• Poder Soul

    7 agosto 2017 – 11 agosto 2017

    Segunda-feira

    Garnet Mimms

    As long as I have you

    United Artists

    Garnet Mimms nasceu na Virginia, em 1933, mas cresceu em Filadéfia.

    Começou no Gospel mas aventurou-se no Doo-Wop, tendo gravado alguns lados com os Gainors antes de formar os Enchanters, em 61, e se mudar para Nova Iorque, para deixar a sua marca nos Rhythm & Blues e na Soul.

    Entre 63 e 77, grava um apreciável número de Lps e singles, com algum sucesso, entre os quais “Cry baby”, que viria a ser imortalizado por Janis Joplin.

    Retira-se em 78 para se dedicar, em exclusivo, ao Cristianismo.

    “As long as I have you” é, na minha opinião, o seu grande momento e uma verdadeira obra-prima da Soul da década de 60.

    Esta espantosa canção dá o título ao seu primeiro álbum a solo, editado pela United Artists em 64, e, durante muito tempo, pensou-se nunca ter saído um sete-polegadas deste superior take de estúdio, embora exista um single de 67 com uma decepcionante versão ao vivo.

    Talvez por isso tenha demorado algumas décadas a ser adoptada pela cena Northern Soul, até ter sido introduzida nos clubes por Laurent Réus através de um single de edição francesa, cuja existência nunca tinha sido detectada.

    Desde desse momento transformou-se num dos mais cobiçados tesouros da cena Soul, na última década.

    Com o single a atingir valores só ao alcance dos mais abastados e ortodoxos, o Lp é bastante mais acessível e tentador para os mais pragmáticos.

     

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    7 agosto 2017 – 11 agosto 2017

    Terça-feira

    Wynd Chymes

    Baby you're the one

    Shakin'

    Formados na segunda metade da década de 70, no Mississipi, os Wynd Chymes viriam a editar dois consistentes e relativamente bem sucedidos Lps, para a RCA Victor, em 82 e 83, atingindo dimensão nacional.

    No entanto o seu momento de génio é bem mais obscuro.

    “Baby you’re the one”, o seu single de estreia, é, sem dúvida, o seu disco mais marcante.

    Gravado em 81, para o pequeno selo que o seu manager Lee King havia fundado com Joe Shamwell – Shakin’ Records – “Baby you’re the one” é um dos mais decisivos discos de Boogie da história.

    Esta canção quase perfeita, comandada por um sintetizador de baixo absolutamente espantoso, tem levado à loucura todos os clubes especializados e transformou-se numa espécie de Graal para os adeptos das mais tardia Soul dos anos 80.

    Com as escassas copias originais a trocarem de mãos à volta do meio milhar, a saudosa Lotus Land, dos irmãos Tom e Andy Noble, encarregou-se de o reeditar, em 2008, num disco que é, hoje, uma peça de coleção.

     

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    7 agosto 2017 – 11 agosto 2017

    Quarta-feira

    Rose Mitchell

    Baby please don't go

    Imperial

    É quase impossível manter uma rúbrica como o Poder Soul sem, aqui e ali, explorar as suas mais profundas origens, a suas mais precoces expressões, mesmo aquelas anteriores à sua “invenção”.

    Este é um desses exemplos incontornáveis.

    Primeiro porque estamos perante uma das mais emblemáticas canções da história da música negra norte-americana, composta em 1935 por Big Joe Williams, mas cujas origens nos levam até ao século XIX e a “Long John”, tema entoado pelos escravos que estará na sua génese, que foi registada vezes sem conta por nomes tão diversos como Muddy Waters ou os Them, de Van Morrison, passando pelos AC/DC ou pelos Aerosmith.

    E depois porque esta potente versão da misteriosa cantora de New Orleans, Rose Mitchell, editada em 53 pela Imperial, não só é uma das mais espantosas versões deste standard como, na sua mistura singular de sensibilidades Gospel e Rhythm & Blues, abre caminho à Soul.

    Clássico da cena Rhythm & Blues, é um disco extremamente raro nas suas edições originais, sejam a 78 ou a 45 rotações, e até a oportuna reedição legal de que foi alvo, através da Jukebox Jam, em 2009, se transformou num cobiçado troféu.

     

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  • Poder Soul

    7 agosto 2017 – 11 agosto 2017

    Quinta-feira

    Oceanliners

    Funky pants

    Blue Candle

    Anthony Turner, Robert Johnson e os irmãos Jerome e Ronald Smith formaram os Oceanliners em Miami, no fim da década de 60, para se tornarem a banda de concerto de Betty Wright.

    Apadrinhados por Willie Clarke, foram contratados pelo império de Henry Stone, gravaram uma mão cheia de singles para marcas como a CAT, a Blue Candle, a Drive ou a Konduko e participaram na gravação de inúmeros hits da T.K., antes de se transformarem na Sunshine Band, grupo de suporte da estrela KC.

    “Funky pants”, gravado em 72 para a Blue Candle, é o seu segundo disco e um verdadeiro hino da cena Deep Funk.

    Este explosivo instrumental, musculado e coeso como poucos, destrói qualquer pista de dança e transformou-se numa presença obrigatória nas malas dos Djs de referência do género.

    Com as cópias originais a atingirem valores ao alcance de poucos a reedição de 2005 da Tramp é de uma utilidade extrema.

     

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  • Poder Soul

    7 agosto 2017 – 11 agosto 2017

    Sexta-feira

    Purple Mundi

    Stop hurting me baby

    CAT

    O único disco do misterioso Purple Mundi teve três edições diferentes através da CAT, entre 71 e 73, e é um dos mais disputados discos Crossover gravados em Miami.

    As três diferentes prensagens de “Stop hurting me baby”, não só têm rótulos distintos, como três diferentes canções no lado oposto – “I believe”, “I can’t understand” e “Man from the sky”, assinada por Carlos Wright.

    Esta imensa canção é um doce e delicioso pedaço da melhor Soul dos 70, onde tudo roça a perfeição, desde a imaculada interpretação aos arranjos certeiros, passando pela sofisticada produção de Willie Clarke, aqui acompanhado por Betty Wright.

    Sendo mais um daqueles discos que, em qualquer uma das suas edições originais, atinge valores apenas ao alcance de uns poucos de eleitos, foi, oportunamente, reeditado pela Soul 45, em 2008, e, mais recentemente, pela Outta Sight.

     

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