• Poder Soul

    4 junho 2018 – 8 junho 2018

    Segunda-feira

    Kay Robinson

    The Lord will make a way somehow (Part 1)

    King

    Oriunda de Cincinnati, Kay Robinson é uma cantora Gospel que, antes de se cruzar com James Brown em 1970, tinha apenas gravado um Lp, em 56, para a pequena editora local ARC Records.

    A sua relação com o Padrinho da Soul, que nesta altura era também A&R do império discográfico de Sid Nathan, sediado nesta cidade do Ohio, rendeu, num curto espaço de dois anos, os seus mais marcantes discos – um Lp e dois singles para a King e um sete-polegadas para a Federal.

    Inexplicavelmente, “The Lord will make a way somehow” é o único dos singles que não foi incluído em “We need time”, embora tudo indique que terá sido registado durante a mesma sessão de gravação deste longa-duração, que reuniu os mais históricos colaboradores de James Brown, como os irmãos Catfish e Bootsy Collins, até porque é a grande obra-prima de Kay Robinson.

    Um extraordinário cruzamento entre Gospel e Funk, que arranca com uma espantosa intro que confere um cariz político à fé que se prepara para professar, até ser tomado pelo Groove explosivo e coeso que só James Brown e afiliados conseguiram levar à perfeição.

    Raro no seu formato original, teve uma reedição pirata, em 2006, na companhia de “I can remember” de Wendy Lynn.

     

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  • Poder Soul

    4 junho 2018 – 8 junho 2018

    Terça-feira

    Vernon Garrett

    You blew my mind

    Kapp

    Vernon Garrett nasceu em 1933 no Arkansas, mas foi criado em Omaha, no Nebraska, onde começou a cantar, primeiro em coros de Igreja e depois com o grupo Gospel Faithful Wonders.

    Ainda teenager foi descoberto por Claude Jeter e juntou-se aos Swan Silvertones, um dos mais bem-sucedidos grupos Gospel daquela altura, com quem tocou em locais como Kansas City, St. Louis e Chicago, mas acabou por voltar a Omaha, um ano e meio depois, para se dedicar à sua paixão pelo Baseball, algo que a Marinha veio a terminar.

    Impedido de ter a carreira desportiva que tinha sonhado, resolve dedicar-se exclusivamente à música e transforma-se num dos maiores e mais injustiçados talentos da história da Soul.

    No princípio dos anos 60, depois de se ter mudado para Los Angeles, inicia uma sólida carreira discográfica de mais de quatro décadas, que rendeu meia dúzia de Lps e mais de três dezenas de singles para editoras como a Imperial, a Modern, a Kent, a Venture, a Kapp, a Watts U.S.A., a Glow Hill ou a California Gold, entre outras, onde se encontram uma mão cheia de clássicos incontornáveis da cena Soul especializada que, infelizmente, nunca lhe valeram o sucesso que merecia.

    Gravado em 70 para a Kapp, “You blew my mind” é apenas um dos grandes discos que nos deixou e é aquele que vos trago porque ainda não consegui juntar os outros que desejo á minha coleção, embora a sua obra tenha sido, recentemente, alvo de uma excelente revisão pelas mãos da Tramp.

    Uma potente, musculada e contagiante canção que nunca falha quando lançada numa pista de dança e retrata na perfeição o talento acima da média de Vernon Garrett.

     

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    4 junho 2018 – 8 junho 2018

    Quarta-feira

    Dolly Lyon

    Palm of your hand

    Apollo

    Dolly Lyon foi uma cantora de Jazz e Rhythm & Blues que esteve activa durante os anos 50, com um reduzido output discográfico.

    Na segunda metade da década, começou por emprestar a sua carismática voz à orquestra de Erskine Hawkins em dois 45 rotações para a Decca, que chamaram a atenção de Charles Merenstein que, aparentemente, promoveu os seus três singles em nome próprio, editados pela Apollo, pela Buzz e pela Doe e um histórico encontro com o grupo Doo-Wop nova-iorquino – The Cellos – que, inexplicavelmente, esteve guardado numa prateleira até 92.

    Apesar do seu evidente talento, Dolly Lyon abandonou a sua carreira, sem que tenha conhecido qualquer êxito, embora tenha sido apontada como uma promessa a ter em conta, e desapareceu sem deixar rasto.

    “Palm of your hand”, gravado em 57 pela Apollo acabou por lhe garantir um lugar na história da melhor música negra.

    Esta imensa canção dos mais Jazzy Rhythm & Blues, onde a Soul já se insinua, é o perfeito testemunho das enormes qualidades vocais de Dolly Lyon e transformou-se num cobiçado sete-polegadas em vários quadrantes da cultura retro.

    Com as escassas cópias originais disponíveis a serem disputadas pelos mais abastados Djs e colecionadores das cenas Popcorn, Mod e Northern Soul, a reedição de que foi alvo, em 2011, através da Jazzman veio dar-lhe, finalmente, o alcance que merece.

     

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  • Poder Soul

    4 junho 2018 – 8 junho 2018

    Quinta-feira

    Vamp

    Free and easy

    Mar-Vel’

    É praticamente nula a informação disponível acerca desta banda que o rótulo deste disco apelida “the most incredible all star group from Chicago”.

    Na verdade ninguém sabe quem são as estrelas que fazem parte da formação dos Vamp, quem é Vivian Osborne e as Passion, creditadas como as vozes desta canção, e sobre o seu produtor – Harry Glenn – pelo apelido e porque colaborou em vários outros lançamentos da Mar-Vel’ Records e da sua associada Glenn, poderá deduzir-se que será o mentor destas editoras independentes de Hammond, no Indiana.

    Aparentemente, “Free and easy” é o segundo e derradeiro single dos Vamp e, não sendo o mais raro, é, na minha opinião o mais especial.

    Uma crua e saborosa canção Crossover, com uns belos arranjos e um registo low-fi que lhe confere um charme extra, que merece outra atenção por parte dos Djs especializados.

    Como ainda não lhe foi feita justiça, pode ser assegurada por uma bagatela, algo pouco comum em música deste calibre.

     

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  • Poder Soul

    4 junho 2018 – 8 junho 2018

    Sexta-feira

    The Modulations

    I can’t fight your love

    Buddah

    Nick Allen Jr., Larry Duncan, Henry Channelle e Hoyal Saunders formaram os Modulations em Durham, na Carolina do Norte, no princípio dos anos 70.

    Depois de gravarem um single para a pequena editora nova-iorquina – Mozel – assinaram um contrato com a Buddah, que os levou a trabalhar com o núcleo duro dos MFSB, a mítica banda residente da Philadelphia International Records, e que, entre 73 e 75, rendeu um Lp e alguns singles, que tiveram um sucesso assinalável mas que, ainda assim, não evitaram que a banda chegasse ao fim, com o material para aquele que seria o seu segundo longa-duração gravado, sem que viesse a ser editado.

    “I can’t fight your love”, que foi editado em sete-polegadas em 74 e incluído no alinhamento de “It’s rough out there”, um ano mais tarde, é, para mim, o seu maior hino.

    Com uns arranjos soberbos de Vince Montana, que os viria a adoptar, sem o mesmo resultado, em “Dance a little bit closer” de Charo com a Salsoul Orchestra, “I can’t fight your love” é autêntica perfeição Disco e leva ao delírio qualquer pista de dança.

    Sendo um disco extremamente acessível e fácil de assegurar em qualquer uma das várias edições locais de que foi alvo, é quase criminoso que não conste de qualquer coleção de música negra que se preze.

     

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