• Poder Soul

    1 junho 2020 – 5 junho 2020

    Segunda-feira

    John + Carol with The Savonics

    Get your hat

    Botone

    Por muito que no Discogs se afirme que Carol Kaye, a exímia baixista nativa de Everett, no estado de Washington, que, a partir dos primeiros anos da década de 60, se tornou num dos mais requisitados músicos de sessão de Los Angeles, colaborando com Brian Wilson, Frank Zappa ou Quincy Jones, entre muitos outros, era um dos elementos deste duo, isso não me parece plausível.

    Não existe em qualquer uma das suas biografias, uma delas publicada em livro, qualquer referência ao misterioso John Foster, a segunda metade destes John + Carol e aquela que assina as duas canções do único disco que gravaram, nem aos Savonics, a mítica backing-band do início de carreira de Eugene Blacknell que acompanha este tremendo dueto.

    Registado em 1964, “Get your hat” foi o único single editado pela Botone, pequena independente da Baía de San Francisco que parece ter uma qualquer ligação à Clara, marca que lançou os trabalhos de Eugene Blacknell com os Savonics e com quem partilhava a mesma companhia de gestão de direitos –  a Shoe Publishing.

    Uma explosiva bomba Rhythm + Blues, que mistura iguais doses de Doo Wop, Rock’n’Roll e Soul, leva qualquer pista de dança ao delírio e se transformou num cobiçado hino do actual movimento Mod.

     

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  • Poder Soul

    1 junho 2020 – 5 junho 2020

    Terça-feira

    The Delreys Incorporated

    Destination unknown

    Tampete

    Keith DeLisle, Billy O’Donnell, Tom Power e Jay Kenney formaram os Delreys Incorporated, a meio dos anos 60, em West Roxbury, nos arredores de Boston.

    Depois de estrearem em disco, em 1965, através da Salem – importante independente do Massachussetts – rumaram a sul e fixaram-se na Flórida para, no início da década seguinte, gravarem mais dois sete-polegadas: um para a Tampete, mais uma marca do império de Henry Stone, e outro para a American, pequena editora de Tampa, o primeiro dos quais se iria transformar num disco decisivo para a história do movimento Northern Soul.

    É que a meio dos 70, este militante e fanático movimento sofreu uma cisão que viria a marcar todo o seu futuro. De um lado ficaram os mais ortodoxos adeptos da Soul dos 60, com o Wigan Casino como templo preferencial. Do outro, todos aqueles que se começaram a sentir estimulados pela produção mais recente e, mesmo contemporânea, revelada pelas históricas listas de importação da Soul Bowl, de John Anderson, e adotada por Djs chave como Ian Levine ou Colin Curtis, na Blackpool Mecca ou no Cleethorpes Pier.

    Gravado em 72 e produzido pelo incontornável Willie Clarke – “Destination unknown” – foi um dos discos que melhor representou essa divisão, que viria a abrir caminhos infindáveis à cena especializada, nas décadas que se seguiram, e transformou-se num verdadeiro Graal.

    Uma grande canção Funky Soul, temperada por algum psicadelismo, raríssima e ao alcance de apenas uns eleitos, no seu formato original, que depois de ter sido alvo de um par de bootlegs, que chegaram a enganar muita gente, acabou de ser reeditada oficialmente e logo em dose dupla – pela Hit + Run e pela Deptford Northern Soul Club.

     

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  • Poder Soul

    1 junho 2020 – 5 junho 2020

    Quarta-feira

    Lee Bonds

    I’ll find a true love

    Unidad

    O único disco de James Carter, editado sob o pseudónimo Lee Bonds, é mais uma prova do imenso talento de James Reese e da sua importância nas cenas Soul e Jazz independentes da Carolina do Sul.

    É que foi este talentoso trombonista, líder de orquestra, compositor, arranjador e produtor, baseado em Spartansburg, que, além de ter andado na estrada com os Temptations, participou na fundação da Najma, importante marca local, que nos deu discos memoráveis de James Young, com os Fabulous Dodds, e do próprio James Reese, na companhia dos seus Progressions, que o produtor de Columbia – Paul Coleman – procurou, em 1969, quando quis inaugurar a sua Unidad Records, com duas canções de James Carter.

