• Poder Soul

    10 agosto 2020 – 14 agosto 2020

    Segunda-feira

    Marius Cultier

    Ouelele

    Fiesta

    Como já vai sendo habitual, o verão é pretexto para fazermos umas incursões a territórios mais tropicais e, por isso mesmo, esta semana vamos andar pelas Caraíbas.

    Marius Cultier nasceu em Fort-de-France, na Martinica, em 1942, para se transformar num dos mais influentes músicos daquela ilha das Antilhas.

    Ainda criança, começou a aprender a tocar piano sozinho e, com apenas nove anos, já dirigia a orquestra ORTF, que assegurava o fundo musical do popular programa de rádio “Punch en musique” e que terá revolucionado completamente o contexto cultural daquela pequena ilha.

    Ficou orfão de mãe e de pai, aos catorze anos, fazendo da sua actividade artística o seu principal escape.

    Fascinado com o trabalho de pianistas como Thelonious Monk, começou a fundir Jazz com sons das Antilhas, como o Biguine, consolidando um estilo singular que lhe valeu um lugar de destaque, o levou a Porto Rico, ao Canadá, onde passou cerca de oito anos, no Quebec, a França e aos Estados Unidos.

    Entre 1963 e 83, o ano da sua prematura morte, Marius Cultier editou uma mão cheia de singles e sete cruciais Lps, através de editoras como London, Trans-World, Fiesta, Magidisco e a sua MGC Productions.

    Gravado em 75, para a Fiesta, “Ouelele” é o tema de abertura do álbum “Ouelele souskai”, um dos vários hinos que assinou e, provavelmente, aquele que mais se destacou nas pistas de dança.

    Uma bomba que funde, com extrema eficácia, Jazz, Funk, Soul e ritmos caribenhos e que é, apenas, uma pequena amostra do talento sem fim deste extraordinário músico, compositor e produtor.

     

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    10 agosto 2020 – 14 agosto 2020

    Terça-feira

    Black Machines

    Soul Martinique

    3A Production

    Não se sabe muito acerca dos Black Machines, para além de também serem nativos da Martinica.

    Uma das muitas bandas surgidas, na viragem dos 60 para os 70, em consequência da explosão do Cadence-Lypso e do extremo sucesso dos Exile One, o expoente máximo deste género que se alastrou por todas as Caraíbas, os Black Machines gravaram, apenas, um Lp, a meio da década de 70, mas isso foi o suficiente para garantirem um estatuto de culto entre os mais ambiciosos colecionadores da melhor música negra do fim do século passado.

    É que “Fok tchimbé raid”, editado pela 3A Production, marcante editora de Fort-de-France, que nos deixou um catálogo riquíssimo, onde figuram importantes discos de projectos como os Gramaks, os Black Affairs, os Midnight Groovers, os Black Roots ou os Belles Combo, entre outros, é um dos mais estimulantes e disputados álbuns desta ilha das Antilhas.

    “Soul Martinique” é um dos grandes temas que o compõem e, na minha opinião, o seu momento supremo.

    Uma imensa canção, que mistura, de forma genial, a música local com a mais intensa Soul e o mais vísceral Funk, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e que, felizmente, foi incluída no primeiro volume da série – “Rare Afro + Caribbean Funk” – uma edição de legalidade dúvidosa da francesa Mokili Productions.

     

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    10 agosto 2020 – 14 agosto 2020

    Quarta-feira

    The Beginning of the End

    Super woman

    Alston

    Formados em 1969, por Raphael, Leroy e Frank, três filhos do histórico embaixador do Gombay Freddie Munnings Sr., os Beginning of the End serão uma das mais conhecidas bandas nascidas em Nassau, nas Bahamas.

    Esta marcante banda, que ainda incluía mais um irmão, Freddie Jr., na sua secção de sopros e que assinou “Funky Nassau”, um absoluto clássico, que será o maior hino de sempre da chamada Island Soul, não teve de ter uma longa carreira, nem de gravar muitos discos, para ter ficado na história como um dos expoentes máximos da música das Caraíbas.

