• Poder Soul

    8 outubro 2018 – 12 outubro 2018

    Segunda-feira

    Bobby Moore’s Rhythm Aces

    Go ahead and burn

    Checker

    Nascido em New Orleans, em 1930, o saxofonista Robert Moore formou os Rhythm Aces aos vinte e dois anos, quando estava a cumprir o serviço militar na Georgia.

    Depois de ter sido desmobilizado, fixou-se no Alabama e, em 61, resolveu reactivar o grupo com o seu filho Larry Moore e Chico Jenkins, Marion Sledge, Joe Frank, Clifford Laws e John Baldwin, Jr. e começou a tocar no circuito local, acabando por dividir palcos com estrelas como Ray Charles ou Sam Cooke.

    Em 65, estreou-se em disco, através da Checker, e, na década que se seguiu, gravou, com e sem os Rhythm Aces, dois Lps e mais de uma dezena de singles para marcas como a Chess, a Cadet, a Hollywood, a Scepter ou a Phinal Sound, sendo vários os clássicos com que brindou a cena Soul especializada.

    Editado pela Checker, em 66, “Go ahead and burn” é o seu segundo sete-polegadas e o mais acessível desses hinos.

    Um contagiante instrumental Rhythm & Blues, pontuado por spoken word e uns incisivos ad-libs vocais e dominado pelo poderoso sax de Bobby Moore, que foi adoptado pela cena Mod e é completamente infalível quando lançado numa pista de dança.

     

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  • Poder Soul

    8 outubro 2018 – 12 outubro 2018

    Terça-feira

    Panic Buttons

    O-Wow

    Chalom

    Talvez motivado pelo êxito estrondoso do instrumental de Cliff Nobles – “The horse” – o saxofonista e director musical Lou Lupo resolveu juntar-se a Billy Ruth, Johnny “C”, Les e Tony Tornetta e Mike Byrd, para formar os Panic Buttons, um dos poucos grupos maioritariamente brancos que inscreveu o seu nome na rica história da Soul de Filadélfia.

    O grupo, exclusivamente instrumental, gravou três sete-polegadas, todos em 1969, para a Chalom, pequena marca criada por Lou Lupo com o objectivo de editar as suas gravações, e para a Gamble, marca que Kenny Gamble e Leon Huff fundaram, depois do fim da Neptune, e que antecedeu a mítica Philadelpia International Records.

    “O-Wow” é o primeiro desses discos e aquele que imortalizou os Panic Buttons.

    Um explosivo, cru e incisivo instrumental Funky Soul que tem vindo a destruir pistas de dança nos vários quadrantes da cena retro, pelo menos há quatro décadas, e que deve constar em qualquer coleção minimamente exigente, até porque pode ser assegurado por uma bagatela, seja na sua primeira prensagem para a Chalom, seja na sua segunda edição, através da Gamble, que licenciou o disco, tentando-lhe dar projeção nacional.

     

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  • Poder Soul

    8 outubro 2018 – 12 outubro 2018

    Quarta-feira

    Power of Attorney

    I’ve been thinking

    Polydor

    Formados no princípio da década de 70, na prisão de Graterford, na Pensilvânia, os Power of Attorney tiveram uma curta mas marcante existência, que retrata, na perfeição, o melhor e o pior de uma sociedade onde qualquer visão revolucionária teve o conservadorismo como resposta.

    Se, por um lado, os seus imprevisíveis feitos só foram possíveis graças à vontade do representante estadual James B. Kelly, que os ouviu a ensaiar e quis apostar neles, conseguindo-lhes arranjar produtores, estúdios para gravar e criando até dois selos para editar um par dos seus discos, e à visão progressista de Bob Johnson, que foi durante poucos anos o director daquele estabelecimento prisional e tento implementar uma politica inclusiva que incentivava a criação artística e a educação, por outro bastou que algumas das suas experiências tivessem corrido mal para ser substituído por alguém que retomou a linha dura defendida por Frank Rizzo, então Mayor de Filadélfia.

