• Poder Soul

    8 janeiro 2018 – 12 janeiro 2018

    Segunda-feira

    Jimmy Chambers

    Doin’ alright

    Cube

    A grande maioria daqueles que cresceram nos anos 80 lembram-se, concerteza, do questionável grupo Pop Soul – Londonbeat – e do seu hit “I’ve been thinking about you”. Jimmy Chambers era um dos membros da banda e foi um dos compositores da canção.

    Nascido em Trinidad e Tobago, Chambers mudou-se para o Reino Unido à procura de sucesso.

    Fundou os Dada com Robert Palmer, editou um par de singles em nome próprio, no fim da década de 70, e consegui a projeção que procurava, na viragem dos 80 para os 90, com os já mencionados Londonbeat.

    Na realidade quase tudo o que Chambers gravou é pouco mais do que medíocre, com a excepção deste “Doin’ alright”.

    Editado em 77 pela Cube, como lado b da pobre canção “Love don’t come easily girl”, “Doin’ alright” foi introduzido nas pistas de dança dos mais descomplexados clubes europeus, há pouco mais de uma década, e tem vindo, pouco a pouco, a conquistar um lugar de relevo nas malas de alguns Djs de referência.

    Esta poderosa canção Funky Soul, temperada pelo Disco e por leves doses de psicadelismo tropical, é prova de que, mesmo artistas que ficaram pela mediocridade em grande parte da sua carreira, foram capazes de ter um momento de excepção que lhes assegura um lugar na história, pelas razões certas…

     

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  • Poder Soul

    8 janeiro 2018 – 12 janeiro 2018

    Terça-feira

    Stormy

    The devastator

    Twinight

    Stormy é um pseudónimo de John Colley, um dos heróis esquecidos da decisiva cena Soul de Chicago.

    Colley, que nos deixou em 2010, teve uma consistente carreira como compositor e produtor, tendo assinado absolutos clássicos como “Psychedelic Soul” de Saxie Russell ou temas obscuros como “Sweet Jo-Ann” de El Anthony, além de ter fundado os Lost Family, que já tiveram destaque no Poder Soul, através de “Blow my mind”.

    Mas foi com apenas 17 anos que John Colley ou Stormy deixou a sua maior marca, o seu disco de estreia, “The devastator”.

    Estavamos em 1967 e o talentoso teenager conseguiu reunir numa sessão de gravação um line-up invejável, do qual faziam parte alguns membros dos Chi-Lites, Phil Upchurch e Bernard Reed. Levou as duas canções gravadas à Wise World e à One-Der-Ful, que não aproveitaram a oportunidade, e acabou por chegar a acordo com a mítica editora comandada por Syl Johnson, Twinight.

    Este espantoso “double-sider” que, além de “The devastator”, tem o enorme clássico Northern Soul – “I won’t stop to cry” – no lado b, não teve o sucesso necessário para dar o impulso que era esperado à sua persona, Stormy, mas transformou-se num dos discos de maior culto da Soul independente de Chicago da década de 60.

    “The devastator” é uma extraordinária canção Funky Soul que destrói qualquer pista de dança, altamente colecionável, que tem visto a sua cotação aumentar, de ano para ano.

    Foi, felizmente, reeditada pela Numero Group, em 2007.

     

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  • Poder Soul

    8 janeiro 2018 – 12 janeiro 2018

    Quarta-feira

    Miss LaVell

    Stop these teardrops

    Duke

    Nascida em 1929, em Amite no Louisiana, Miss LaVell é uma figura incontornável da história da música negra, com uma longa e consistente carreira que dura até aos nossos dias, pisando ainda, ocasionalmente, os palcos com oitenta e muitos anos.

    Cantora e compositora, LaVell mudou-se para Houston, no Texas, aos 15 anos, onde começou a partilhar palcos dos seus clubes nocturnos, com nomes grandes como Albert King ou Guitar Slim, apadrinhada por Clarence Hollimon e Johnny Copeland.

    Em 58 é contratada, por Don Robey, para a sua mítica editora Duke Records e, até 64, grava meia-dúzia de marcantes singles.

    Apesar de não ter parado de actuar, tanto nos Estados Unidos como na Europa, ao lado de estrelas como James Brown, Aretha Franklin, Otis Redding, Sam Cooke, B.B. King, The Isley Brothers ou Bobby Womack, entre muitos outros, LaVell só voltou aos discos em 94, ano em que grava o primeiro dos seus três álbuns.

    “Stop these teardrops”, editado em 59, é o seu segundo sete-polegadas e, na minha opinião, o seu maior hino.

    Esta enorme canção dos mais viscerais Rhythm & Blues, onde a Soul já se insinua, incendeia qualquer pista de dança e mostra de forma esmagadora o imenso talento de Miss Lavell, quer através da sua potente voz, quer através da sua incisiva escrita.

     

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  • Poder Soul

    8 janeiro 2018 – 12 janeiro 2018

    Quinta-feira

    We the People

    Breakdown

    Davel

    Embora estejamos perante um absoluto clássico das cenas Funk e Rare Groove, é praticamente nula a informação bibliográfica disponível acerca destes We the People.

    Sabe-se que são de Nashville e que este será o seu único disco, embora o facto de existirem outros grupos com o mesmo nome, que também asseguraram o seu lugar na história da mais independente música negra dos 60 e 70, tenha já gerado algumas confusões.

    É, de facto, difícil de conceber que uma banda que atinge este nível não tenha feito carreira mas, como já se percebeu noutros episódios do Poder Soul, este é apenas mais um de vários casos.

    “Breakdown”, gravado em 75 para a misteriosa Davel Music Corporation, roça a perfeição.

    Uma musculada e poderosa canção, tocada com uma precisão e uma coesão invulgares, assentes numa das mais espantosas secções rítmicas de que me lembro e num break inconfundível que tem, nas últimas quatro décadas, levado ao rubro pistas de dança de todo o planeta.

    Não sendo um disco incomportável no seu formato original, foi alvo de uma reedição de legalidade duvidosa, em 2006.

     

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  • Poder Soul

    8 janeiro 2018 – 12 janeiro 2018

    Sexta-feira

    Shirley Lawson

    One more chance

    Back Beat

    Shirley Lawson já teve o devido destaque aqui no Poder Soul, enquanto fundadora das Fascinations.

    Nativa de Detroit, é como Shirley Walker que inicia a sua carreira criando, com Martha Reeves, as Sabre-ettes, grupo que esteve na origem das Fascinations, com quem, em 62, grava três singles para a Abc-Paramount, antes de serem contratadas por Curtis Mayfield e terem editado alguns importantes lados, entre 66 e 68, para a sua Mayfield Records.

    É entre estas duas fases da carreira das Fascinations que grava dois discos a solo, como Shirley Lawson – “Sad sad day” para o selo de Detroit, Enterprise, e este “One more chance” para a Back Beat, subsidiária da histórica editora texana Peacock Records.

    Embora sejam misteriosas as razões que levam uma artista que é protagonista na fervilhante cena Soul de Detroit a aceitar “deslocar-se” a Houston para editar apenas um disco, “One more chance” é o momento supremo da sua carreira.

    Editada em 66, esta autêntica delícia Crossover é uma canção quase perfeita, servida por uns arranjos soberbos e por uma interpretação imaculada, que tem vindo a ganhar um lugar de destaque entre os grandes clássicos da mais ambiciosa cena Soul.

    Rara e valiosa, quer no seu formato original, quer na prensagem que Dave Godin fez no Reino Unido, através da mítica Soul City, foi alvo de bootleging em 2010.

     

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