    Entre 1971 e 76, os Beginning of the End gravaram dois imensos Lps, dos quais foram retirados cerca de cinco singles, em Miami, cidade americana onde se fixaram e que servia de base ao tentacular império de Henry Stone que, entre muitas outras, havia fundado a Alston, marca que os contratou.

    “Super woman” é um dos temas do seu derradeiro, hómonimo e mais colecionável longa-duração e, não sendo tão conhecido como “Funky Nassau”, “Come down baby” ou “Monkey tamarind” é, na minha opinião, o maior dos vários hinos que nos deixaram.

    Uma explosiva canção Funky Soul, produzida pelo crucial Teddy Randazzo que, aqui, eleva o caracteristico e singular som dos irmãos, a um nível estratosférico e que, em 2015, foi prensada, pela primeira vez, num sete-polegadas, por iniciativa da Athens of the North.

     

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    10 agosto 2020 – 14 agosto 2020

    Quinta-feira

    The Sandpebbles of Barbados

    Suntan

    Pebblegroove

    Andy Weekes, Brian Marshall, David Cole, Desmond Campbell, Joe Truss, John e Roger Gibbs, Norman Barrow e Raymond Harewood fizeram parte das várias formações dos Sandpebbles of Barbados, uma popular banda de Calypso, daquela ilha das Caraíbas, que esteve activa na década de 70.

    Entre 1971 e 78, os Sandpebbles gravaram meia dúzia de Lps e quase duas dezenas de bem-sucedidos singles, quase todos para a sua própria operação editorial: a Pebblegroove.

    Apesar de se ter dedicado essencialmente ao Calypso e, por vezes, ao Reggae, o grupo fez uma marcante incursão ao Disco, no seu derradeiro álbum, que lhe valeu o estatuto de culto no seio da cena especializada.

    Gravado em 78, no Canadá, “Suntan” empresta o seu nome ao longa-duração que fechou a carreira discográfica dos Sandpebbles e é um verdadeiro monstro.

    Um certeiro instrumental, construído sobre um coeso groove, que sustenta um ambiente quase cinemático e um excelente trabalho de sintetizador de Desmond Cambell, que, não sendo fácil de assegurar no seu formato original, foi incluído, por Al Kent, na série “Disco Demands”, editada pela BBE.

     

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  • Poder Soul

    10 agosto 2020 – 14 agosto 2020

    Sexta-feira

    Ronnie Butler + The Ramblers

    Peace without love

    Pot Luck

    Ronnie Butler nasceu em Nassau, nas Bahamas, em 1937.

    Começou o seu percurso artístico, com dezassete anos, quando foi recrutado por King Eric + his Knights, com quem tocou bateria e congas, até 62, e teve residências no Buena Vista Hotel, no Captain Kids e no Bama Club.

    Em 63, decidiu formar o seu próprio grupo – The Ramblers – e foi contratado pelo popular clube The Big Bamboo que, no ano seguinte, patrocionaria a gravação do seu primeiro Lp: “Ronnie Butler steps out at the Big Bamboo”, editado pela Elite.

    Até ao fim da década de 70, para além de ter mantido prolongadas e marcantes residências em espaços como The Rum Keg Room, do Nassau Beach Hotel, e o Ronnie’s Rebel Room, gravou cerca de uma dúzia de álbuns e igual número de singles, para marcas como Ronnies, R+R ou Pot Luck.

    “Peace without love” faz parte do alinhamento de “Expressions of love”, lp editado pela Pot Luck, em 78, é uma das incursões à Soul, de um artista que dedicou a maior parte da sua obra a géneros locais, como o Calypso, a Soca ou Reggae, e, na minha opinião, o seu mais especial momento.

    Uma grande canção Funky Soul, tingida pelo Disco e pelas estruturas rítmicas típicas das Caraíbas, que tem visto a sua cotação crescer de dia para dia, desde que, em 2014, foi incluída na recolha da Cultures of Soul: “Tropical Disco Hustle”.

     

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