• Poder Soul

    5 novembro 2018 – 9 novembro 2018

    Segunda-feira

    Prince Geno + The Tailormades

    Brand new man with the master plan Pt. 1

    Alladin

    Bill Hancock foi um cantor, baixista e guitarrista de Washington D.C., que teve uma longa carreira, associada, principalmente, ao Rockabilly, mas, mesmo assim, esteve na génese deste enorme disco Soul.

    Melómano, apaixonado pela história dos Rhythm & Blues, Hancock resolveu criar a sua própria editora, no princípio da década de 70, e, ao perceber que o riquíssimo catálogo do histórico selo fundado nos anos 40 em Los Angeles – Alladin Records – tinha sido vendido a uma major, sem interesse em explorar a marca, conseguiu negociar a sua reactivação, dando-lhe uma curta segunda vida, a partir da capital americana, e produzindo Rock’n’Roll, Rhythm & Blues e um sete-polegadas Soul.

    Prince Geno era um cantor amador que trabalhava numa alfaiataria local, razão pela qual a sua banda suporte se chamava The Tailormades e assinou este marcante disco, em 1974, não havendo qualquer registo de outra gravação sua.

    “Brand new man with the master plan” é uma enorme canção, com uma forte consciência social, claramente inspirada no trabalho de Curtis Mayfield, que está ao nível dos maiores clássicos do génio de Chicago.

    Introduzida nos clubes especializados na última década, foi imediatamente adoptada pelos Djs chave da cena Soul e transformou-se num cobiçado troféu, cuja raridade e valor aumentam de dia para dia.

     

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    5 novembro 2018 – 9 novembro 2018

    Terça-feira

    Wayne McGhie

    Love is the answer

    Tuesday

    Nascido em Montego Bay, na Jamaica, em 1946, mas tendo feito quase toda a sua carreira em Toronto, Wayne McGhie foi mais um enorme talento que não teve a vida que merecia, a exemplo de muitos outros que aqui trago.

    Começou a cantar e a tocar guitarra muito cedo e na primeira metade da década de 60 dava nas vistas nos vários concursos de talento locais, acabando por chamar a atenção do estabelecido trompetista Jo-Jo Bennett que, depois de emigrar para o Canadá, o recrutou, em 67, provocando a sua mudança para Toronto que, nessa altura, abrigava lendas da música jamaicana como Jackie Mitoo ou Alton Ellis.

    Num curto espaço de tempo Wayne McGhie afirmou-se na esfusiante cena Rhythm & Blues e Soul local, tornou-se numa presença regular dos clubes nocturnos locais, ao lado de nomes como Frank Motley, King Herbert, Jackie Shane, Mighty Pope ou os Hitchikers, formou os Sound of Joy e, em 69, foi para estúdio gravar um Lp.

    Apesar da sua extrema qualidade o disco acabou por não vingar, primeiro porque a Birchmount pouco fez pela sua promoção e, depois, porque a grande maioria das cópias prensadas ardeu num incêndio do armazém do seu distribuidor, pondo fim à aventura dos Sound of Joy.

    Wayne não desistiu, continuou a fazer o circuito de clubes nocturnos de Toronto, colaborou em discos chave de grupos como os Hitchikers e formou uma nova banda – Ram – cujo destino não seria diferente da anterior, acabando por lhe provocar problemas de saúde mental que o transformaram num sem-abrigo.

    “Love is the answer”, gravado em 72 com os Ram e editado pela minúscula editora Tuesday Records, foi o seu derradeiro disco e é um dos maiores hinos que nos deixou e que estiveram na base da sua recuperação que, embora tardia, acabou por lhe fazer justiça.

    Praticamente impossível de localizar na sua edição original foi reeditada pela Tramp, no ano passado, juntamente com um inédito gravado na mesma sessão, para júbilo dos amantes da melhor e mais obscura música negra.

     

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    5 novembro 2018 – 9 novembro 2018

    Quarta-feira

    Pat Hervey

    Pain

    RCA Victor

    Nativa de Toronto, Pat Hervey foi uma das mais bem-sucedidas cantoras canadianas da década de 60.

    Começou a cantar no coro do seu Liceu, juntou-se a uma amiga guitarrista para animar Festas e Clubes Sociais e foi descoberta num espectáculo de Rock’n’Roll amador pelo DJ Al Boliska que, impressionado com o seu talento, consegui-lhe um contrato com o canal de Televisão local – CBC – iniciando assim uma carreira de sucesso.

