• Poder Soul

    7 maio 2018 – 11 maio 2018

    Segunda-feira

    Johnny Fuller

    The power

    Art-tone

    Johnny Fuller nasceu em 1929 em Edwards, no Mississippi, mas, ainda criança, mudou-se com a família para Valejo, na Califórnia.

    Autodidacta, apendeu a tocar guitarra muito novo e ainda teenager formou o grupo de Gospel – Gold West Gospel Singers – antes de ter o seu baptismo de estúdio, através da Heritage Records de Oakland, e de se dedicar a fundo ao piano e ao órgão, que o levariam a acompanhar estrelas como Paul Anka ou Frankie Avalon.

    Em 55, iniciou uma consistente carreira discográfica de quase duas décadas, tendo gravado um Lp e cerca de dezena e meia de singles para editoras de culto como a Aladdin, a Money, a Imperial, a Irma, a Speciality, a Veltone ou a Art-Tone, entre outras.

    “The power”, gravado em 62 para a Art-Tone e escrito Jimmy McCracklin que, nesta altura, colaborava com a editora de Bob Geddins, é, na minha opinião, o seu grande disco de pista de dança.

    Um fabuloso cruzamento de Gospel, Rhythm & Blues e Soul comandado pelo orgão, com uma incisiva intro onde Fuller mostra que também possui dotes vocais acima da média, perfeito para abrir qualquer festa.

    Um sete-polegadas obrigatório que se pode assegurar pelo preço de uma efémera novidade.

     

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  • Poder Soul

    7 maio 2018 – 11 maio 2018

    Terça-feira

    The Voices of East Harlem

    Can you feel it

    Just Sunshine

    Criado em 1969 por Chuck Griffin, no âmbito da sua East Harlem Federation Youth Association, o colectivo The Voices of East Harlem distinguiu-se por introduzir letras seculares e altamente politizadas na tradição Gospel, mesmo que contaminada por evidentes influências da Soul e do Funk vigentes.

    Entre 70 e 74, dividiram palcos com nomes como Jimi Hendrix, Richie Havens, Dave Brubeck ou Blood, Sweat + Tears, em festivais em ambos os lados do Atlântico, tiveram um par de aparições televisivas, filmaram um concerto na prisão de Sing Sing com B.B. King e Joan Baez e gravaram três Lps e vários singles, para a Elektra e a Just Sunshine, produzidos por talentos como David Rubinson, Donny Hathaway, Curtis Mayfield ou Leroy Hutson.

    “Can you feel it” é, neste momento, o meu favorito dos vários clássicos excepcionais que nos deixaram.

    Gravada em 74, esta poderosa canção Funky Soul midtempo, produzida por Leroy Hutson, empresta o título e abre o derradeiro álbum dos Voices of East Harlem e foi editada em sete-polegadas, como o lado b de “Wanted, dead or alive”, um dos temas bandeira do Lp anterior.

    Um momento perfeito de um grupo cuja discografia completa é obrigatória em qualquer coleção que se proponha cobrir o melhor da história da música negra.

     

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  • Poder Soul

    7 maio 2018 – 11 maio 2018

    Quarta-feira

    Net Wt. 14 Karat Black

    Ain’t nothin’ but a habit

    Luna

    É pouco aquilo que se sabe acerca desta banda do Tennessee.

    Sabe-se que os Net Wt. 14 Karat Black eram um grupo de dez elementos de Knoxville, liderados por Bill Brantley, que esteve activo na viragem dos 60 para os 70 e que gravou dois sete-polegadas para a Luna Records de Nashville, marca da J.R. Entreprises, Inc., companhia do mítico Dj de rádio John Richbourg, figura incontornável na carreira de nomes como Bobby Hebb, Joe Simon, Latimore Brown, Sam Baker, Roscoe Shelton, Jackey Beavers ou Ann Sexton, entre outros.

    Gravado em 72, “Ain’t nothin’ but a habit” é, aparentemente, o seu primeiro disco e a sua grande contribuição para a cena Soul especializada.

