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A Eira é o local onde tudo acontece! Onde se depositam as espigas depois do campo e antes da desfolhada e onde, nas noites de outono, vizinhos e familiares se juntam para desfolhar, nesta grande festa que é descobrir, com as próprias mãos, aquilo que as mãos cultivaram e que está dentro da espiga: o milho!

As pessoas sentam-se em roda, à volta de um monte de espigas e folhelho.
Durante a desfolhada há espigas normais, as mais pequenas que se chamam de “beliscões” e o milho Rei, um milho grande e vermelho escuro. Quem o encontra merece um abraço.

Há cantigas acompanhadas de violas, cavaquinhos e concertinas.
A comida alimenta o esforço do trabalho de um ano de colheitas. É sobretudo, comida doce e traduz-se em figos, broa, pão, biscoitos, maçãs.

Aproveita-se que as uvas estão acabadas de pisar, e prova-se o vinho novo, o vinho doce. O vinho é passado de mão em mão, dentro de malgas. As pessoas vão bebendo e comentam: “Bela pinga! Boa colheita! Este ano está uma maravilha de vinho!”

Durante a desfolhada há o momento em que aparece o célebre “Sarandeiro”, por norma um homem que – mascarado com uma capa, irreconhecível e com artefactos na cabeça a cobrir-lhe o rosto – munido com um ramo de manjerico na mão, pede permissão aos Patrões e começa a passar em roda a dar o ramo de manjerico a cheirar. Faz travessuras e disfarça a voz, mas nunca ninguém lhe conhece a identidade!