    Depois de participar em vários programas televisivos estreou-se em disco, em 1962, através da Chateau, editora de Art Snider, o produtor do mais histórico desses programas, “Club Six”.

    Nos anos que se seguiram, Pat Hervey gravou uma dezena de singles e dois Lps, para marcas como a RCA Victor, a Red Leaf, a President ou a Radio Canada International, entre os quais vários hits Pop.

    Gravado em 65, “Pain” abre o alinhamento do seu do seu primeiro longa-duração, homónimo, editado pela RCA Victor, e é a sua grande contribuição para a cena Soul especializada.

    Esta belíssima canção midtempo, comandada por um órgão exótico e suportada por uns arranjos imaculados, mistura de forma original Pop, Country e Soul, mostra que uma voz como a de Pat Hervey pode encurtar as distâncias entre esses mundos distintos e transformou-se num verdadeiro hino em diversos quadrantes da cultura retro, da cena Popcorn belga ao movimento Mod.

     

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    5 novembro 2018 – 9 novembro 2018

    Quinta-feira

    Friday, Saturday + Sunday

    There must be something

    Dig

    Embora não consiga descobrir qualquer informação bibliográfica acerca dos Friday, Saturday + Sunday, é muita a informação que nos é dada pelos créditos do seu único sete-polegadas, um dos mais esquecidos e, simultaneamente, um dos mais maravilhosos discos a sair do império que Henry Stone construiu em Miami.

    Ainda assim há qualquer coisa estranha no facto de “There must be something” ter sido editada através de uma das subsidiárias da T.K. Productions – a Dig Records – para vir a ser distribuída pela Stax, quando um dos principais motivos pelos quais Henry Stone era procurado pelos mais talentosos artistas da Flórida era, precisamente, o alcance da sua actividade. 

    Haverá alguma ligação deste projecto a Memphis? Provavelmente não…

    Seja como for, esta autêntica obra-prima Crossover foi gravada por em 71 e escrita por Betty Wright, Willie Clarke e Clarence Reid e até poderia ser um projecto paralelo deste trio de colaboradores de ponta de Henry Stone e actores de destaque na profícua cena Soul de Miami na década de 70.

    Um disco raríssimo, disputado pelos mais obstinados colecionadores que, em 2015, foi finalmente incluído na excelente recolha que a Athens of the North fez deste imenso e crucial espólio.

     

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    5 novembro 2018 – 9 novembro 2018

    Sexta-feira

    Ruby + The Mudflaps

    Breezy

    Jupiter

    Mel Canady nasceu no Alabama, começou a cantar na Igreja, passou por alguns grupos vocais, cruzou-se com Fred Wesley na Universidade, em Nova Iorque, mas só se profissionalizou na Alemanha, onde se fixou, depois de, em 1970, ter ido para Munique cumprir os dois últimos anos do serviço militar.

    Começou a cantar em clubes nocturnos e conheceu Mike Thatcher, um teclista e compositor que estava a formar os Family Tree, um grupo composto por sete músicos e onze vocalistas, alguns dos quais membros do elenco germânico do musical “Hair”, como Donna Summer, com quem começou a trabalhar.

    Depois do fim da banda Mel Canady resolveu criar um novo projecto, inspirado na fusão do Jazz e do Rock com a Soul, praticada por nomes como os Blood, Sweat + Tears ou os Chicago, com Mike Thatcher e uma das vozes dos Family Tree – Lucy Neale – e, assim, nasceram os Ruby + The Mudflaps.

    Ralph Siegel, um empresário que tinha um selo onde editava Schlager music, o correspondente germânico do nosso pimba, interessou-se pelo projecto e, em 77, os Ruby + The Mudflaps gravam o seu único single, para a Jupiter Records, numa sessão supervisionada por Werner Schuller, o outro sócio da editora.

    “Breezy” é o lado b deste sete-polegadas e um verdadeiro monstro Modern Soul que, embora não tenha tido qualquer sucesso, nem feito nada pela carreira da banda, condenando Mel Canady a um discreto mas preenchido percurso como cantor de sessão, se transformou num cobiçado objecto de coleção.

    Esta enorme canção, capaz de incendiar qualquer pista de dança, foi reeditada pela Cree, no ano passado, e parece estar a reabilitar este obscuro projecto de Mel Canady que, entretanto, já viu dois inéditos serem recuperados, pela Cordial, e se prepara para voltar a gravar.

     

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