O Fim do Mundo estreia-se nas salas de cinema no dia 17 de setembro, com o apoio da Antena 3.
Após oito anos numa casa de correção, Spira regressa à Reboleira, nos arredores de Lisboa. Spira é recebido por amigos e familiares, mas Kikas, um velho traficante do bairro, fá-lo perceber que não é bem-vindo.
“Com O Fim do Mundo, eu queria contar as últimas horas do bairro da Reboleira através dos olhos da geração que eu vi crescer e tomar conta das ruas nos últimos anos. A geração de Spira (18), Chandi (17), Giovani (19) e Iara (16). Geração dos primogénitos daquele bairro de lata, sendo também a das redes sociais. Geração de um bairro inteiro destinado a desaparecer por ação de retroescavadoras e de decisões políticas. Cada um destes jovens protagonistas mantém uma relação única com essa futura ‘cidade desaparecida’. Há Iara, uma jovem mãe adolescente que só aspira a estar noutro sítio, sem fazer a mínima ideia de como lá chegar; há Chandi, o filhinho da mamã, brincalhão, mandrião e eterno devoto; há Giovani, o jovem traficante selvagem que tem um objetivo claro: apoderar-se da ‘cidade’! E, por último, mas igualmente importante, há Spira, que regressa ao bairro depois de vários anos num internato, uma verdadeira prisão para menores. Ele personifica o destino de uma geração de filhos de imigrantes que Portugal não soube integrar na sua narrativa nacional. Spira absorve a violência de um passado que desaparece, de um presente que parece congelado e de um futuro que o recusa. Ele responde com revolta. Ao observar o seu corpo, que o torna estrangeiro no seu país, navegando pelas guerras de gangues, pela adolescência e pelos seus amores roubados, e o fim iminente do bairro, pretendi tecer o retrato de uma juventude ferida, enquanto tentava fazer também um fresco social. Tecer como que para ganhar tempo, tecer para enganar uma morte anunciada.“ — Basil da Cunha (realizador)
Depois de Até Ver a Luz (2013), o cineasta luso-suíço aposta numa mistura de filme de gangsters e film noir, quase inteiramente falada em crioulo, para fazer o retrato da nova geração e das suas lutas, com a participação de membros da comunidade e dos próprios moradores da Reboleira.
No início de setembro, O Fim do Mundo sagrou-se vencedor da Competição Nacional na mais recente edição do IndieLisboa, onde recebeu também o Prémio Árvore da Vida.
À descoberta de O Fim do Mundo: uma conversa com Basil da Cunha
No dia a seguir à estreia (sexta-feira, 18 de setembro), às 21h30, no Cinema Ideal, em Lisboa, o realizador Basil da Cunha e a jornalista Marisa Rodrigues (do magazine online Bantumen, dedicado à cultura negra da lusofonia) conversam sobre o cinema e a realidade nos bairros sociais nos arredores da capital numa sessão especial de exibição de O Fim do Mundo, com a presença de atores do filme.
O Cinema Ideal e a distribuidora Alambique associam-se à homenagem a Bruno Candé que reúne o Teatro Nacional D. Maria II, o CAL – Primeiros Sintomas, o São Luiz Teatro Municipal, o TBA, o Teatro Maria Matos, o Teatro Maria Vitória, o Teatro Municipal do Porto e o Teatro da Politécnica (Artistas Unidos). Assassinado no passado dia 25 de julho, o ator, que faria 40 anos precisamente nesta data, deixou três filhos com idades entre os dois e os seis anos.
A bilheteira da sessão reverte para a família de Bruno Candé, através da SOS Racismo.