• Poder Soul

    10 fevereiro 2020 – 14 fevereiro 2020

    Segunda-feira

    Frank Howard + The Continentals

    Do what you wanna do (Part I)

    DeLuxe

    Frank Howard foi um dos principais activistas da cena Rhythm + Blues de Nashville, da segunda metade dos anos 50 ao fim dos 60.

    Começou a pisar os palcos em 1957, quando formou o grupo vocal The Marquees, com o seu irmão Bruce. 

    Em 1961, a banda transformou-se num trio, com a entrada de Charlie Fite e Hershel Carter e assumiu uma residência semanal no Club Stealaway, gerido pelo influente Dj Bill “Hoss” Allen, que acabara de abandonar a promoção da Chess e se tornaria no seu manager, convencendo-os a mudarem o nome para Frank Howard + The Commanders e conseguindo-lhes assegurar um lugar fixo no mítico programa televisivo que viria a apresentar – The !!!! Beat.

    Estrearam-se em disco, em 64, com um single para a Hermitage e gravaram o segundo e derradeiro do grupo, dois anos mais tarde, através da Barry, numa sessão que contou com um Jimi Hendrix, em trânsito entre a banda de Little Richard e os Isley Brothers, e da qual resultou o hino Northern Soul, “I’m so glad”.

    O trio vocal decidiu separar-se, pouco depois, e Frank Howard, sempre ligado a “Hoss” Allen, gravou um single a solo, para Excello, antes de se juntar aos Continentals, para editar o seu último sete-polegadas, em 1969 e, logo a seguir, abandonar a vida artística, durante mais de três décadas.

    Editado pela DeLuxe, uma das subsidiárias da King – “Do what you wanna do” –  foi o seu disco de despedida e, não sendo o mais raro, nem sequer o mais cobiçado, é, para mim, aquele que se mantém mais pertinente.

    Um incisivo instrumental Funk, acompanhado por spoken-word, que se transformou num clássico Rare Groove, infalível quando lançado numa pista de dança, e é obrigatório em qualquer coleção que se preze.

     

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    10 fevereiro 2020 – 14 fevereiro 2020

    Terça-feira

    Jeanette White

    No sunshine

    Vibrations

    É praticamente nula a informação biográfica disponível acerca de Jeannette White, mas os créditos impressos no rótulo do seu único sete-polegadas, dão-nos algumas pistas que, pelo menos, nos permitem situá-la no tempo e no espaço.

    Podemos, assim, deduzir que seria oriunda de Los Angeles ou, no mínimo, da Califórnia, que terá estado activa na viragem dos anos 60 para os 70 e que a sua voz chamou a atenção de protagonistas com algum peso na cena músical da Costa Oeste.

    Ambos os lados deste disco foram escritos por Mel Larson e Jerry Marcelino, uma dupla que havia começado o seu percurso em Berkeley, a meio da década de 50, em pleno advento do Doo-Wop, e que gravou uma mão cheia de singles, para marcas como a Music City, a Era, a Boss-Sound e a Warner Bros., como The Three Honeydrops, The Naturals e Jerry + Mel, antes de começar a compôr para nomes como Trini Lopez ou Martin Denny e de tornarem em colaboradores regulares da Motown, nos anos 70, tendo trabalhado com os Jackson 5, os Four Tops, Dianna Ross ou Smokey Robinson.

    Gravado em 1969, numa sessão dirigida pelo prestigiado Henry Lewy, com arranjos de Jack Eskew, autor do hino Northern Soul  “Gone with the wind is my love” de Rita + The Tiaras – “No sunshine”- é o lado b do disco que foi prensado pela Vibrations e pela A+M, e a sua grande contribuição para as pistas de dança.

    Uma potente canção Sister Funk, que aquece qualquer clube e que pode ser assegurada por pouco mais do que o custo de uma novidade, seja em que versão for.

     

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    10 fevereiro 2020 – 14 fevereiro 2020

    Quarta-feira

    Gypsy

    Cuz it’s you girl

    F+E

    James Walsh, Jim Johnson, Doni Larson e Enrico Rosenbaum formaram os Underbeats, uma banda Garage de culto de Minneapolis, em 1962.

