O atleta português falou sobre a infância e sobre o que é ser campeão

Nelson Évora está de volta à disputa pelos títulos. O atleta português sagrou-se Campeão do Triplo Salto nos Europeus de Atletismo em Pista Coberta e esteve à conversa com Sílvia Alberto para o SóVisto!.

Depois de seis anos de lesão, Nelson Évora não tinha grandes expectativas de trazer uma medalha para Portugal. Afastado das competições internacionais, foi treinando nas competições em Portugal e quando se qualificou para os europeus, levava resultados normais. Uma vez lá, “fui saboreando a competição e, quando dei por mim, vi que estava ao meu alcance a medalha de ouro”, conta o atleta.

Os pormenores podem bloquear-nos e pensar demais pode ser um obstáculo para vencer.

“Sempre que encontramos uma barreira devemos dar um passo atrás e simplificar”, aconselha.

Quando as lesões atingem os atletas, gerir a motivação pode ser um problema. As dúvidas, o gosto em competir, o apoio dos familiares e amigos e até as dores podem quebrar o espírito até de um grande atleta.

“Como fico insuportável [com as dores], as pessoas não têm culpa do meu mau humor, prefiro isolar-me e gerir as minhas emoções sozinho.”

Sobre a infância, Nelson Évora falou na mãe que deixou na Costa do Marfim, que abdicou do filho para o ver crescer nos sonhos de atleta. Foram precisos 23 anos para Nelson voltar a ver a mãe.

“Na minha história familiar há muitas questões de compreensão unilateral e incompreensão também… Só assim consigo justificar o por quê de tantos anos. Mas também há que ter em atenção que valeu a pena; houve uma aprendizagem e uma mensagem muito forte dentro do seio de toda a família. E isso muitas vezes, para mim, para todas as famílias que vivem todos os dias em chatices umas com as outras, acaba por ser um mostrar de que não vale a pena perdermos a vida por pormenores tão pequenos.”

Nelson Évora voltou à Costa do Marfim em outubro de 2014 para tornar a ver a mãe e a terra que o viu nascer, a que deixou ficar para trás aos 7 anos. Levou a irmã mais nova e não contou a mais ninguém onde ia.

“Valeu por tudo.”

Quando falou do pai que morreu em 2011, Nelson Évora emocionou-se.

“O meu pai era o meu herói, era tudo para mim. Deu-me as armas todas para viver.”

Nelson Évora deixa uma mensagem comovente, no final desta entrevista que lhe abriu o coração:

“Só o amor interessa nesta vida. Sem amor não há nada. Não há sal. É a única coisa que dá um sentido à nossa vida.”

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