• Poder Soul

    11 maio 2020 – 15 maio 2020

    Segunda-feira

    The Capitals

    I can’t deny that I love you

    Omen

    Sabe-se pouco sobre este grupo vocal feminino, mas existem pistas suficientes para perceber o contexto em que gravou o seu único disco, um hino maior do movimento Northern Soul.

    Sabemos que esta canção foi escrita por Zelpha Crawford, uma das cantoras que compunha o grupo e que, na década de 60, fez parte de uma geração de vozes que ligou Los Angeles à Motown, muito antes desta se mudar para a Cidade do Anjos, tendo fundado as Wooden Nickels e The Secrets, com Pat Hunt e as irmãs Brenda e Patricia Holloway, que viriam a ser recrutadas por Berry Gordy.

    Tal como aconteceu com este single, ambos os projectos gravaram para a Omen, um subsidiária da A+M, dirigida por Brice Coefield e Chester Pipkin, antes de Zelpha se associar a Dorothy Berry e Oma Drake para, em 1969, editar o seu derradeiro sete-polegadas, através da Chisa, marca de Hugh Masekela, distribuida pela Motown.

    “I can’t deny that I love you”, o único disco das Capitals, foi produzido em 65, por Miles Grayson, um decisivo músico, compositor, arranjador e produtor, que deixou a sua marca nas carreiras de nomes como The Milestones, Mary Love, Brenda George, Z.Z. Hill, Ted Taylor, Lynn Varnado, Vernon Garrett ou Jewel Akens, entre muitos outros.

    Uma incisiva canção Soul, que não deve nada ao melhor que a Motor City nos deu, nos anos 60, e que, desde que foi introduzida no Wigan Casino, tem sido alvo de uma árdua disputa entre os mais ambiciosos Djs e colecionadores, trocando de mãos por valores acima do milhar.

     

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    11 maio 2020 – 15 maio 2020

    Terça-feira

    Benny Poole

    Pearl, Baby Pearl (Latin Bo-Ga-Loo)

    Solid Hit

    Benny Poole é um talentoso saxofonista, nativo de Jackson, no Michigan, que, embora tenha uma longa carreira e uma sólida reputação local, tem um curto output discográfico.

    Entre a segunda metade dos anos 60 e a primeira dos 70, tocou com nomes como Grant Green, Richard “Groove” Holmes, Jimmy Smith, Lloyd Price, Abbey Lincoln, Gene Harris, Lyman Woodard ou Eddie Russ e gravou dois pares de singles para marcas como a Solid Hit e a Cascade Sound, entre os quais se encontram alguns clássicos da cena especializada.

    Passou as últimas décadas a tocar em casinos, resorts, hoteis, bares e restaurantes, tendo, recentemente, voltado a gravar um CD, com muito pouco interesse, que vende directamente.

    Editado em 1967, pela Solid Hit, uma associada da histórica Revilot Records, de Detroit, fundada por Don Davis e LeBaron Taylor – “Pearl, Baby Pearl (Latin Bo-Ga-Loo)” – é o lado A de um obrigatório double-sider, que tem o não menos clássico “Sorry ‘bout that”, na face oposta.

    Um tremendo instrumental que cruza, de forma certeira, Rhythm & Blues, Soul e Funk e que deve constar de qualquer coleção minimamente exigente, até porque pode ser assegurado por valores mais do que razoáveis.

     

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    11 maio 2020 – 15 maio 2020

    Quarta-feira

    Point of View

    I’m superman

    Instant

    Point of View é, aparentemente, um projecto de Lee Bates que apenas rendeu este disco.

    Nascido Obie Leroy Bates, em Magnolia, no Mississippi, em 1941, Lee Bates mudou-se para New Orleans, ainda teenager, para se tornar num dos protagonistas da riquíssima cena músical daquela cidade do Louisiana.

    A sua carreira iniciou-se na segunda metade da década de 60, apadrinhado por Chris Kenner, que o ouviu cantar depois de o ter contratado como motorista e lhe reconheceu uma enorme parecença com Otis Redding.