    Entre 64 e 67, o grupo gravou perto de uma dezena de singles, antes de se transformar nos Gypsy, com a entrada do baterista Jay Epstein, e assumir um residência de oito meses, no mítico Whisky a Go Go, em Hollywood, no fim de 69 e princípio de 70, ano em que foi contratado pela Metromedia, iniciando um percurso discográfico que se reflectiu em cinco Lps e uma dezena de sete-polegadas, divididos por duas encarnações: numa primeira, entre 70 e 73, em que exploraram os caminhos do Rock Progressivo e numa segunda, entre 77 e 78, já como James Walsh Gypsy Band, em que se distinguiram pelo sua abordagem ao chamado Blue-Eyed Soul.

    Embora tenha sido, inicialmente, prensada em single, pela sua Free + Easy Records, em 77, e ainda atribuída apenas a Gypsy – “Cuz it’s you girl” – que foi incluída no primeiro Lp da segunda vida da banda, editado pela RCA, no ano seguinte, é a sua grande contribuição para a cena especializada.

    Uma deliciosa pérola Modern Soul, cujas várias edições em sete-polegadas são altamente colecionáveis, mas que pode ser assegurada no álbum por uma verdadeira bagatela.

     

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  • Poder Soul

    10 fevereiro 2020 – 14 fevereiro 2020

    Quinta-feira

    Khemistry

    Can you feel my love

    Columbia

    Marie Council, Shirl Hayes e Kimus Knight formaram os Khemistry, em Washington D.C., no princípio dos anos 80.

    Apadrinhados pela importante dupla de compositores e produtores – Willie Lester e Rodney Brown – que havia construído uma sólida reputação através das suas decisivas colaborações com nomes como The Modulations, Pulse, Al Johnson, Positive Change, Gayle Adams, Sharon Redd, Bobby Thurston ou Clifton Dyson, entre outros, assinaram um contrato com a Columbia, em 1982, que, embora se tenha concretizado na gravação de um histórico e colecionável Lp, homónimo, não evitou uma reduzida carreira discográfica que terminou três anos depois, com um maxi para a Mainline, marca dos seus produtores.

    “Can you feel my love” é um dos temas desse grande álbum e um verdadeiro hino da cena Rare Groove.

    Um monstro Disco Soul, temperado pelo Boogie, que leva ao delírio qualquer pista de dança, se mantém tão eficaz como na altura que foi gravado e que, em 2016, teve a sua primeira edição em sete-polegadas, através da Expansion.

     

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  • Poder Soul

    10 fevereiro 2020 – 14 fevereiro 2020

    Sexta-feira

    Quinteto Ternura

    Baby

    RCA

    Filhos do compositor Umberto Silva, Jurema, Jussara e Robson Lourenço da Silva, cresceram, na década de 50, no bairro do Realengo, nos subúrbios do Rio de Janeiro.

    A meio dos anos 60, os irmãos decidiram formar um grupo vocal que, por sugestão da sua amiga Lilian Maria, foi baptizado Trio Ternura.

    O grupo estreou-se em disco em 1966 e, nos anos que se seguiram, além de ter participado no decisivo programa televisivo, da Record, apresentado por Roberto Carlos – Jovem Guarda – e de ter acompanhado Toni Tornado, na sua vitória do Festival Internacional da Canção de 1970, com “BR-3”, assinou dois Lps e cerca de uma dezena de singles, para a Musidisc, a CBS, a Polydor e a RCA, onde explorou a Soul e o psicadelismo.

    Em 74, o Trio passou a Quinteto, com a inclusão dos, também, irmãos Léo e Zé Roberto, para gravar um Lp, altamente colecionável, e dois singles, através da RCA e da Continental.

    Escrito por Caetano Veloso e estreado pela voz de Gal Costa e a supervisão músical de Rogério Duprat, no marcante álbum, de 68, “Tropicália ou Panis et Circensis”, este take de “Baby” faz parte do alinhamento do seu cobiçado Lp, foi prensado duas vezes em sete-polegadas e é, na minha opinião, o maior dos vários clássicos que o grupo nos deixou, seja com três ou com cinco elementos.

    Esta espantosa versão da canção que, também, foi gravada por nomes como Os Mutantes, Maria Bethânia ou Rogério Duprat, numa leitura instrumental, teve arranjos do genial Arthur Verocai e é uma das maiores obras-primas da Soul brasileira que, felizmente, foi reeditada pela Mr. Bongo, em 2016, num dos vários singles que dedicou ao género.

     

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