Poder Soul

14 – 18 de Dezembro

Willie Wright – Right on for the darkness (Hotel) 197? (14 de Dezembro)

A história de Willie Wright é feita de altos e baixos, de excitação e desilusão, a exemplo de muitos artistas que aqui trago.

Nascido no Mississippi, chega a Nova Iorque nos anos 50, para formar a banda de Doo-wop The Persuaders. No início dos 60 grava, para a subsidiária da King Records – Federal – dois marcos da cena Rhythm & Blues: “Slowly losing my mind” e “I’m gonna leave you baby”, para se ficar pelo circuito de clubes da cidade.

Muda-se para Boston no fim da década. Funda o seu próprio selo, a Hotel Records, onde viria a editar dois álbuns e um single, que tinha no lado B esta espantosa versão do clássico de Curtis Mayfield, “Right on for the darkness”. E, mais uma vez, volta ao esquecimento dos clubes.

Depois de ter sido recuperado, primeiro pela Jazzman, através da re-edição deste hino, e, depois, pela Numero que re-editou o seu álbum essencial, “Telling the truth”, Willie Wright volta a estúdio em 2012 para gravar “This is not a dream”, o seu mais recente trabalho.

Willie Wright

 

 Charles Sheffield – It’s your voodoo working (Excello) 1961 (15 de Dezembro)

Charles Sheffield, também conhecido por “Mad Dog” Sheffield, é oriundo de Lake Charles, no Louisiana.

Entre o fim dos anos 50 e o fim dos anos 60, tem bastante actividade, como músico e produtor de bandas de Zydeco, que gravitavam à volta dos estúdios e editora local, Goldband, selo do primeiro dos seus dois singles.

Em 1961, edita o espantoso “It’s your voodoo working” para a Excello, que, apesar desta subsidiária da Nashboro ter presença nacional, acabou por se revelar um “flop” e ditar o seu desaparecimento da cena músical.

“It’s your voodoo working” é um dos mais perfeitos exemplos da transição dos Rhythm & Blues para a Soul e tem sido alvo do interesse de Djs e colecionadores, durante a última década, tornando-se num objecto de culto das pistas dos géneros.

Em 2012, Liam Large, arquivista militante e fundador da essencial Jukebox Jam, descobre e edita “I got fever”, gravação inédita, esquecida no meio das sessões da Goldband, que reforça o talento único de Charles “Mad Dog” Sheffield e que, a seu tempo, será alvo de destaque aqui, no Poder Soul.

Charles Sheffield

 

Luther Davis Group – You can be a star (Life Time) 1979 (16 de Dezembro)

Falecido no passado mês de Novembro, Luther Davis é mais uma daquelas personalidades que merecia ter outro tipo de reconhecimento, mesmo tendo apenas editado um sete-polegadas.

A verdade é que este single, editado em 1979 pela sua Life Time Records, é composto por duas autênticas obras-primas, que deveriam ter assegurado outro futuro a este nativo de Bakersfield, na Califórnia.

Pelo contrário, estas pérolas de uma Soul hibrida e low-fi, acabaram por ser apenas acessíveis aos grandes colecionadores e Djs chave das cenas Funk e Soul.

A Soul-Cal, de Egon, acabou por lhes asseguram maior visibilidade ao fazer de “To be free” e deste “You can be a star” o seu primeiro lançamento.

Luther Davis Group

 The Brothers Seven – Evil ways (Good Luck) 1969 (17 de Dezembro)

Nas notas da compilação Texas Funk, DJ Shadow afirma que” fazer música selvagem e violenta era uma das poucas formas relativamente seguras de descomprimir num território marcado pelo autoritarismo.”

Talvez por isso seja natural que o primeiro dos dois únicos singles desta banda de Passadena tenha sido produzido por C.L. Milburn, personagem ligada a cena Garage local.

Em “Evil ways”, The Brothers Seven, dão ao original de Santana um tratamento ao estilo do mais emblemático hino Funk do Texas – o “Tighten up”, mantendo a energia quase visceral dum dos mais duros e míticos estados americanos.

The Brothers Seven

 

Patti Austin – (I’ve given) you all my love (Coral) 1967 (18 de Dezembro)

Filha de um músico de Jazz, Patti Austin teve a sua estreia artística aos 4 anos, aos 5 “assinou” o seu primeiro contrato discográfico, apadrinhada por Quincy Jones e Dinah Washington, e mantém-se activa até hoje.

Em quase seis décadas de carreira, esteve ligada a todas as mutações que a música negra foi sofrendo. Fez discos de R&B, de Soul, de Disco e de Jazz, tendo editado mais de vinte álbuns e sessenta singles, muitos deles medianos.

“(I’ve given) you all my love”, editado em 67 pela Coral Records, é um dos hinos com que brindou a cena Northern Soul.

Uma canção quase perfeita, com uns arranjos irrepreensíveis e uma interpretação superior, que qualquer Dj com brio não quer largar, tendo-se tornado num objecto raro e muito disputado.

Patti Austin