Exciters

    Blowing up your mind!

    RCA

    Brenda Reid, Sylvia Williams, Lillian Walker e Carol Johnson formaram as Masterettes, num Liceu de Queens, Nova Iorque, em 1961.

    Depois de, nesse mesmo ano, o quarteto vocal feminino ter gravado o seu único single – “Follow the leader” – para a Le Sage, Sylivia Williams deu lugar ao produtor, compositor, baixista e cantor Herb Rooney que, ao lado de Brenda Reid, com quem viria a casar, assumiu as vozes principais do grupo, que se passou a chamar The Exciters.

    Entre 62 e 76, a banda, que começou o seu percurso discográfico pelas mãos da célebre dupla Leiber + Stoller, gravou meia-dúzia de Lps e cerca de três dezenas de singles, para editoras como a United Artists, a Roulette, a Shout, a Bang, a RCA, a Today ou a 20th Century, assinando clássicos como “Tell him”, “He’s got the power” ou “Do-Wah-Diddy”.

    Editado em 69, pela RCA, “Blowing up your mind!” é o seu momento supremo e um verdadeiro hino Northern Soul.

    Uma intensa e contagiante canção que foi, imediatamente, adoptada pelo militante movimento britânico e que, mais de cinquenta anos depois, continua a rebentar com qualquer pista de dança.

     

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    14 setembro 2020 – 18 setembro 2020

    Quarta-feira

    Sweet Mixture

    House of fun and love

    Bazar

    Não se sabe praticamente nada acerca destes Sweet Mixture.

    Sabe-se que serão oriundos de Chicago, que estiveram activos nos primeiros anos da década de 70 e que apenas gravaram um sete-polegadas, produzido por Ron Rice, nos pequenos estúdios que alimentaram a sua independente – Bazar Records – que, nessa altura, editou pouco mais do que uma mão cheia de singles de artistas locais, com pouco alcance, como Jesse Glover ou Roy Kinard.

    Não se sabe absolutamente mais nada.

    Ainda assim, ou talvez por isso mesmo, “House of fun and love”, registado em 1973, é o lado b de um double-sider que se transformou num autêntico Graal da cena especializada e uma verdadeira obra-prima Crossover.

    Uma deliciosa canção Soul, com uns belos e extremamente originais arranjos e uma tremenda interpretação vocal, de uma cantora incognita até hoje, que, no seu formato original troca de mãos por valores perto do milhar e que, felizmente, foi reeditada, este ano, pela novíssima Discs of Fun and Love.

     

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    14 setembro 2020 – 18 setembro 2020

    Quinta-feira

    Norman Weeks + Revelations

    I will stand on it

    Evergreen

    Embora ainda se mantenha no activo, com o projecto Groove Tyme, é, também, escassa a informação biográfica disponível acerca de Norman Weeks e dos seus Revelations.

    Inspirado por nomes como Oscar Peterson e Joe Sample, o Pastor, nativo de Baltimore, que resolveu dedicar-se à música, dando corpo a uma inspiradora fusão de Gospel com Jazz e Soul, iniciou o seu percurso artístico nos primeiros anos da década de 70, quando se juntou a Lloyd Dorsey, Barry Woodley, Matthew Stanton, Allen Fedd, Walter Collins, Patricia Thompson, Deborah Taylor, Michael Blue e Octavia Williams, para fundar os Revelations.

    Esta banda dirigida por um multi-intrumentista que, além de cantar e assegurar todos os teclados, também era responsável pela composição e produção dos seus discos, gravou apenas um Lp e um maxi-single, entre 75 e 84, ano em que se separou, para as independentes de Baltimore e de Washington D.C., Evergreen e Rent Productions, Inc..

    Ambos se transformaram em cobiçados objectos de coleção.

    “I will stand on it” é o tema de abertura de “Miracles”, o seu disco de estreia, gravado para a Evergreen, pequena marca de Baltimore que também nos deu um trio de singles de culto da D.I.T. Band, e um dos vários grandes temas que assinou.

    Uma imensa canção Gospel, temperada pela melhor Modern Soul, que é um dos grandes momentos de um disco, que era inalcançável (no seu ultra-raro formato original), até ter sido recuperado pela High Jazz, a meio deste ano.

     

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  • Poder Soul

    14 setembro 2020 – 18 setembro 2020

    Sexta-feira

    Arabi

    Times three

    Sound of New Orleans

    Os misteriosos Arabi apenas gravaram um sete-polegadas, mas isso foi o suficiente para garantirem um estatuto de culto no seio da cena Soul especializada.

    Tudo indica que terão sido baptizados com o nome do suburbio de New Orleans onde terão nascido, a meio dos anos 70, e foi na emblemática cidade que, em 77, gravaram o seu único disco, para se evaporarem, logo a seguir.

    Foram, aparentemente, uma das apostas de Gary Edwards, um jovem músico e empresário que, na década de 60, se viu no centro da dinâmica cena músical local, ao alugar equipamento de som a nomes do Jazz, como Ellis Marsalis, e dos Gospel, como Sherman Washington, o líder dos Zion Harmonizers, e que, inspirado e com o apoio do mítico Cosimo Matassa, fundou a Sound of New Orleans, marca que ainda se mantém activa e que editou nomes como Tommy Ridgley ou Irma Thomas.

    “Times three”, o solitário disco dos Arabi, é o mais marcante disco lançado pela independente e um verdadeiro hino Disco Soul.

    Uma poderosa canção, ancorada num grande break Funk e num groove coeso e contagiante, que leva ao delírio qualquer pista de dança e que deve constar de qualquer coleção que pretenda cobrir a melhor música negra dos 70, até porque foi, recentmente reprensada pelo Fraternity Music Group.

     

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