    Depois de se ter estreado, em 67, com “Bad bad understanding”, através da White Cliffs, de Cosimo Matassa, foi contratado por Joe Banashak, outro peso pesado do mundo editorial de New Orleans, que fundou marcas de culto como a Minit, a Instant ou a Alon (crucial para as carreiras de Allen Toussaint, Irma Thomas, Ernie K-Doe ou Aaron Neville, entre outros) e, entre 70 e 88, viria a editar duas dezenas de sete-polegadas.

    Gravado em 75, para a Instant, e, inexplicávelmente, creditado a Point of View – “I’m superman” – não consta de nenhuma das suas discografias publicadas, mas é o seu mais genial momento.

    Uma autêntica obra-prima Funky Soul que, depois de ter sido introduzida nos clubes de referência da cena Soul, já neste milénio, se transformou num cobiçado e praticamente inacessível troféu que, no ano passado foi, finalmente, reeditado pela série Club Soul, da Charly Records, num disco que só peca pela pouco cuidada qualidade sonora.

     

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    11 maio 2020 – 15 maio 2020

    Quinta-feira

    John Simeone

    Who do you love

    TNT

    Só quando a Tramp reeditou esta pérola, em 2017, é que se percebeu que John Simeone é, na realidade, Johnny Stark, o icon Rockabilly que fez um par de incursões pela Soul. 

    Nativo de Fairview, em New Jersey, Stark mudou-se para Hollywood aos dezanove anos, para tentar fazer carreira no circuito Rock’n’Roll da West Coast, tornando-se uma presença assídua nos clubes nocturnos de Los Angeles, onde viria a conhecer o produtor Mark Traversino, que acompanharia grande parte de um percurso de grande sucesso que o levou a trabalhar ao lado de nomes como Elvis Presley, Gene Vincent, Eddie Cochran, Ritchie Valens, Connie Francis, Frankie Avalon ou Paul Anka e a gravar meia-dúzia de hits, no fim dos anos 50.

    Nas décadas que seguiram, embora a sua carreira discográfica tenha ficado em suspenso, Johnny Stark, que ainda se mantem em actividade, não parou de tocar nos espaços mais prestigiados da Costa Oeste e nos melhores Hoteis e Casinos de Las Vegas, Tahoe e Reno, onde se cruzou com Duffy Jackson, com quem gravou uma tremenda versão do clássico de James Brown – “I feel good” – em 1975.

    “Who do you love”, foi editado três anos depois pela pequena independente TNT e, misteriosamente creditado a John Simeone.

    Esta imensa canção Modern Soul, transformou-se num ultra-raro e cobiçado troféu, entre os mais abastados Djs e colecionadores da cena especializada, até a Tramp a ter tornado acessível à generalidade dos amantes da melhor música negra e ter desvendado este enigma.

     

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  • Poder Soul

    11 maio 2020 – 15 maio 2020

    Sexta-feira

    Creators

    Just you and me

    RCA

    Apesar de terem editado este disco através de uma major, é praticamente nula a informação disponível acerca dos Creators.

    Pelo facto de ambos os discos partilharem a mesma empresa de publishing – Sweat Box Music – presume-se que será a mesma banda que, três anos antes, havia gravado um também raro e colecionável sete-polegadas para a Coconut Records, uma pequena independente de Dallas, no Texas que, assim, parece ser a cidade onde nasceu.

    “Just you and me” foi editado em 1978, pela RCA, será o derradeiro disco de uma banda que, a confirmarem-se as suspeitas, só nos deu qualidade e é um hino maior da actual cena Soul.

    Uma verdadeira obra-prima Disco Soul, com uns tremendos arranjos e uma produção sofisticada, que leva ao delírio qualquer pista de dança, faz parte das escolhas obrigatórias dos Djs de referência do género e foi reeditada pela Athens of the North, em 2018, para júbilo de todos aqueles que não têm meios para ambicionarem uma cópia original.

     

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