• Poder Soul

    5 março 2018 – 9 março 2018

    Segunda-feira

    O.V. Wright

    Into something (can’t shake loose)

    Hi

    O.V. Wright nasceu em Lenow, no Tennessee, em 1939.

    Começa cedo a cantar na Igreja e, em 56, junta-se ao grupo Gospel The Sunset Travelers, com quem grava um par de singles para a Peacock Records.

    Estreia-se, em nome próprio em 64 e até 80, o ano da sua prematura morte, assina alguns dos mais importantes discos da Soul do sul dos Estados Unidos, para editoras como a Goldwax, a Back Beat ou a Hi.

    Foram muitas as grandes canções que a sua ligação com o mítico produtor Willie Mitchell rendeu, algumas das quais sampladas por nomes fundamentais do Hip Hop como os Wu-Tang Clan, e esta é uma delas.

    “Into something (can’t shake loose)”, gravada em 77, faz parte do alinhamento do Lp com o mesmo nome e saiu em sete-polegadas, na versão mais curta que aqui vos trago.

    Esta intensa e extraordinária canção, que arranca com uma arrebatadora intro vocal e evoluiu sobre um Groove coeso e uns arranjos de primeira, leva qualquer pista ao delírio e, estranhamente, está ao alcance de qualquer amante de música negra pelo preço do tremoço.

     

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  • Poder Soul

    5 março 2018 – 9 março 2018

    Terça-feira

    The Vibrettes

    Humpty dump pt.1

    Lujon

    O break de bateria de “Humpty dump” foi samplado por tanta gente de tantos quadrantes – de J. Dilla a Aphex Twin, passando Four Tet, Fatboy Slim, Squarepusher, A Guy called Gerald, Marcus Intalex ou Luke Vibert, entre muitos outros – que soa imediatamente familiar e é, também, causa para as duas versões distintas que procuram enquadrar as misteriosas Vibrettes.

    Enquanto uns afirmam que este seria mais um grupo associado a Eddie Bo, com ligações familiares às Explosions, que teria usufruído do talento imenso do baterista James Black, senhor de um estilo muito próximo do de “Humpty dump”; outros dizem que o grupo era de Los Angeles e um dos muitos instigados por Johnny Otis, versão que parece ser mais plausível, até porque a pequena marca que as editou – Lujon Records – era da mítica cidade da Costa Oeste.

    Seja como for, “Humpty dump”, gravado em 73, é o único disco das Vibrettes que, aparentemente, se evaporaram logo a seguir.

    Esta enorme canção, produzida por Roscoe Porter, transformou-se num dos maiores hinos da cena Deep Funk, é uma peça essencial em qualquer coleção de música negra e, depois de ter sido alvo de bootleging várias vezes, foi reeditada pela BGP em 2002.

     

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    5 março 2018 – 9 março 2018

    Quarta-feira

    Cody Black

    I’m slowly molding

    King

    Embora tenha nascido em Cincinnati, em 1939, e tenha crescido ao lado da grande embaixadora da cidade – a King Records – que também viria a editar o seu maior hino, Cody Black é uma das figuras de culto da cena Soul independente de Detroit.

    Começou a frequentar o estúdio da editora de Syd Nathan aos doze anos e em 55, passa pelos Echoes antes de integrar os Victorials, com quem grava um single para a Imperial, produzido por Johnny Pate.

    Entre 61 e 62 grava os seus dois primeiros discos em nome próprio para pequenas marcas locais até que decide tentar a sua sorte em Detroit, incentivado por Mickey Stevenson e Clarence Paul, ambos colaboradores da Motown.

    Acaba por fazer toda a sua carreira na Motor City e, entre 64 e 78, grava uma série de importantes lados para editoras como a D-Town, a Wheelsville, a Gig, a Groove City, a Ram Brock, a Ston-Roc, a Capitol e a sua Renaissance.

    Composta pelo seu parceiro de escrita Grant Burton, “I’m slowly molding” também foi gravada em Detroit, mas descontentes com a prestação vocal do artista a que estava destinada e necessitados de dinheiro, resolveram ir até Cincinnati para registar a voz de Cody Black em overdub e editá-la através da King, em troca de catorze mil dollars.

    Foi assim que um dos mais emblemáticos e colecionáveis sete-polegadas da idade de ouro da cena Soul de Detroit saiu através do império discográfico de Cincinnati e pela voz de um nativo desta cidade, que emigrou à procura de um sucesso que nunca atingiu.

     

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    5 março 2018 – 9 março 2018

    Quinta-feira

    Oscar Weathers

    Just to prove I love you

    Top and Bottom

    Mesmo tendo gravado um par de singles que tiveram um relativo sucesso regional, não se sabe quase nada acerca da vida de Oscar Weathers.

    Sabe-se que é nativo de Maicon, na Georgia, que iniciou a sua carreira discográfica em 1969 e que, até ao fim da década de 70, passou por Filadélfia, onde gravou os seus mais marcantes discos para a Top and Bottom, por Miami, onde esteve ligado à Blue Candle, por Jackson, no Mississippi, onde editou através da Sirloin e por New Jersey, onde fez uma última tentativa, com um doze-polegadas para a Liquid Waves, antes de desaparecer sem deixar rasto.

    “Just to prove I love you”, gravado em 70, é um dos sete singles que resultaram da sua profícua relação com a Top and Bottom, pequena editora de Filadélfia fundada por Gilda C. Woods, manager de Brenda + The Tabulations, e a sua grande contribuição para as pistas de dança especializadas.

    Esta deliciosa canção Crossover que, embora seja mais crua do que era usual na mítica cidade americana nesta época, está ao nível da melhor Soul produzida em Filadélfia, exibe o imenso talento vocal de Oscar Weathers e contagia instantaneamente qualquer clube.

    Uma pérola que, ao contrário do que se pode supor, está à distância de uma mera dezena e meia de euros de qualquer coleção minimamente exigente.

     

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    5 março 2018 – 9 março 2018

    Sexta-feira

    Frank Motley + The Bridge Crossings

    Ya Ya

    Paragon

    Nativo de Cheraw, na Carolina do Norte, onde cedo aprendeu a tocar trompete com Dizzy Gillespie, Frank Motley fez a parte mais significativa da sua marcante carreira a partir de Toronto, no Canadá.

    Antes disso tocou com nomes como Count Basie ou Lionel Hampton e passou por Washington onde, entre 49 e 54, gravou os seus primeiros discos para a DC e formou a sua primeira banda, os Motley Crew.

    Em 54, casou-se e mudou-se para Toronto, mas manteve a sua banda e a sua ligação à DC apesar de, até ao fim da década de 60, também ter gravado para marcas como a Big Town, a Quality, a Sparton ou a Franklees e de ter sido crucial na carreira de Jackie Shane.

    Em 66 os Motley Crew deram lugar aos Hitch-Hikers que acabaram por ser substituídos pelos Bridge Crossings, em 70, a sua última banda, com quem se manteve em actividade até meio dos anos 80, altura em que problemas de saúde o obrigaram a “acalmar”.

    A sua tremenda versão Funk do clássico Rhythm & Blues de Lee Dorsey – “Ya Ya” – é cantada por Curley Bridges e abre o Lp que gravou em 72, com os Bridge Crossings, para a Paragon Records, onde se realça a sua capacidade única para tocar dois trompetes em simultâneo.

    Em 1999, a Jazzman encarregou-se de reeditar esta potente canção em sete-polegadas, fazendo justiça ao seu grande talento e tornando-a acessível a todos aquele, que como eu, não têm os meios necessários para assegurar o raríssimo Lp.

     

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