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Poder Soul
5 – 9 de Setembro
Jimmy “Bo” Horne
Hey there Jim
Dig (1970)
Nascido em West Palm Beach, na Florida, em 1949, Jimmy “Bo” Horne iniciou, dezoito anos mais tarde, uma relação com o império de Henry Stone, que lhe valeu vários êxitos, entre o fim das décadas de 60 e 70.
Alguns dos seus discos, como “Spank”, “Dance across the dancefloor” ou “Is it in”, foram verdadeiros hits, decisivos na história do Disco, e a sua matéria-prima alimentou os samplers de gente como os Jungle Brothers, Stereo MC’s, Da Lench Mob ou Slick Rick, só para citar alguns.
No entanto, os seus melhores discos são os dois primeiros singles, talvez os menos conhecidos, mais raros e colecionáveis da sua discografia.
“I can’t speak”, a sua estreia para a Dade, é uma autêntica delicia crossover, cobiçada pela comunidade Soul e o seu sucessor, este “Hey there Jim”, é uma das mais brutais e contundentes canções Funk de que há memória.
Escrita pelos inevitáveis Clarence Reid e Willie Clarke e editada em 70, por mais uma das muitas marcas de Stone, a Dig, esta explosiva e musculada canção arrasa com qualquer pista de dança, tendo-se transformado numa arma obrigatória para os mais ambiciosos Djs de Deep Funk.
Jimmy “Bo” Horne continua no activo, embora dedique a maior parte do seu tempo a dirigir a sua empresa de produção de eventos, a Joy Productions Inc.
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Poder Soul
5 – 9 de Setembro
Charlene + The Soul Serenaders
Can you win
Paradox (1970)
Os Soul Serenaders eram um grupo de teenagers, alunos do liceu Burrell Slater, em Florence no Alabama, que, apesar da sua tenra idade, tiveram um considerável êxito local, entre o fim dos 60 e o início dos 70.
Foram várias as tours que estes jovens fizeram, chegando a tocar fora do seu estado, em cidades como Nashville e Atlanta, e deslocando-se num Greyhound, algo reservado a bandas de estatuto.
Em 69 viram o seu talento reconhecido e, de repente, estavam no mítico estúdio Fame, em Muscle Shoals, para gravarem o seu único disco, na companhia da vocalista de 14 anos, Charlene Southern.
“Can you win” é o lado b do disco de 1970, editado inicialmente pelo selo local Paradox mas que acabou por chegar ao mercado através da Volt, editora associada da Stax, um dos baluartes de Memphis e da história da música negra.
Charlene engravidou e abandonou a sua curta carreira musical. Os Soul Serenaders acabaram o liceu e seguiram diferentes destinos, acabando com a banda. E, como não podia deixar de ser, este hino Funky Soul, que acabou por não ter o sucesso previsto pela Volt, foi adoptado pelo movimento Northern Soul, transformando-se numa desejadíssima peça de coleção.
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Poder Soul
5 – 9 de Setembro
The Stratoliners
What do you want with my love
Federal (1971)
Apesar dos Stratoliners terem editado o seu único disco numa subsidiária da seminal King – a Federal – nada se sabe sobre este grupo vocal.
Editado em 71, “What do you want with my love” é um dos mais perfeitos exemplos de que as harmonias de grupo, típicas da Soul desta época, e o apelo à dança são perfeitamente conciliáveis.
A prova é que esta espantosa e contagiante canção acabou por se transformar num clássico incontornável da cena Northern Soul, alimentando pistas de dança, desde os dias do Wigan Casino aos mais progressistas clubes europeus da actualidade, sendo uma das canções chave da sobrevivência do movimento, assegurada em Stafford, na década de 80.
Uma canção para os mais militantes e um disco altamente colecionável, com um valor que reflecte a sua raridade, sem ser proibitivo.
A Kent juntou-a a “I’m shakin” de Little Willie John numa reedição obrigatória.
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Poder Soul
5 – 9 de Setembro
Curtis
How can I tell her
Charm City (1979)
Curtis Anderson é uma das maiores lendas da rádio de Baltimore.
Contratado pela WEBB, de James Brown, na década de 60, com apenas dezasseis anos, o que só foi possível com a autorização da mãe, Curtis Anderson transformou-se numa das principais referências das ondas hertzianas desta cidade do estado de Washington.
Na viragem dos 70 para os 80, numa altura em que assumia a direção de programas da sua estação de rádio, resolve tentar iniciar uma carreira artística, editando alguns singles para a Charm City, a Tempre e a Brown Bag, todos assinados apenas com o seu nome próprio.
“How can I tell her”, gravado em 79 para a Charm City, é o seu disco de referência. Uma irresistível canção que tem acumulado adeptos quer na cena Soul, quer na cena Deep Disco.
Saiu em três formatos diferentes – um doze e dois sete polegadas com e sem os inconfundíveis efeitos Disco – que variam em raridade e consequentemente em valor.
A versão que aqui apresento, o single com esses deliciosos efeitos, que para muitos são demasiado cliché, é, na minha opinião a mais especial das três. É também a mais acessível.
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Poder Soul
5 – 9 de Setembro
The 5 Royales
Catch that teardrop
Home of the Blues (1962)
Com uma extensa carreira de mais de trinta anos, os 5 Royales, grupo liderado pelo mítico guitarrista Lowman (ou El) Pauling, transformaram a sua singular combinação de Rhythm & Blues e Doo Wop em Soul, abrindo caminho aos grupos vocais que viriam a marcar a música negra dos 60 e dos 70, como os Temptations, por exemplo.
A sua carreira discográfica inicia-se em 52, através da Apollo e consolida-se, ainda na década de 50, na King, antes da banda do Carolina do Norte iniciar uma curta mas marcante relação com a pioneira editora de Memphis, Home of the Blues.
“Catch that teardrop”, gravado em 62, é fruto dessa tão especial ligação.
Produzida e gravada por um grupo de músicos liderado por Willie Mitchell, antes de se aventurar na Hi Records, esta espantosa canção, que concentra o melhor dos Rhythm & Blues, do Doo Wop e da Soul, é uma verdadeira obra-prima.
Com os seus discos gravados para a Apollo e para a King, os 5 Royales transformaram-se numa banda de culto para os adeptos dos Rhythm & Blues. Com “Catch that teardrop”, que foi licenciado pela Abc-Paramount, e os restantes lados da Home of the Blues, acabaram alvo da loucura do fanatismo Northern Soul.