Poder Soul

2 – 6 Novembro

Pedro Tenreiro desenterra os tesouros perdidos da idade do ouro da música negra, de segunda a sexta-feira, pelas 16h20, na Antena 3.

Rev Jamel + Bob Johnson – Did you see those men (J+S) 197? (2 de Novembro)

Arranque de Poder Soul com um disco ultra raro e do qual se sabe muito pouco.

Sabe-se que foi gravado nos anos 70 e que foi o único sete polegadas a ser editado pela J+S, de Nova Iorque. Sabe-se também que um dos vocalistas – Bob Johnson – viria a ser a figura central do grupo Le Cop, que nos deixou alguns temas marcantes da cena disco independente.

“Did you see those men” é o lado B de “Walking on the moon”, tema introduzido nos clubes de Deep Funk por uma das suas personagens centrais – Ian Wright – e é um fabuloso pedaço de Funky Soul, cru e de forte consciência social.

Como é que é possível o Homem já ter ido à lua e ainda persistir tanta pobreza, preconceito e indiferença neste mundo?

Rev Jamel + Bob Jonhson_orig

Frederick Hymes III – Time ain’t gonna do me no favor (Fab Vegas) 1971 (3 de Novembro)

(Outro disco sobre o qual paira um imenso mistério).

Frederick Hymes III é um artista que liderava uma banda que animava festas em Las Vegas, cidade de onde aparentemente nunca saiu. Em 1971 resolveu gravar um single e fazer uma edição de autor, sob o selo Fab Vegas. Foi a sua única gravação.

“Time ain’t gonna do me no favor” é uma canção intensa que fala de envelhecer e é talvez um dos mais especiais temas compostos a partir da influência de “Tighten up”, clássico de Archie Bell, que suscitou um sem número de versões e variações.

Descoberto já neste novo milénio, este single, que troca de mãos por valores sempre superiores a três algarismos, tem feito as delícias das pistas de dança mais esclarecidas da cena Soul.

Frederick Hymes III

Ellipsis – People (Briarmeade) 1976 (4 de Novembro)

“People”, dos Ellipsis, é um verdadeiro Santo Graal para qualquer colecionador do mais raro Soul.

Gravado em 1976, em St. Louis e editado por uma editora de Country, propriedade de um nome ligado ao Rock’n’Roll, este single desta banda, sobre a qual pouco se conhece, foi descoberto pelo digger de referência norte-americano Dante Carfagna, que o vendeu ao lendário Keb Darge para este o transformar num must da cena Soul / Funk.

Ouvi-o pela primeira vez numa festa que fiz com o Keb em 2001 e nunca mais me saiu da cabeça. Felizmente foi re-editado hà uns anos pela incontornável Jazzman!

Ellipsis

The Highlighters Band – The funky 16 corners (Three Diamonds) 1969 (5 de Novembro)

A Highlighters Band formou-se num liceu de Indianapolis no ínicio dos 60, para ver suspensa a sua actividade pela chamada dos seus membros originais para a Guerra do Vietnam.

Após terem terminado as suas comissões, alguns dos seus fundadores resolveram re-activar o grupo com a formação que viria a assinar os seus momentos mais marcantes – James Bell, Cliff Palmer, Richard Ball, James Boone, James Brantley, Dewayne Garvin e um trompetista incógnito.

Em 1968 editaram, com assinalável sucesso estadual, “Poppin’ Popcorn” para a Rojam, selo de um DJ local, tendo até chamado a atenção de James Brown. No ano seguinte, gravam para outra editora da cidade, a 3 Diamonds, “The funky 16 corners”, canção que se viria a transformar num dos maiores hinos da cena Deep Funk, surgida nos anos 90.

Highlighters

Barry “Barefoot” Beefus – Barefoot Beefus (Loma) 1966 (6 de Novembro)

Barry “Barefoot” Beefus é um personagem branco, que se apresenta de fatinho,  gravata, óculos escuros e descalço.

É, aparentemente, um alter-ego de Al Jones, cantor e guitarrista de Country e Rockabilly, algo que advinha quando se ouvem as suas outras canções.

“Barefoot Beefus”, editado como lado B “Go ahead on baby” para a Loma e que teve edições em França e na Turquia através da Warner Bros., é, hoje, um enche-pistas nas cenas Mod e Rhythm & Blues, não fosse a sua introdução de Hammond arrasadora e o seu Groove Soul, pontuado pela harmónica, simplesmente irresistível.

Barefoot Beefus_US