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Cinema Bold: O Bar Luva Dourada

O Bar Luva Dourada (título internacional: The Golden Glove) é a estreia do mês de março da Cinema Bold. O filme chega às salas de cinema portuguesas no dia 5, com o apoio da Antena 3, e fica disponível em DVD e VOD no dia 12.

St. Pauli (Hamburgo), década de 1970. À primeira vista, Fritz “Fiete” Honka (Jonas Dassler) é apenas um falhado lamentável. Este homem de cara partida embebeda-se noite adentro no antro do bairro, o Luva Dourada, em busca de mulheres solitárias. Nenhum dos clientes habituais suspeita que o aparentemente inofensivo Fiete é, na realidade, um monstro.

O Bar Luva Dourada, filme de terror de Fatih Akin (Uma Mulher Não Chora), é baseado numa história verdadeira e no romance homónimo de Heinz Strunk. Conta a história de Fritz Honka, um indivíduo que assassinou várias mulheres, e do seu bar preferido, o Luva Dourada, onde canções alemãs lamechas levavam às lágrimas os bêbedos indefetíveis e beber era um reflexo contra a dor e a saudade.

“Para mim, Honka não é um assassino em série qualquer, como o Hannibal Lecter de O Silêncio dos Inocentes. Honka foi uma pessoa real do meu bairro, onde também deixou a sua marca. Procuro sempre uma ligação pessoal com o meu material. Quanto mais bem sucedida for, mais verosimilhança o filme acabará por alcançar. O meu filme é o retrato de um indivíduo com perturbações mentais cujos homicídios não podem ser explicados por circunstâncias sociais. Claro que podemos pensar se as mulheres que matou não teriam familiares — quer dizer, porque é que nunca ninguém perguntou por elas? Mas não responsabilizaria por isso a era em que a história se desenrola. Ainda hoje acontecem situações semelhantes. As pessoas morrem em apartamentos e prédios de habitação social e ficam a apodrecer ao longo de semanas. Só por causa do mau cheiro é que as pessoas dão conta de que alguém morreu. Este cheiro a decomposição também é aqui retratado. É óbvio que tentamos ser historicamente rigorosos num filme como este. Mas também não queremos que o passado pareça apenas velho e poeirento. Quem assim o fizer é porque não deu pelos mais recentes desenvolvimentos no cinema. O meu filme pode ter lugar no passado, mas podia muito bem desenrolar-se no presente. Queremos assustar os espetadores. Onde é que devo colocar a câmara, como é que vai ser a montagem de modo a obter esse efeito? Tenho consciência, como é evidente, de que aqui também se trata da dignidade humana. Foi por esse motivo que não quis relatar os assassínios como puro entretenimento, não pretendi glorificar coisa alguma. Quis criar imagens na cabeça dos espetadores que não estão sequer no ecrã. Foi esse o desafio cinematográfico.Fatih Akin (realizador)