    Depois de trabalhar nos seus arranjos, Reese juntou Rudolph Riley, Robert Goforth e Willie Hill, seus parceiros nos Progressions, a Leroy Marshall e Richard Gibbs, para gravar “I’ll find a true love” num pequeno estúdio de Greenville.

    Esta autêntica pérola Sweet Soul, acabaria por ser o único disco editado por Lee Bonds e pela Unidad, mas transformar-se-ia num raro e cobiçado troféu, entre os mais exigentes Djs e colecionadores da cena especializada, e acabaria por ser incluída na seminal recolha da Now-Again: “Loving in the flipside”.

     

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  • Poder Soul

    1 junho 2020 – 5 junho 2020

    Quinta-feira

    Tomorrow’s People

    Let’s get down with the beat

    Stage Productions

    Quatro irmãos de Chicago – Kevin, Maurice, Gerald e Timothy Burton – decidiram formar o grupo vocal S.T.O. – Soul Taking Over – em 1965, quando ainda andavam no Liceu.

    Ambicionando terem completo controle sobre a música que tocavam, os irmãos prescindiram da sua backing-band, formada por colegas escolares, para, também, tomarem conta da sua base instrumental. Kevin ficou com o baixo, Michael com a bateria, Gerald com a guitarra e Timothy com o orgão, mudaram o nome para Tomorrow’s People e passaram os seus anos formativos a actuar, principalmente, em concursos de talento e bares.

    Em 75, os percussionistas Alvin Parker e Johnny Toby Gibbs, juntaram-se ao núcleo duro da banda, que alargava a sua formação até à dúzia de elementos, com a inclusão de uma secção de sopros, e, no ano seguinte, foram contratados pela Stage Productions, independente local fundada por Willie Nance, o mentor do projecto Disco de culto Air Power, para gravarem um single e um dos mais sólidos e colecionáveis Lps Soul, da década de 70.

    “Let’s go down to the beat” é um dos seis extraordinários temas que compõem “Open soul”, o histórico longa-duração registado no The Sound Market Studio, foi prensado como lado B de “Hurry on up tomorrow” e é, na minha opinião, a sua grande contribuição para as pistas de dança.

    Um grande instrumental Disco Funk, acompanhado por uns certeiros add-libs vocais, que é, hoje, mais actual e pertinente do que nunca e que, ao lado dos restantes temas de “Open soul”, deve fazer parte de qualquer coleção minimamente exigente, depois do disco ter sido reeditado pela Melodies International, tornando-se acessível a todos aqueles para quem o original era uma miragem.

     

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  • Poder Soul

    1 junho 2020 – 5 junho 2020

    Sexta-feira

    Glen Missick + Lovespiration

    Message in our music

    GCM Music

    Glen C. Missick nasceu nas Caraíbas, no seio de uma família ligada à Igreja. O pai era um Pastor Baptista e a mãe cantava no coro da sua congregação, no qual, ainda criança, o seu talento vocal se fez sentir pela primeira vez, já influenciado pela Soul que lhe chegava através das estações de rádio norte-americanas.

    Depois de se ter mudado para os Estados Unidos, aprofundou a sua relação com o Gospel e, sentindo que as igrejas tinham deixado de ser apelativas para as gerações mais jovens, começou a cruzar a música secular, com elementos de Jazz e Rhythm + Blues, formando os Soul Dimension, o seu primeiro grupo, para, mais tarde se juntar a Dennis Nelson e fundar The New Movement, um colectivo que teve tanto sucesso local que, durante dois anos, acabou por ter o seu próprio show televisivo, num pequeno canal cabo.

    Em 1979, fixou-se na Flórida, onde se formou, se transformou num Pastor e formou os Lovespiration, com quem, dois anos depois, viria a gravar um Lp e um single, que seriam suficientes para o seu nome ficar na história.

    “Message in our music” faz parte do alinhamento de “God is love”, o álbum dos Lovespiration, editado pela sua GCM Music, foi prensado num sete-polegadas, raro e altamente colecionável, e é um autêntico hino Gospel Soul.

    Uma verdadeira obra-prima, com uma tremenda produção, alicerçada num Groove certeiro, num espantoso trabalho de sintetizador e numas enormes melodias vocais, que, recentemente, deu o título ao primeiro volume das recolhas da SOL Records, assinada pelo jovem digger e dj Waxist.

     

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