• Poder Soul

    6 novembro 2017 – 10 novembro 2017

    Segunda-feira

    Blanche Thomas

    You ain't so such a much

    Imperial

    Mais um mergulho nas mais profundas origens da Soul, desta vez através da poderosa voz de Blanche Thomas.

    Nascida em 1922, em New Orleans, Blanche começou cedo a frequentar clubes nocturnos e a pisar os seus palcos, mas acabou por ter um reduzido output discográfico e por não ver o seu imenso talento ser reconhecido para além das fronteiras da sua emblemática cidade natal, apesar de nos anos 40 ter ido até ao Texas, para tocar num campo de concentração com 500 prisioneiros de guerra japoneses na audiência.

    No início da década de 50, Blanche é recrutada pelo lendário Dave Bartholomew, como vocalista da sua banda, residente no marcante clube Dew Drop Inn.

    Bartholomew que, além de ser um excepcional músico e director de orquestra, era também A&R da Imperial, editora onde já tinha lançado Fats Domino, entre outros nomes decisivos da história da música negra, resolve levá-la para estúdio e gravar esta verdadeira obra-prima.

    “You ain’t so such a much”, editado em 54, é o disco de estreia de Blanche Thomas e terá sido prensado em 78 e em 45 rotações, embora não se encontrem vestígios da existência do segundo formato.

    Uma enorme, crua e visceral canção, completamente dominada pela voz profunda e rouca de Blanche Carter, que se transformou numa peça incontornável da história da música negra de Crescent City, que tanto contribuiu para as origens da Soul.

    Foi reeditada pela Jukebox Jam, de Liam Large, em 2010.

     

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    6 novembro 2017 – 10 novembro 2017

    Terça-feira

    Ricky Caloway

    Tell me, part 1

    Jayville

    Ricky Caloway é repetente aqui no Poder Soul, onde já marcou presença através do seu segundo single, “Get it right”, que serviu de pretexto para lembrarmos a sua peculiar história.

    O guitarrista e vocalista de culto, nativo de Jacksonville, na Florida, passou a adolescência a imitar o seu ídolo – James Brown – em clubes locais, mas isso não o impediu de começar a escrever a suas próprias canções e de as procurar gravar.

    Assim, aos 17 anos de idade, acabou por se estrear em disco com um espantoso original, que é inspirado no “Godfather of Soul” e que Ricky Caloway viria a confessar ser-lhe dedicado.

    “Tell me”, editado em 1970 pelo pequeno selo local – Jayville – é um dos temas essenciais da cena Deep Funk, fundada por Keb Darge, a meio dos anos 90.

    Uma coesa e potente canção Funk, com uma energia contagiante, que não deve nada aos melhores momentos registados pelo génio que se propôs copiar e que continua a destruir qualquer pista de dança.

     

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  • Poder Soul

    6 novembro 2017 – 10 novembro 2017

    Quarta-feira

    The Minits

    Still a part of me

    Sound of Memphis

    As irmãs Mary Ann e Carolyn Watkins formaram com Mary Anderson o trio vocal de Montgomery, Alabama – The Minits – na segunda metade da década de 60.

    Depois de se mudar para Memphis, o grupo foi contratado por Dan Greer, importante compositor e produtor que assumiu a direção de A&R da subsidiária local da MGM, The Sound of Memphis, para quem gravou três singles, que não tiveram o êxito esperado e condenaram as Minits ao esquecimento.

    “Still a part of me”, editado em 1972, é o seu segundo sete-polegadas e a sua grande marca na história da mais obscura Soul.

    Esta imensa canção é uma autêntica obra-prima Crossover e, como não podia deixar de ser, transformou-se num dos hinos incontornáveis da cena Soul especializada.

    Uma raríssima pérola no seu formato original, que atinge valores que reflectem a sua obstinada procura, que, felizmente, foi reeditada pela Kent, na sequência de um exaustivo trabalho de recuperação das suas gravações no qual se desvendam alguns belos inéditos.

     

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  • Poder Soul

    6 novembro 2017 – 10 novembro 2017

    Quinta-feira

    Frazelle

    Today is the day (you've got to love somebody)

    Chocolate Cholly's

    Ken Frazelle é uma das figuras chave da editora de culto da Carolina do Norte, Chocolate Cholly’s, que, na primeira metade dos anos 80, lançou alguns dos mais decisivos discos da cena Boogie independente americana.

    Embora a sua discografia em nome próprio se resuma apenas a este sete-polegadas, Frazelle, que além de cantar e escrever canções domina as percussões, colaborou com os mais destacados projectos da Chocolate Cholly’s, como Gaston ou The Pied Piper of Funkingham, cujo colecionável Lp abre com uma versão instrumental desta extraordinária canção.

    “Today is the day”, gravado em 1982, é o disco mais raro da editora e um verdadeiro Graal das cenas Modern Soul e Deep Disco.

    Menos Boogie do que a grande maioria do restante catálogo da Chocolate Cholly’s, este monstro, comandado pela flauta e rico na percussão, mantém, ainda assim, uma forte herança Funk que tem resultados explosivos numa pista de dança.

    Com as cópias originais a atingirem os quatro algarismos no mercado de usados, a reedição de que foi alvo este ano, através da imprescindível Athens of the North, foi de uma oportunidade extrema.

     

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    6 novembro 2017 – 10 novembro 2017

    Sexta-feira

    The Pharaohs

    Freedom road

    Scarab

    A curta história dos decisivos Pharaohs começa em 1962 com os Jazzmen, banda que Louis Satterfield, Charles Handy e Don Myrick formaram num Liceu de Chicago e que tinha Maurice White na bateria.

    Os Jazzmen eram presença assídua num dos mais importantes centros de cultura afro-americana da cidade – o Affro Arts Theater – e acabaram por se fundir com outro grupo que ajudava a dinamizar o espaço, o Artistic Heritage Ensemble.

    Assim nasceram os Pharaohs que, com a sua singular síntese de Jazz futurista, de Soul, de Funk e de uma pronunciada espiritualidade afro-centrica, se viriam a tornar numa das mais marcantes bandas da mais ambiciosa música negra norte-americana da viragem dos 60 para os 70.

    Entretanto, Maurice White que tinha abandonado os Jazzmen para se tornar numa figura chave das sessões da Chess e do trio de Ramsey Lewis, assina um contrato com a Warner Bros., forma os Earth, Wind and Fire e acaba por recrutar o núcleo duro dos Pharoahs para integrarem a sua emblemática secção de sopros, The Phenix Horns, provocando a prematura morte desta banda de culto, em 73.

    Editado pela Scarab, “Freedom road” é o lado b do último dos seus dois singles e a sua versão integral faz parte do seu único Lp, a obra-prima de 71, “The wakening”.

    É também a sua grande contribuição para as pistas de dança, ou não fosse a sua mistura explosiva mistura de Jazz, Funk e Soul, com um toque latino, completamente irresistível.

    A meio dos anos 90, a Love n’ Haight encarregou-se de fazer justiça aos Pharoahs e, além de ter reeditado o seu histórico Lp, reuniu uma série de sessões inéditas em “In the basement”, um álbum indispensável que realça a relevância desta banda de Chicago.

     

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