    Ainda assim, entre 73 e 75, a banda formada pelos condenados William Smith, Wilbur C. Brown, Charles McDowell, Stanley Watkins, Ronald Aikens, Gilberto Albizu, Otis J. Graham, Marion Wilson e Brother Edward J. X. Smith, gravou um excelente Lp e três colecionáveis singles e deu oitenta e seis concertos, a maioria dos quais fora da prisão, transportados e acompanhados por guardas prisionais, a exemplo do que aconteceu quando tiveram sessões de estúdio.

    Produzido pelo reputadíssimo Stan Vincent e gravado no Sigma Sound, “I’ve been thinking” faz parte do alinhamento de “From the inside…”, Lp editado pela Polydor, em 74, numa altura em que James Brown era A&R da companhia e decidiu envolver-se neste exemplar processo, e é, a par dos raríssimos “Changing man” e “You got over on me”, um dos momentos altos de uma banda que tinha talento para dar e vender e que, em 86, ainda conseguiu gravar mais dois lados, apesar dos tempos serem outros.

     

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  • Poder Soul

    8 outubro 2018 – 12 outubro 2018

    Quinta-feira

    Tremile + The Jamals

    If you feel like

    Camille

    Oriundos de St. Thomas nas Ilhas Virgens e liderados pelo baixista James “Tremile” Jerrard, Tremile + The Jamals nasceram no início da década de 50 e transformaram-se num dos mais reputados e requisitados grupos das Caraíbas e num dos expoentes máximos do Calypso, apesar de isso não se ter reflectido na sua carreira discográfica.

    Foram necessários mais de vinte anos e alguns ajustes na sua formação para esta competente banda de quinze elementos ter a oportunidade de gravar, na sequência de dois míticos concertos, ocorridos no Bronx e em Manhattan e que convenceram de uma vez por todas a independente Camille Records.

    Escrita por George Knight, um dos vocalistas deste extenso colectivo, “If you feel like”, faz parte do alinhamento de “Now”, o único Lp de Tremile + The Jamals, gravado em 1974 no Ochoa Recording Studio, na cidade Porto Riquenha de San Juan.

    Esta espantosa canção Funky Soul, que faz lembrar os melhores momentos dos decisivos Begining of The End, é uma verdadeira pérola, num disco dominado por uma competente, mas tímida, fusão da Soca e do Calypso com a Soul e uma arma obrigatória na mala dos mais progressivos e descomplexados Djs.

     

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  • Poder Soul

    8 outubro 2018 – 12 outubro 2018

    Sexta-feira

    Melvin Moore

    All of a sudden

    Sky Hero

    Nativo de Chicago, Melvin Moore iniciou a sua carreira em 1970, com os South Side Movement, grupo que começou por ser a banda suporte do bem-sucedido duo Simtec + Wylie.

    Em 73, depois de terem sido dispensados pelo duo, iniciaram uma carreira em nome próprio que, no par de anos que se seguiu, rendeu três Lps e mais de meia-dúzia de singles para a Wand e a 20th Century Fox.

    A banda separou-se a meio dos anos 70 e Melvin Moore achou que era altura de tentar a sua sorte a solo, acabando por gravar apenas três sete-polegadas, entre 77 e 81, primeiro para a Brainstorm e depois para a Sky Hero.

    “All of a sudden” é o seu derradeiro esforço e um verdadeiro Graal da cena Modern Soul.

    Esta perfeita maravilha, produzida por Sam Gallo, produtor e engenheiro de som, fundador da Sky Hero Productions, que colaborou com nomes como Mack Simmons, Bobby Bland, Tyrone Davis, Otis Clay ou os Chi-Lites foi imediatamente adoptada pelos Djs de ponta britânicos, transformando-se num dos mais cobiçados tesouros das últimas três décadas e meia, alvo do obrigatório bootleg e incluído no primeiro volume da essencial série da B.B.E. – Soul Spectrum.

     

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