Não será exato dizer-se que os Romanos demoraram 200 anos a conquistar a Península Ibérica, como alguns “entusiastas” gostam de afirmar. Os Romanos chegaram à Ibéria (que batizaram de Hispânia) no contexto de outra guerra e durante dois séculos circularam por aqui, alguns fixaram-se e travaram pontuais batalhas com os povos indígenas. Nada de mais, no contexto do Império. Quando, no início do séc. I, o Imperador Augusto decidiu criar aqui, entre outras províncias, a Lusitânia já “nos conhecíamos” há muito. Ora, uma das mais emocionantes histórias que nos conta o Museu Nacional de Arqueologia (MNA) é a do Deus que os Romanos conheceram neste território e passaram a adorar como seu. Endovélico, chama-se. E o fundador do MNA, o grande José Leite de Vasconcelos, está diretamente ligado à descoberta do local onde os Romanos erigiram ao nativo Endovélico um enorme santuário. Eis um dos momentos na História do Império Romano em que os conquistadores foram conquistados – não pelas armas, mas pelo pensamento mágico.