    Esta explosiva canção Funky Soul, que retrata na perfeição o músculo típico das produções de Nashville, tem vindo a ganhar destaque nos mais progressivos clubes e assenta como uma luva numa das tendências dominantes do movimento actual.

    Um disco de raridade relativa que importa assegurar enquanto não começa a atingir valores pouco razoáveis no mercado de usados.

     

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  • Poder Soul

    7 maio 2018 – 11 maio 2018

    Quinta-feira

    Sumy

    Going insane

    Sumy

    Nascido Kenneth Sumter, em 1957 em Paramaribo, no Surinam, Sumy iniciou a sua carreira na Holanda, em 79, e mantém-se activo até aos nossos dias, embora tenha mudado o seu nome artístico para Krisnallah, em 86.

    Começou a fazer música, com instrumentos que fabricava, como um hobbie, até que resolveu comprar um Hammond, um Fender Rhodes e um sintetizador PPG, quando se convenceu que estava destinado a ser uma estrela.

    Obstinado e querendo ter total controlo sobre a sua obra, gravou, entre 79 e 83, quatro singles e um Lp, para as suas próprias marcas – Sumy e Galaxy – dois dos quais foram distribuídos pela Phillips, acabando por marcar a cena Boogie europeia, com um estilo muito original, que cruzava o seu profundo interesse pela mais moderna tecnologia e a sua inspiração em nomes como Al Green, Minnie Ripperton, James Brown ou Cameo.

    “Going insane”, o seu primeiro sete-polegadas, gravado com uma banda que baptizou como Freaky Thangs, é, na minha opinião, o seu disco mais especial.

    Uma deliciosa canção Disco Soul, temperada por ingredientes Pop, onde se destaca o uso, quase delirante, do sintetizador, ao nível dos melhores momentos de Patrick Adams, nas mais independentes produções da P&P e editoras associadas.

    Um disco que se pode assegurar em edição original sem se cometer nenhuma loucura, de um carismático artista cuja obra tem sido recuperada pela Rushhour e pela Kindred Spirits.

     

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    7 maio 2018 – 11 maio 2018

    Sexta-feira

    Johnny King + The Fatback Band

    Peace, love not war

    BC Project II

    Baterista de eleição e irrequieto empreendedor, Bill Curtis teve um papel importante na cena Soul nova-iorquina antes de, em 1970, ter fundado a Fatback Band, uma das mais sólidas e importantes bandas Funk da história, que nos deixou um imenso património nos mais de vinte Lps editados em selos como Perception, Event, Spring, Southbound ou Cotillition e assinou hits inesquecíveis como “Spanish Hustle”, “I like girls” ou “Backstrokin’”.

    Na década de 60, além de ter tocado com Pucho, abriu uma loja de discos – Home of Fatback – que usava como centro operativo de toda a sua actividade, que englobava a produção de espectáculos, o agenciamento de talento local e o ensino de música; abriu a editora Fat Back, através da qual lançou discos de nomes de culto como Ray Agee, The Puzzles ou Gerry + Paul e que evoluiu para BC Project II, selo que registou o embrião da sua futura banda: Johnny King + The Fatback Band.

    Gravado em 68, “Peace, love not war” consta dos dois únicos sete-polegadas editados por este selo de Bill Curtis, é creditado ao futuro guitarrista e, às vezes, vocalista do seu futuro super-grupo e é, na minha opinião, o seu mais genial momento.

    Esta imensa canção Soul Funk midtempo, construída sobre uma coesa secção rítmica, com uns arranjos de sopros acima da média e uma interpretação com uma intensidade desarmante é um dos maiores temas de música negra da segunda metade dos 60 e um hino que foi adoptado pelos diferentes quadrantes da cena retro.

    Extremamente rara e valiosa na sua edição original, foi reeditada, em 2003, pela BGP e alvo dos “retoques” de Kenny Dope, um ano mais tarde, através da sua Kay-Dee.

     

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