Podemos pedir aos irmãos que sejam os melhores amigos?

Podemos desejá-lo e isso é comum, enquanto pais. A nossa ideia é que eles sejam tão amigos que se possam sempre defender e ajudar. Mas esse é o nosso desejo. E nem sempre isso vai acontecer. E porquê?

Porque no início dos tempos, pedir a um irmão que seja o melhor amigo do outro é igual a pedir que goste do seu rival. A chegada de um irmão é assumida como uma perda de um lugar ou pelo menos pela necessidade de partilhar território e propriedade com esse irmão. E portanto o irmão, apesar de poder ser desejado pelos pais e pelo filho, é também uma ameaça.

O que podemos fazer é ajudar os nossos filhos a lidar com os conflitos que vão ter, sobretudo quando são pequenos, a saberem comunicar um com o outro e a resolverem as suas situações.
Esta aprendizagem é feita em todas as situações de conflito e por isso é que o conflito pode ser visto como excelente forma de aprendizagem. Quando os miúdos aprendem a respeitarem-se, quando aprendem a negociar e a lidarem com as suas divergências estão um passo mais próximo para conseguirem gostar um do outro sem se sentirem em constante competição.

 

Isto quer dizer que nos devemos meter no conflito ou não?

O ideal é que não nos tenhamos que meter ao ponto de ter de decidir o que vai acontecer. Dizer aos miúdos como tem de ser, e depois concluir com um ‘vá, agora pede desculpas ao teu irmão e dá-lhe um beijinho’ tira a possibilidade às crianças de se sentirem valorizadas e escutadas e de resolverem o conflito.

 

Que outras coisas os pais podem fazer para potenciar uma melhor convivência entre os filhos?

1) O primeiro passo é assumir que nenhuma relação é isenta de conflito.

2) Não tomar partido – apenas mediar. Como é que isto se faz? Descrevendo o que estamos a ver e procurando descobrir quais as necessidades de cada criança naquela situação.

3) Confiar e devolver-lhes a capacidade em resolver a situação.

4) Mediar, sugerir, sempre que necessário

5) Criar experiências em que as crianças possam testemunhar e apreciar o que o outro tem de melhor – prepararem surpresas, reconhecer o esforço, fazerem coisas em comum.